Amigo
de fé, Temer renova blindagem de Moreira Franco
POR
BERNARDO MELLO FRANCO
|
Adriano Machado |
Reuters
|
Michel Temer é amigo de fé e
irmão camarada.
Que o diga o ministro Moreira Franco, seu bom companheiro desde
a década de 90.
No início do ano passado, a
Lava-Jato se aproximou perigosamente do ex-governador do Rio.
Ele havia sido
citado 34 vezes na delação da Odebrecht, acusado de tomar dinheiro em
licitações de aeroportos.
Nas planilhas da empreiteira, era identificado com o
codinome Angorá.
Na semana em que o Supremo
homologou a delação, o presidente recriou um ministério só para o amigo.
Moreira assumiu a Secretaria-Geral da Presidência, que o presidente havia
eliminado ao tomar posse.
Com o novo cargo, garantiu a blindagem do foro
privilegiado.
A oposição recorreu ao
Supremo para anular a manobra, que exigiu até uma edição extra do “Diário
Oficial”.
Não funcionou.
O ministro Celso de Mello negou a ação e autorizou a
posse.
Quatro meses depois, o
presidente voltaria a socorrer o amigo.
Como o Congresso não aprovou a medida
provisória no prazo legal, ele ficou prestes a perder o foro privilegiado.
Temer sacou a caneta e salvou Moreira.
Editou uma nova MP para renovar a
antiga.
O caso foi mais escancarado
do que a manobra para blindar Lula no fim do governo Dilma.
Temer não se
limitou a assinar um ato público com fins privados.
Também ignorou o artigo 62 da
Constituição, que proíbe o governo de editar duas MPs com o mesmo teor.
O tempo passou e Moreira
ficou.
Denunciado no quadrilhão do
PMDB, ele voltou a ver o pescoço na mira da guilhotina.
No mês passado, a
procuradora Raquel Dodge enviou um novo parecer ao Supremo pedindo a anulação
da MP.
No fim de semana, a prisão
de Lula lembrou o que acontece a políticos sem foro privilegiado.
O Angorá é gato escaldado e
voltou a ronronar na porta do chefe.
Os dois encontraram uma
solução engenhosa: transferir o ministro para outra pasta.
Moreira assume hoje o
Ministério de Minas e Energia.
Vista de longe, a troca pode
parecer um rebaixamento.
Está longe disso.
O ex-governador vai mudar de
cargo para continuar blindado.
Pela terceira vez, Temer
salvará o aliado do alcance de um juiz de primeira instância.
O presidente é um amigo
certo nas horas incertas.
post: Marcelo Ferla
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