PMs
deram 40 tiros de fuzil em confronto que acabou com bebê morto no Alemão.
Policial disse, em
depoimento, que traficantes dispararam 'de forma imprudente'.
POR RAFAEL SOARES
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Avó da criança de
dois anos morta no Alemão abraça carrinho de bebê - Reprodução
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RIO - Os sete policiais da
UPP Fazendinha que participaram do confronto que terminou com a morte do bebê
Benjamin Moraes, de 1 ano e 7 meses, no Complexo do Alemão, fizeram 40 disparos
de fuzil na ocasião.
Um dos agentes ainda atirou duas vezes com uma pistola.
A
quantidade de tiros que cada um dos PMs deu naquela noite foi especificada pelo
próprios agentes ao registrarem a ocorrência.
O GLOBO teve acesso ao depoimento
que um dos PMs, o cabo Carlos Miranda Rangel, prestou à Polícia Civil.
No
relato, o policial afirma que traficantes dispararam “de forma imprudente” na
ocasião.
De acordo com Rangel, o
tiroteio do último dia 16 aconteceu após uma perseguição a criminosos que
tentavam sair da favela com armas e drogas dentro de um Jeep Renegade roubado.
Segundo o policial, após os agentes começaram a perseguição, os traficantes,
que circulavam pela Avenida Itaóca, tentaram entrar com o Jeep na Rua Nova
Brasília, mas não conseguiram por conta dos sinais de trânsito e barracas de
feirantes ao longo da via.
Então, ainda segundo Rangel, quatro criminosos
desembarcaram com fuzis do carro:
“os traficantes fugiram pela Rua Nova
Brasília, efetuando disparos em rajada contra os policiais, de modo totalmente
imprudente, posto que havia diversos moradores transitando pelo local”, afirmou
o policial em depoimento.
De acordo com Rangel, os PMs “responderam a injusta
agressão”.
O policial que fez mais
disparos foi o cabo Diego Aguiar de Oliveira, que atirou dez vezes com o fuzil
FAL 20528.
As armas de todos os policiais que participaram do confronto foram
apreendidas.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios (DH).
Além do bebê, mais dois moradores da região foram mortos no tiroteio: José
Roberto da Silva, de 58 anos, e Maria Lúcia da Costa, também de 58 anos.
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Benjamin de dois anos
foi morto com tiro na cabeça no Complexo do Alemão - Reprodução
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Um dos criminosos, Daniel
Elias Amaral de Carvalho, também foi atingido no tiroteio e capturado em
seguida.
Com ele, os policiais apreenderam um fuzil, um colete balístico e
munição.
Seus três comparsas conseguiram fugir.
No Jeep, roubado na manhã do
dia 16, os agentes encontraram maconha, crack, munição de vários calibres e uma
touca ninja.
O bebê Benjamin foi morto
enquanto sua mãe comprava algodão doce para o menino.
Paloma Maria Novaes, de
29 anos, também foi baleada e se desesperou quando viu o filho atingido.
Fábio
Antonio da Silva, de 38 anos, criticou a atuação da polícia.
— Confronto não resolve a
situação do nosso país.
Essa violência não tem mais controle e a sociedade está
cansada de ver trabalhadores e crianças morrendo.
A gente pergunta aos
governantes:
“Até quando a violência dentro da favela vai ser respondida dessa
forma”?
Aline da Costa, de 30 anos,
filha de Maria Lúcia da Costa, outra das vítimas, também afirma que os
policiais foram imprudentes durante a ação.
— É irresponsável colocar
tantas pessoas em risco para tentar pegar bandidos que conseguiram fugir.
post: Marcelo Ferla
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