Vendedores
ambulantes de Barcelona criam sua própria marca de produtos.
Ambulantes da cidade
espanhola criam uma série de camisetas, bolsas e tênis com seu próprio nome.
ALFONSO L. CONGOSTRINA
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Lamine Bethily mostra
alguns produtos com a marca Top Manta MASSIMILIANO MINOCRI EL PAÍS
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Na Espanha, é fácil
encontrar vendedores ilegais que oferecem seus produtos em cima de mantas no
chão.
Eles ficam com um olho na mercadoria, imitação ou diretamente roubada, e
outro no horizonte, se a polícia chegar.
Há décadas começaram a ser chamados,
de forma bastante sarcástica, Top Manta (que vem de manteros, referência à
manta que estendem sob os produtos): hoje, centenas deles formaram um grupo que
chamam de Sindicato Popular de Vendedores Ambulantes de Barcelona (Sindicato
Mantero, para simplificar).
Esta manhã, o coletivo apresentou a marca com que
os próprios vendedores vão comercializar seus produtos: camisetas, tênis, capas
para celulares, bolsas...
Tudo sob a marca com que o sistema costumava usar
para rir deles: Top Manta.
O Sindicato Mantero fez uma
parceria com o coletivo de artistas brasileiros Opavivará, que já realizou
diversas ações de apoio à venda ambulante ilegal na zona costeira do Rio de Janeiro
e pretende fazer o mesmo em Barcelona defendendo o trabalho dos ambulantes.
Opavivará começou uma campanha para reivindicar uma visão positiva dos
vendedores ambulantes distribuindo cartões-postais onde eles aparecem.
O logotipo da marca é uma
espécie de manta, semelhante a que os vendedores ilegais usam, com uma corda em
cada uma das pontas para puxar e sair correndo.
Faye está usando o primeiro
protótipo de camiseta que eles querem vender.
“Estamos fazendo testes de
qualidade com o algodão, mas estamos contentes”, diz o porta-voz.
“Desde que
criamos o sindicato, em 2015, avançamos muito, mas ainda há muito a fazer e
continuamos sendo vítimas da pressão policial que impede as vendas.
Sem venda
não podemos sobreviver”, diz Faye.
Eles ainda precisam
encontrar fornecedor para as camisetas.
Com os tênis não é tão complicado, são
exatamente os mesmos que eles vendem atualmente nos cobertores com os logotipos
da Nike ou Adidas.
Até agora, os ambulantes compravam os tênis sem qualquer
marca e, depois, colocavam os logotipos das marcas.
Agora, vão colocar sua
própria marca: Top Manta.
Algo semelhante acontece com as capas de celulares ou
as bolsas.
“No futuro, também gostaríamos de editar histórias infantis”, afirma
Aziz.
Agora eles procuram financiamento para a nova marca.
“Já temos quase
todos os fornecedores.
Estamos conversando com possíveis financiadores.
O
importante é que os ambulantes começam a vender os produtos Top Manta e deixem
as camisetas e tênis de agora”, acrescentou Faye.
A intenção do sindicato é que
não possam ser acusados de crime contra a propriedade comercial ou de vender
produtos falsificados.
O calendário não está definido, mas querem instalar seus
produtos nos mercados e começar a chegar aos cobertores de mais de 200
companheiros que vendem na cidade em questão de semanas.
Junto com Faye, os outros
porta-vozes do sindicato Pape Diop, Lamine Sarr e Lamine Bethily eram modelos
improvisados da nova marca de roupa.
“Gostaria que na parte de trás da camiseta
estivesse escrito nosso lema: Sobreviver não é crime”, diz Faye.
post: Marcelo Ferla
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