A
experiência de Pitty e a desromantização da maternidade: 'Não é fácil, é foda'.
A cantora retorna aos
palcos após um período dedicado a pequena Madalena: "Parece primeiro dia
de aula."
By Ana Beatriz Rosa
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Pitty fala sobre
dificuldade do período pós-parto.
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Em agosto de 2016, nascia
Madalena, a 1ª filha de Pitty Leone com o baterista Daniel Weksler.
Desde então, a cantora se
distanciou dos palcos e se dedicou totalmente à amamentação e ao acompanhamento
do crescimento da filha, atualmente com 9 meses.
Mas a baiana justificou o
seu "silêncio" com uma palavra: puerpério.
Popular por suas opiniões em
defesa da igualdade de gênero, quando se trata de maternidade Pitty também não
escondeu o jogo: "Ninguém fala sobre o quão o pós-parto é difícil".
Em entrevista à coluna de Monica Bergamo, publicada no último domingo (4), no jornal Folha de S. Paulo,
Pitty falou sobre a importância de ter trocado experiências com outras mulheres
para compreender o que se transformaria a partir do nascimento da filha.
"A maternidade é tão
idealizada, tão associada a um negócio divino, sagrado, como se a mulher
virasse meio santa quando está grávida, que eu acho que as pessoas esquecem que
tem uma pessoa real ali passando por isso.
O puerpério é uma coisa sobre a qual
ninguém fala.
Não é fácil, é foda.
Você está sem dormir, seu corpo está diferente,
num tsunami hormonal.
Ao mesmo tempo você está fascinada e apaixonada por
aquela pessoa ali com você."
Sobre a amamentação, a
cantora disse que se tornou "irreconhecível":
"O dia que o leite
desce é o mais louco.
Eu não me reconhecia, olhava no espelho e não sabia quem
era aquela pessoa.
É uma abnegação enorme.
E passei por isso com estrutura,
sendo bem cuidada, com meu marido ao lado.
Imagina as pessoas que não têm
estrutura?
A gente precisa pensar em dar um suporte melhor para essas mulheres."
Ela ainda defendeu o direito
de escolha de outras mulheres que optaram por não serem mães. Para ela, há uma
enorme cobrança seja qual for a escolha que a mulher faça.
"A vida não se resume a
isso [maternidade], tem gente que não quer.
Faço questão de falar isso porque
sei como é estar no lugar de ser cobrada.
Não acho justo botar essa carga em
cima das mulheres.
Nós mulheres somos sempre cobradas.
Seja por uma coisa ou
por outra.
Ah, não teve filho!
Ah, teve filho muito tarde.
Ah, só vai ter um?
Filho único não é bom...
Cara! Dá um tempo! Deixa a gente viver!"
De acordo com a artista, ela
sempre se reconheceu como feminista, mas não utilizava o termo devido aos
estereótipos que estão em torno da palavra.
"Foi uma descoberta
quando entendi que o que eu era tinha esse nome.
Não acho justo que as mulheres
ganhem menos, que sejam penalizadas apenas por serem mulheres.
Vejo pessoas
falando cada absurdo: 'não sou feminista, sou humanista'.
Tem muito preconceito
em torno da palavra.
É importante a gente explicar que feminista nada mais é do
que a pessoa que luta por direitos iguais, por equidade de gênero [...]
Não é
muito louco que querer igualdade e justiça seja se posicionar?
Isso não deveria
ser o básico?
Por que é polêmico falar sobre direitos iguais?"
Pitty, cujo último álbum foi
lançado no ano passado, ainda não está planejando turnês, mas tem aceitado
participar de alguns shows.
A cantora vai estar em um
dos palcos do festival João Rock, em Ribeirão Preto, que acontece em 10 de
junho.
Nos ensaios, ela falou sobre
a ansiedade na volta aos palcos: "Parece primeiro dia de aula."
post: Marcelo Ferla
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