O
mochileiro cego e surdo que já visitou mais de 120 países.
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Giles passeia sozinho
por mercado de Jerusalém
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Deficiente visual e
auditivo, o britânico Tony Giles faz questão de ser um viajante independente.
E tem uma meta ambiciosa:
visitar todos os países do mundo.
Aos 39 anos, ele já riscou
124 países da lista, com direito a salto de paraquedas na Austrália e voo de
asa-delta no Rio de Janeiro.
"Viajo sozinho porque é
o maior desafio que eu posso encarar", conta Giles, que é completamente
cego e tem apenas 20% da audição, em decorrência de problemas genéticos.
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Aventuras de Giles
incluem voo de asa-delta sobre a praia de São Conrado, no Rio de Janeiro, em
2004.
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Ele explica que ser um
viajante independente traz muitas vantagens, como o senso de descoberta e
liberdade.
"Se eu viajasse
acompanhado, sobretudo por alguém que tenha visão, a pessoa estaria fazendo
todo o trabalho, estaria me guiando, e eu não conseguiria tocar e encontrar
tantas coisas como eu faço por conta própria", diz Giles.
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Aos 39 anos, Giles já
visitou 124 países.
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Além disso, é uma
oportunidade de conhecer outras pessoas.
"Viajando sozinho
consigo interagir com mais gente", acrescenta.
Com a ajuda de estranhos
Mas há muitas dificuldades
no caminho.
"É preciso ser
paciente, você se perde o tempo todo.
É muito difícil procurar algo específico
quando você não pode ver, porque obviamente você não consegue identificar",
afirma.
"Vão passar umas dez
pessoas por você até que alguém pare e pergunte: 'Você está perdido, precisa de
ajuda?'.
Aí você interage.
É como funciona", explica.
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Giles pega ônibus
para visitar o Muro das Lamentações, em Jerusalém.
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E foi assim em Israel, seu
destino mais recente.
Com o auxílio de pedestres, Giles pegou um ônibus para
visitar o Muro das Lamentações, na Cidade Velha de Jerusalém.
"Do ponto de vista
histórico e espiritual, vale a pena visitá-lo", recomenda.
"Há diversas inscrições
nele. São blocos maciços.
É tudo muito suave, as texturas, as formas do muro,
os tijolos", analisa.
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'É tudo muito suave',
diz ele sobre o Muro das Lamentações.
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Para Giles, viajar significa
usar todos os sentidos do corpo.
Em um dos mercados de Jerusalém, ele é atraído
pelo aroma dos temperos, a textura dos tecidos e a balbúrdia dos comerciantes.
"Gosto da atmosfera,
dos cheiros.
É estreito e compacto.
Parece muito autêntico", descreve.
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'Parece muito
autêntico', afirma Giles em visita a mercado.
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Como tudo começou
A paixão por viajar foi
despertada em 2000, durante um intercâmbio universitário nos Estados Unidos.
"Nova Orleans foi o
primeiro lugar que fui sozinho.
Estava sozinho em uma cidade estrangeira.
Gelei."
"Respirei fundo algumas
vezes e disse para mim mesmo: 'É isso o que você quer.
Se não quer, vá para
casa'", relembra.
Giles não só seguiu em
frente, como não parou mais.
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Paixão de Giles por
viagem começou em 2000, quando ele fez intercâmbio nos Estados Unidos.
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Nem mesmo um problema renal
detectado em 2002, que o obrigou a se submeter a um transplante de rim em 2008,
o impediu de continuar viajando.
Segundo ele, a doença o
levou a tomar outra importante decisão ainda em 2002: parar de beber, já vez
que "estava prestes a se tornar um alcoólatra".
Em meio aos problemas de
saúde e às viagens, Giles ainda encontrou tempo para se formar em História
Americana, com um mestrado em Estudos Transatlânticos.
Em 2010, lançou o livro
Seeing the World My Way ("Vendo o Mundo do Meu Jeito", em tradução
livre), no qual narra suas viagens pelo mundo.
Entre as aventuras, estão um
voo de asa-delta sobre a praia de São Conrado, no Rio de Janeiro, bungee
jumping na Nova Zelândia, escalada de montanhas geladas e salto de paraquedas
na Austrália.
"Viajar é mais do que
simplesmente ver o cenário bonito ou a paisagem com seus olhos", comenta
no livro.
post: Marcelo Ferla
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