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quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Budismo.



TRADIÇÃO E RENOVAÇÃO NA BELEZA – 縁起
Conheci o Monge Katata como professor de recitação dos sutras e de canto budista.
Tinha muita dificuldade em cantar aos 60 anos, ainda traumatizado pela frase disparada pela minha mãe aos seis anos: “Pare menino, não me acompanhe. 
Deixe eu ficar só cantando”. 
Foi em 1947, depois da II Grande Guerra, morávamos em São Paulo.
Só como budista, passei a entende-la. 
Seu único conforto naquelas condições era cantar e só, coisa que ela mais gostava de fazer desde a infância no Japão, também sofrida, soube depois.
Sim, as dificuldades são oportunidades para encontrar a Luz do Buda da 
Sabedoria e Compaixão a iluminar as causas e condições do nosso sofrimento, muitas vezes encobertas por traumas e bloqueios provindos de pessoas que amamos, e que agem inconscientemente.
Essa Luz é também para nos propiciar Encontros Inesperados. 
Em ideograma se escreve縁起.
Foi o encontro com o Katata em Kyoto. 
Era jovem – tinha menos de 30 anos - mas muito rigoroso, sistemático e respeitoso. 
Se hoje assumo a tradição do recital e do canto budista que sustenta o NAMANDABU, como a meditação do Shin-Budismo, isto se deve a ele como a expressão da tradição renovada na beleza.
Deixe-me explicar.
Ele obedecia rigorosamente a tradição pautada pelos sutras e poemas. 
Corrigia qualquer deslize vocal ou musical que eu cometesse com muita atenção, delicadeza e competência mas sem desculpas, não queria saber dos meus traumas e bloqueios.
Pudera, tradição herdada do pai, avô, bisavô e outros antepassados que mantém o Templo de Shôkakuji, perto de Kyoto. 
Nasceu no próprio templo, foi ordenado aos 15 anos. 
Formou-se pela famosa Universidade Budista de Ryukoku.
Bem, depois de dias de instrução severa e rigorosa, aprendi soltar a voz, embora o ritmo e harmonização fosse sofrível. 
Saímos para comemorar, junto com a companheira dele, a amada Tomo-chan que parecia uma cosplay.
Ele bebia bem, o que não é novidade para monge japonês. 
Ela também e se mostraram muito alegres, ao contrário das aulas que eram muito disciplinadas. Perguntei-lhes como se conheceram.
- Ah, foi num bar. Trabalhava de barman e ela era atendente.
Os herdeiros dos templos têm a obrigação da sucessão. 
Mas até o momento do pai monge entregar-lhe o bastão, eles têm que se virar, viver por conta própria e de forma independente.
Eu mal sabia que os dois estavam vindo ao Brasil. 
Aqui ficaram desde 2006, servindo em vários templos importantes como Presidente Prudente em São Paulo e Maringá no Paraná.
Só no Brasil fiquei sabendo que ele é guitarrista e ritmista, gosta de samba e bossa nova como admira o rock brasileiro.
Retorna ao Japão no próximo ano para herdar o templo fundado pelos antepassados. 
A esposa dele já está lá e retomou a carreira de ilustradora com muito sucesso. 
Já estiveram na nossa Quermesse empolgando a meninada com o seu balanço e aceitou vir a Brasília para dar aulas de canto, liturgia e etiqueta budistas do dia 16 a 21 de dezembro deste ano.
Para mim, ele é o símbolo da renovação da tradição shin-budista pela beleza e sensibilidade que transpõe barreiras de linguagem e de cultura. 
É o marco da reestruturação organizativa e comunicativa dos ensinamentos budistas.
Benvindo Katata Sensei, Brasília tem a honra e a alegria de recepciona-lo para você nunca mais esquecer essa cidade brasileira tão simbólica na longa trajetória como monge no seu templo secular.

NAMANDABU.

post: Marcelo Ferla

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