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sábado, 5 de novembro de 2016
Crise na Venezuela: veja a cronologia do agravamento da situação do país.
Crise na Venezuela: veja a
cronologia do agravamento da situação do país.
Vizinho está em
estado de emergência econômica.
Oposição faz
campanha por referendo para tirar Maduro do poder.
Marina Franco
Atualizado
em 25/05/2016 20h14
Opositores
protestam nesta quarta-feira (25) em Caracas, na Venezuela, contra decisão que
restringe protestos diante do Conselho Nacional Eleitoral e a favor do
referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro (Foto: REUTERS/Carlos
Garcia Rawlins).
Inflação, insegurança e
escassez de produtos básicos já eram o contexto da Venezuela em 2014, quando
explodiram as manifestações de estudantes e opositores do governo de Nicolás Maduro que acabaram em confrontos violentos e a morte de 42 pessoas.
Recentemente, porém, a situação
se agravou.
A inflação passou a ser a “maior do mundo”, segundo o FMI.
A
escassez de remédios levou o Parlamento a decretar “crise humanitária”.
O
racionamento de energia, as longas filas nos supermercados e o aumento da
criminalidade aumentaram o descontentamento social, os protestos e saques.
Uma série de fatores
agravou os problemas sociais e econômicos, como a alta dependência da
importação de bens, a queda do preço do petróleo – maior fonte de suas divisas
- e o controle estatal de produção e distribuição de produtos básicos.
Moradores
de El Hatillo, nas proximidades de Caracas, fazem fila em uma padaria para
comprar pão em dia de corte de energia (Foto: Foto AP/Fernando Llano).
Neste contexto, a oposição
obteve a maioria do Parlamento nas eleições legislativas de dezembro, e a
convocação de um referendo para revogar o mandato de Maduro se torna sua
principal campanha.
A oposição culpa o modelo
socialista pela atual crise.
Já o presidente a atribui à queda dos preços do
petróleo e a uma "guerra econômica" de empresários de direita para
desestabilizar seu governo.
É com esse argumento que ele declarou estado de
emergência no país.
Veja a seguir a cronologia
do agravamento da crise na Venezuela:
8 de dezembro de 2015:
vitória da oposição nas eleições legislativas
Lilian
Tintori, mulher de líder de oposição preso Leopoldo López, comemora vitória ao
lado de candidatos da oposição na eleição da Venezuela (Foto: REUTERS/Carlos
Garcia Rawlins).
Dois dias depois, o último
boletim do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) aponta que a oposição alcançou
poderosa maioria qualificada de dois terços do Congresso.
10 de dezembro: 'maior
inflação do mundo'
Dados do Fundo Monetário
Internacional (FMI) sobre as projeções mundiais "apontam que a Venezuela
teve a maior inflação do mundo em 2015, ao redor de 160%".
5 de janeiro: posse do
novo Congresso
Novo
presidente do Parlamento da Venezuela, Henry Ramos Allup, chega à Assembleia
Nacional para a cerimônia de posse dos novos legisladores (Foto: AFP PHOTO/JUAN
BARRETO).
Novo presidente é Henry Ramos Allup, que tem apoio de 109 deputados
da coalizão de oposição MUD.
11 de janeiro: anulação de
posse de deputados impugandos
Tribunal Supremo de
Justiça (TSJ) declarou nulas decisões do Legislativo devido à posse de três
deputados da opsição impugnados (afetados pela medida cautelar) pelo governo.
15 de janeiro: emergência
econômica
Maduro decreta
"estado de emergência econômica"por 60 dias para atender à grave
crise do país. O poder executivo passa a ter direito, entre outras coisas, a
tomar uma série de medidas para garantir o abastecimento de bens básicos à
população; a fixar "limites máximos de entrada e saída" de bolívares;
a determinar outras medidas "de ordem social, econômica ou política que
considere conveniente".
15 de fevereiro: campanha
contra Maduro
A aliança opositora MUD se
declara "em campanha social" para promover "a mudança de
governo" na Venezuela.
26 de janeiro: crise
humanitária
Diante da grave escassez
de medicamentos e insumos médicos, o Parlamento declara "uma crise
humanitária em saúde", o que considera "a pior crise da
história".
O texto exige que o governo garanta acesso a uma lista de
medicamentos básicos e restabeleça a publicação do boletim epidemiológico.
17 de fevereiro: novas
medidas econômicas
Maduro anuncia uma série
de medidas econômicas, entre elas o o aumento de 20% no salário mínimo (de
9.600 para 11.520 bolívares); aumento do preço da gasolina, pela primeira vez
em 20 anos; a desvalorização de 37% do bolívar reservada à importação de
alimentos e medicamentos; e um novo regime de câmbio, que passa de três a duas
taxas de câmbio.
18 de fevereiro: 180,9% de
inflação
O Banco Central divulga
que o país registrou inflação de 180,9% em 2015, uma das mais altas do mundo, e
um retrocesso em seu PIB de 5,7%.
14 de março: prorrogação
do estado de emergência
Pessoas
formam fila em frente a mercado na Venezuela (Foto: REUTERS/Marco Bello).
Maduro emite decreto para prorrogar por 60 dias da emergência econômica em vigor há dois meses. No texto,
o presidente afirma que há "uma crise estrutural do modelo rentista pela
queda abrupta dos preços do petróleo", à qual acrescenta um suposto
"boicote econômico e financeiro nacional e internacional" contra a
Venezuela.
22 de março: circulação de
jornais interrompida
O Instituto de Imprensa e
Sociedade da Venezuela (IPYS) anuncia que 17 jornais venezuelanos, sendo sete
da região de Caracas, não circularão durante a Semana Santa por falta de papel,
e que 45 jornais estão "em crise" de papel.
7 de abril: feriados às
sextas-feiras
Maduro decreta feriado nas
sextas-feiras pelo próximos dois meses como parte de um "plano
especial" para poupar energia elétrica.
Segundo o presidente, o motivo é a
severa seca provocada pelo fenômeno El Niño.
Maduro também amplia para nove
horas diárias o racionamento elétrico para shoppings e hotéis.
11 de abril: 'holocausto
da saúde'
A associação médica do
país denuncia um "holocausto da saúde" devido à escassez de
medicamentos e materiais hospitalares, e convoca manifestação porque
"pessoas estão morrendo", acrescentou.
De acordo com Douglas Leon, presidente
da Federação Médica venezuelana, os hospitais sofrem com "mais de 95% de
falta de medicamentos", enquanto "nas prateleiras das farmácias"
a escassez é de 85%.
11 de abril: lei de
anistia 'inconstitucional'
Lilian
Tintori, mulher do líder da oposição Leopoldo López, que está preso, pede
anistia no Parlamento da Venezuela momentos antes do juramento dos novos
deputados (Foto: AFP PHOTO/JUAN BARRETO.
O Tribunal Supremo de
Justiça (TSJ) declara "inconstitucional"a lei de anistia sancionada
pela Assembleia Nacional em 29 de março para libertar 75 opositores políticos
presos sob a acusação de incitar à violência nos protestos de 2014 que exigiam
a saída de Maduro do poder.
A decisão é divulgada
quatro dias após Maduro pedir à Sala Constitucional do órgão que declare a lei
ilegal, alegando que sua aprovação deixaria impunes violações dos direitos
humanos e desataria uma espiral de violência no país.
12 de abril: entrega de
assinaturas
A oposição entrega mais de
2 mil assinaturas para iniciar o trâmite para a convocação de um referendo
revogatório do mandato de Maduro.
Também
determina que as escolas do ensino fundamental e médio não funcionem às
sextas-feiras.
29 de abril: fechamento de
cervejaria por falta de moeda internacional
Fábrica
da Cerveceria Polar, maior favricante de cervejas da Venezuela (Foto: FEDERICO
PARRA / AFP).
A Cervejaria Polar,
pertencente ao maior grupo empresarial da Venezuela e principal fabricante de
cervejas, que produz cerca de 80% da cerveja consumida no país, paralisa aúltima de suas quatro unidades no país.
A empresa já havia anunciado que só
tinha "cevada maltada para produzir cerveja até 29 de abril", devido
à falta de moeda internacional para pagar seus fornecedores estrangeiros,
provocada pelo controle estatal do câmbio no país.
30 de abril: aumento do
salário mínimo
O governo anuncia o
aumento de 30% no salário mínimo - incluindo funcionalismo público, aposentados
e militares - e nas pensões.
Também sobe o bônus de alimentação, concedido a
todos os trabalhadores e que pode ser usado em farmácias e supermercados.
Na ocasião, o governo
afirma que a "guerra econômica" é a responsável pela inflação de três
dígitos (180,9% em 2015, segundo dados oficiais), escassez de dois terços dos
produtos básicos e medicamentos, e uma contração de 5,9% da economia no ano
passado.
1º de maio: novo fuso
horário
Para enfrentar a crise
energética, os venezuelanos adiantam em 30 minutos seus relógios, voltando ao
fuso horário vigente até 2007.
A mudança de fuso horário de meia hora tinha
sido uma das marcas registradas do governo do falecido presidente Hugo Chávez.
2 de maio: 1,85 milhão
contra Maduro
Oposição
venezuelana coleta assinaturas para buscar referendo contra Maduro (Foto:
REUTERS/Marco Bello).
A oposição apresenta 1,85 milhão de assinaturas ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) pedindo a convocação
de um referendo revogatório contra o presidente.
O CNE exige 195.721
assinaturas (1% do padrão eleitoral) para pedir que se inicie o processo.
14 de maio: ampliação do
decreto de emergência
Maduro amplia os alcancesdo decreto de emergência econômica em vigor desde janeiro ao decretar
"estado de exceção e de emergência econômica"por 3 meses para
"neutralizar e derrotar a agressão externa" que, segundo ele, afeta o
país.
O novo decreto é "mais completo, mais integral, de proteção do nosso
povo, de garantia de paz, de garantia de estabilidade, que nos permita (...)
recuperar a capacidade produtiva", disse.
14 de maio: intervenção em
fábricas paralisadas
Maduro ordena intervenção
nas fábricas que estiverem paralisadas e a detenção dos empresários que pararem
a produção com o objetivo de "sabotar o país", no âmbito de estado de
exceção e de emergência econômica.
20 e 21 de maio:
treinamentos militares
520 mil militares e civis
fazem exercícios de defesa em sete estados, com o objetivo de garantir a ordem
interna e a defesa do país diante de um suposto desembarque de tropas inimigas
e de ataques a instalações de distribuição do sistema elétrico.
As bebidas que não levam açúcar seguem em operação.
Roda Viva Internacional
O Roda Viva Internacional recebeu a ativista dos Direitos Humanos na Venezuela, Lilian Tintori.
Ela falou
sobre a situação de repressão política no país, a crise econômica, entre outros
assuntos.
Na bancada, recebemos
Desttodd Benson, diretor de redação da agência de notícias Reuters no Brasil;
Lourival Sant'anna, jornalista; Patrícia Campos Mello, repórter especial do
jornal Folha de S.Paulo; Felipe Corazza, subeditor de internacional do jornal
Estadão e Fernando Tibúrcio Peña, advogado especialista em Direito
Internacional dos Direitos Humanos.
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