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terça-feira, 19 de abril de 2016

Brasil desconhecido.


“Fomos levados diretamente para a Oban. 

Tiraram o César e o [Carlos Nicolau] Danielli do carro dando coronhadas, batendo. 

Eu vi que quem comandava a operação do alto da escada era o Ustra [coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra]. 

Coronel Ustra

Subi dois degraus e disse: ‘Isso que vocês estão fazendo é um absurdo’. 

Ele disse: ‘Foda-se, sua terrorista’, e bateu no meu rosto. Eu rolei no pátio. 

Aí, fui agarrada e arrastada para dentro. 

A primeira forma de torturar foi me arrancar a roupa. 

Lembro-me que ainda tentava impedir que tirassem a minha calcinha, que acabou sendo rasgada. 

Começaram com choque elétrico e dando socos na minha cara. Com tanto choque e soco, teve uma hora que eu apaguei. 

Quando recobrei a consciência, estava deitada, nua, numa cama de lona com um cara em cima de mim, esfregando o meu seio. 

Era o Mangabeira [codinome do escrivão de polícia de nome Gaeta], um torturador de lá. A impressão que eu tinha é de que estava sendo estuprada. 

Aí começaram novas torturas. Me amarraram na cadeira do dragão, nua, e me deram choque no ânus, na vagina, no umbigo, no seio, na boca, no ouvido. 

Fiquei nessa cadeira, nua, e os caras se esfregavam em mim, se masturbavam em cima de mim. A gente sentia muita sede e, quando eles davam água, estava com sal. 

Eles punham sal para você sentir mais sede ainda. 

Depois fui para o pau de arara. Eles jogavam coca-cola no nariz. 

Você ficava nua como frango no açougue, e eles espetando seu pé, suas nádegas, falando que era o soro da verdade. 

Mas com certeza a pior tortura foi ver meus filhos entrando na sala quando eu estava na cadeira do dragão. 

Eu estava nua, toda urinada por conta dos choques. 

Quando me viu, a Janaína perguntou: ‘Mãe, por que você está azul e o pai verde?’. 

O Edson disse: ‘Ah, mãe, aqui a gente fica azul, né?’. Eles também me diziam que iam matar as crianças. 

Chegaram a falar que a Janaína já estava morta dentro de um caixão.”

(Maria Amélia de Almeida Teles era professora de educação artística quando foi presa em 28 de dezembro de 1972, em São Paulo)

post: Marcelo Ferla
p.s - não consegui achar a fonte, se alguém souber comente.

Grato.

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