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terça-feira, 15 de dezembro de 2015

"O skate não precisa da Olimpíada para existir", diz Bob Burnquist.

"O skate não precisa da Olimpíada para existir", diz Bob Burnquist.
Referência do skate no Brasil, Bob visitou Porto Alegre.
Por: Paula Menezes

Foto: Júlio Cordeiro / Agencia RBS
Aos 39 anos, aposentadoria não é uma palavra que passa pela cabeça de Bob Burnquist. 

Considerado a maior referência do skate no Brasil, o carioca radicado nos Estados Unidos treina no quintal de sua casa, na Califórnia, onde construiu uma megarrampa com 24 metros de altura, equivalente a um prédio de oito andares, e 170 metros de comprimento.
Integrante do Hall da Fama do skate desde 2010, Bob começou a andar sobre as quatro rodinhas no final da década de 1980, em São Paulo. 

Descobriu seu talento na modalidade vertical e, desde então, não parou de colecionar conquistas: foi eleito sete vezes o melhor skatista do ano, tem dez títulos mundiais (dois no Vert e oito na MegaRampa) e é o maior medalhista da história do X-Games, um dos principais eventos de esportes radicais do planeta, com 30 pódios. 
O frio na barriga ainda é sentido, mesmo com toda a experiência na carreira. 

O skatista adora adrenalina, é apaixonado por surfe e pilota helicóptero. 

Em Porto Alegre para lançar uma linha autoral de tênis com a Oakley, o atleta atendeu à reportagem de ZH. 

Simpático, falou sobre a possibilidade de inclusão do skate na Olimpíada de 2020, em Tóquio, e os principais momentos da carreira.

Confira a entrevista na íntegra:

Você tem uma megarrampa no quintal de casa. O que lhe dá mais prazer ao andar nela?
Na verdade, sempre foi um sonho ter uma pista de skate em casa. Aí eu construí um bowl, que é uma rampa menor, mas não deixa de ser uma rampa grande. E aí construí looping, e pintou a oportunidade de construir a mega. Não tem como pensar isso, pegar e falar “um dia vou ter a megarrampa no quintal”. Foi uma oportunidade que pintou, e a categoria apareceu e tive a oportunidade de montar. Até hoje, andando, quando estou em casa, e vou andar na mega, é sempre um sonho. E nunca levo como se fosse algo normal. Não é normal, é uma benção que muitas pessoas gostariam de ter. Eu aproveito ao máximo, eu tento andar sempre que possível, meus amigos vão lá. Acaba que minha casa sempre fica cheia, a galera vem. O pessoal viaja para poder andar. Não é a única megarrampa, só que a minha é a melhor. Eu fico muito em cima dela, está sempre afiada.

Ainda dá frio na barriga?
Sim. É natural, é normal. A megarrampa ela é uma velocidade alta. Você pode se acostumar um pouco, mas sempre tem que prestar atenção. É uma modalidade de alto risco. Da mesma forma quando você vai pilotar, andar da paraquedas. Qualquer atividade que você tem que presta muita atenção, se você vacilar, vai para o chão. Quanto mais se anda, a curva do aprendizado é maior e o risco diminui. Antigamente, a gente competia e andava só quando chegava campeonatos, e a galera se machucava muito. Era tudo muito novo. Depois que ela foi construída em casa, você se acostuma, aprende a cair. Mas não deixa de dar medo. Até quando tem evento, para chegar no nível de competição, preciso de um mês, um mês e meio, até dois, para se acostumar com a altura, com ela.

Tem alguma manobra que você ainda não fez na megarrampa e quer fazer?
Muitas. O skate é infinito. A atividade não para. Até construir obstáculos novos, diferentes. Existem muitas coisas a fazer. E eu continuo aprendendo toda a vez que eu ando. Eu filmo manobras nova, e aí a probabilidade de acertar é grande. É só querer, e insistir bastante, que as manobras vêm.

Você tem ideia de quantas fraturas já teve?
Tenho mais fraturas do que medalhas (risos). A gente tenta ficar ativo, tenta se fortalecer, alongar, se preparar fisicamente. Mas as fraturas elas vêm, principalmente em competições. A última que eu tive foi no punho, e foi durante as competições da megarrampa. Duas semanas antes de eu competir em casa, eu tive uma lesão no joelho, não foi fratura, mas foi uma lesão no medial. Que é pior ainda, é mais chato. Aí sofri muito, competi com ele machucado. A dor e as lesões fazem parte da minha vida. De fraturas, e obviamente eu conto, são 33 fraturas desde que eu comecei. Mas eu prefiro fraturar do que lesionar ligamento. Essa do joelho me assustou mais do que a do punho. No punho, é no meu braço, e eu ando de skate com os pés. E fratura eu sei que vou voltar rápido. O ligamento não, demora mais tempo.

Você começou a andar de skate no fim da década de 1980. O que mudou de lá para cá?
Muita coisa mudou. Não só de mercado, como a evolução do próprio skate, com a qualidade das manobras. A megarrampa não existia quando eu comecei. Existia a rampa de vertical. O street começou a se desenvolver com mais técnica. Hoje em dia o street é desenvolvido, com  manobras altamente técnicas. O Luan Oliveira (skatista gaúcho) é um dos skatistas mais incríveis, independente de ser brasileiro ou não. Por ser brasileiro, a gente fica mais orgulhoso ainda. É uma referência mundial, e isso vem do apoio e do incentivo que o skate começou a ter no Brasil. Anos 1980 era uma época com falta de incentivo, com falta de compreensão da nossa atividade. O skate era proibido em São Paulo. Coisas que hoje não necessariamente aconteceriam. Há cidades que não apoiam, que não colocam uma verba, mas não proibem. Em outras, muitas pistas existem. Não tinham pistas públicas quando eu comecei a andar. Hoje se espalhou. E o Sul é muito forte. É o esporte que mais cresce no Brasil. Estamos muito bem.

Existe a possibilidade de o skate ser incluído na Olimpíada de 2020, em Tóquio. Você apoia?
Não tem diferença para gente. A Olimpíada é um evento grandioso, que une o mundo com os esportes. A gente entende isso muito bem. Só que a gente também sabe que essa necessidade é muito mais da Olimpíada do que nossa. O skate não precisa da Olimpíada para existir. É difícil até de falar o skate como esporte. É uma atividade, uma forma de expressão, meu estilo de vida. Eu não preciso ser olimpíco para ser realizado. É um crescimento? É inevitável? Pode ser. É muito precoce, mas a conversa está aí. Se fala disso antes, mas começa a se crescer agora.

O que lhe incomoda na inclusão do skate na Olimpíada?
A minha preocupação maior é que, quando envolve muito dinheiro, pode dar muita merda. Isso aconteceu no futebol. O esporte cresce, sim, e tem mais dinheiro, sim, mas começam a ter situações indesejáveis. Agora, as entidades e organizações têm que tomar cuidado com quem vai fazer parte disso. Que categoria que vai entrar? Vai ser street, vai ser bowl, vai ser vert? O skate tem essa disparidade. As pessoas falam: “o Bob é o melhor skatista do mundo”. Não. Eu ando bem em bowl, vert e megarrampa, só que eu acho o Luan Oliveira (atleta gaúcho) o melhor skatista do mundo. Mas é street. Se eu for competir com o Luan no street, nem para a final eu vou. E se eles forem competir comigo na megarrampa, nem para a final eles vão. Então, é muito difícil, porque tem muitas categorias.

Você pensa em parar?
Todo mundo morre um dia, né (risos)...

Você também surfa, pilota helicóptero. Quais são seus hobbies?
É mais para não bitolar, e ficar só em cima do skate. Eu amo andar de skate, mas 24h não dá. O corpo não aguenta. Aí, no descanso, eu preciso exercitar minha mente. Se eu ficar só no lado físico, eu não evoluo como ser humano. Então o lado de pilotar helicóptero, avião, veio disso. De eu poder aprender sobre o clima, sobre mecânica, triangulação, navegação. Tenho muito interesse sobre isso. Adoro ler. E eu comecei jiu-jitsu há um ano e meio, amo. Me apaixonei. Não consigo ficar muito sem, e tem me ajudado no alongamento e noção de cair. Eu aguento mais, me dá resistência para andar de skate. Tudo que eu faço é para evoluir em cima do meu skate.

Você começou no futebol?
Muito pouco tempo. Meu pai é americano, minha mãe é brasileira. Eu jogava no Bom Retiro, em São Paulo, a gente ia lá e jogava. Eu estudava num colégio americano, então joguei beisebol, handebol, futebol de salão, como toda a criança brasileira. O que aconteceu foi  que eu emprestei uma bola de futebol para um amigo e ele perdeu. Para mim, tanto faz. E ele falou que tinha um skate. Como tinha perdido a bola, eu podia ficar com o skate. Eu peguei o skate e levei para casa. Então foi meio que uma troca, né. Eu sou asmático, e na época que eu jogava futebol, eu ficava no gol. Eu não tinha medo, mas não conseguia correr. E eu também não gosto de ouvir o que eu tenho que fazer por outras pessoas. O técnico vinha me dar orientações, e eu faço o que eu quero. O skate, o surfe que você mencionou, é tudo muito individual. É uma coisa minha.
post: Marcelo Ferla

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