Coreia do Sul e Japão
fazem acordo sobre escravidão sexual da Segunda Guerra Mundial.
Tóquio
aceitou depositar um bilhão de ienes (8,3 milhões de dólares) em indenização às
sul-coreanas exploradas pelo exército japonês.
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Sul-coreanas que serviram como escravas sexuais para tropas japonesas concederam entrevista nesta segunda-feira
Foto: YONHAP / AFP
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A Coreia do Sul e o Japão
alcançaram nesta segunda-feira um histórico acordo sobre o drama das mulheres
submetidas à escravidão sexual pelo exército japonês durante a Segunda Guerra
Mundial. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, considerou que a decisão
inicia uma "nova era" nas relações entre os dois países.
— O Japão e a Coreia do
Sul darão boas vindas a uma nova era — disse Abe a repórteres depois de falar
por telefone com a presidente sul-coreana, Park Geun-Hye.
— Ambos os países vão
cooperar em conjunto — acrescentou.
A questão da escravidão
sexual tem envenenado as relações entres os dois vizinhos há décadas, o que contraria
igualmente Washington, que preferia ver seus aliados concentrados em uma
resposta conjunta às ambições da China na região.
O Japão aceitou depositar
um bilhão de ienes (8,3 milhões de dólares) em indenização às vítimas
sul-coreanas ainda vivas.
— O sistema das
"mulheres conforto" (...) existiu em razão do envolvimento do
exército (...), e o governo japonês é plenamente consciente de sua
responsabilidade — declarou o ministro japonês das Relações Exteriores, Fumio
Kishida, após as discussões com seu colega sul-coreano, Yun Byung-Se.
— O acordo será definitivo
e irreversível se o Japão assumir suas responsabilidades — declarou Yun
Byung-Se.
Os ministros se reuniram
nesta segunda em Seul para abordar o tema das "mulheres conforto", um
eufemismo utilizado pelos japoneses para se referir à prática do exército
imperial de explorar sexualmente as mulheres.
Desde que chegou ao poder,
em fevereiro de 2013, a presidente Park Geun-Hye adotou uma posição
intransigente ao tema. Recentemente, ela sustentou que o assunto continua sendo
"o maior obstáculo" para que ambos os países possam ter relações
amistosas.
No mês passado, Abe e a
presidente sul-coreana realizaram uma cúpula bilateral em Seul, na qual
decidiram acelerar as negociações para solucionar o assunto.
Segundo historiadores, 200
mil mulheres, principalmente coreanas, mas também chinesas, indonésias e de
outras nacionalidades, foram submetidas à escravidão sexual pelo exército
japonês. Na Coreia do Sul, restam 46 sobreviventes.
O Japão, que ocupou a
Coreia de 1910 a 1945, considerava que essa questão havia sido resolvida em
1965, em favor do acordo que restabeleceu as relações diplomáticas entre Tóquio
e Seul. Em 1993, o país emitiu uma declaração expressando "sinceras
desculpas e arrependimento" às mulheres que sofreram "uma dor imensurável,
incurável do ponto de vista físico e psicológico, pelos ferimentos depois de
terem sido usadas como "mulheres de conforto"".
Desde que ambos os países
normalizaram suas relações, em 1965, o Japão entregou cerca de 800 milhões de
dólares em subsídios ou empréstimos à sua antiga colônia.
Contudo, o montante
foi financiado por fundos privados e não pelo governo japonês.
Com isso, Seul continuou a
exigir que o Japão formulasse uma nova declaração para pedir perdão às mulheres
escravizadas nos prostíbulos do exército imperial e que indenizasse as
sobreviventes.
O acordo desta
segunda-feira prevê que Seul se esforce, em cooperação com as associações de
vítimas, a mudar de lugar uma estátua que simboliza o sofrimento das
"mulheres conforto", que está atualmente na frente da embaixada
japonesa. Tóquio considera a obra insultante.
O sul-coreano Yun também
indicou que o seu país evitará levantar a questão durante as próximas cúpulas
internacionais.
— Estou muito feliz em
anunciar, antes do final deste ano, que marca o 50º aniversário da retomada das
relações, a conclusão de negociações difíceis — disse.
Para Kishida, o acordo não
beneficiará apenas seus dois signatários, mas contribuirá de forma mais ampla
"para a paz e a estabilidade na região".
De acordo com muitos
observadores, a Casa Branca pressionou a presidente Park para aliviar sua
posição. E teria sido graças à alegada influência dos Estados Unidos que ela
concordou no início de novembro em se encontrar com Abe, na primeira cúpula
bilateral entre os dois líderes.
post: Marcelo Ferla
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