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domingo, 1 de novembro de 2015

Uma das maiores façanhas da engenharia.

Uma das maiores façanhas da engenharia.
Por Rodrigo Lopes

Acampamento na Mina San José. Foto: Alvaro Andrade
Um a um, eles foram brotando da terra, dentro de uma cápsula. 

Eu acompanhava há uns 500 metros de distância - um olho em um telão, no qual uma webcam transmitia a imagem do interior do refúgio, a 688 metros de profundidade, e outro no clarão, que emergia da escuridão do deserto. 

Quando Florencio Ávalos, o primeiro mineiro, emergiu da terra, após mais de 60 dias, foi uma emoção entre familiares, funcionários do governo, equipes de resgate e jornalistas. 

Uma lágrima caiu no meu rosto. Mas Ávalos era um só. Faltavam 32.
A cada resgate - Mário Sepúlveda foi o segundo mineiro resgatado -, a emoção se repetia. 

Ao longo de coberturas jornalísticas, me acostumei a passar noites em claro, acompanhando apuração de votos, o risco de aviões no céu em meio a bombardeios. 

Mas aquela foi uma noite diferente, feliz. Uma das madrugadas insones mais emocionantes da minha vida. 

Começara na noite anterior: ao desembarcar no aeroporto de Copiapó, no meio do deserto do Atacama, a equipe de ZH (eu e Álvaro Andrade) se dirigiu até a mina San José de carro.
No meio da escuridão, as luzes do acampamento montado pelos familiares, que fizeram vigília ao longo dos dois meses, e dos holofotes das autoridades, indicavam uma cidade feita de barracas de lona. 

Incrivelmente, havia uma estrutura montada para o grande show de tecnologia de salvamento: nas centenas de barracas de familiares e de jornalistas, havia comida – eu evitava comer, para sobrar mais para os familiares dos mineiros – e comunicação por internet e celular.
Em uma primeira caminhada pelo local, era possível perceber o cansaço de mães, pais, mulheres e filhos que se mudaram para o deserto. 

Era uma forma de pressionar o governo a não esquecer seus homens lá embaixo. Iniciada a operação de resgate, todos os olhos se voltaram para o buraco aberto entre a superfície e o refúgio. 

A subida da cápsula Fênix 2, no interior da qual um a um os mineiros eram erguidos, durava em média 12 minutos, 720 segundos acompanhados com a respiração em suspenso. Quando Ávalos saiu da cápsula, de bom humor e usando óculos especiais para evitar o impacto da iluminação no exterior, houve lágrimas, gritos e aplausos. 

Cada vida que saía das entranhas da terra era celebrada. 

Até o último dos mineiros, Luis Urzúa. 

A operação terminou em menos de 24 horas, tempo menor do que o previsto. Uma das maiores façanhas da engenharia de salvamento, que agora é lembrada no filme “Os 33″, inspirado no livro do A Escuridão, do escritor guatemalteco Héctor Tobar.

Postado por Rodrigo Lopes, às 10:35
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texto: Rodrigo Lopes, 36 anos, é editor de Zero Hora e repórter internacional do Grupo RBS. Formado em Comunicação Social pela UFRGS, é jornalista profissional, com especialização em Jornalismo Ambiental pelo International Institut for Journalism, de Berlim, e em Jornalismo Literário pela Academia Brasileira de Jornalismo Literário. 

É professor de Redação e deJornalismo Investigativo, Político e Internacional na UniRitter (Laureate International Universities).
Como enviado especial do Grupo RBS, cobriu mais de duas dezenas de fatos internacionais, entre eles a morte de João Paulo II, a eleição e renúncia de Bento XVI no Vaticano, a catástrofe do furacão Katrina, em New Orleans, os terremotos no Peru e no Haiti, a guerra entre Israel e o Hezbollah, no Líbano, as duas eleições de Barack Obama, o resgate dos mineiros no Chile, a guerra na Líbia e a retomada das relações diplomáticas entre EUA e Cuba. 

Pela cobertura da crise na Argentina, ganhou o Prêmio Rey de España de Jornalismo, em 2003. 

post: Marcelo Ferla

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