O texto não foi publicado em nenhum.
Cabe refletir por que não foi publicado se os jornais, e o meio jornalístico em geral, se arvoram em defender a propalada “liberdade de expressão”?
Talvez pelo fato de que alguns enunciados emitidos aqui sejam contrários à palavra de ordem “je suis Charlie” das grandes mídias e canais televisivos.
No entanto, não se pode confundir liberdade de expressão com a promoção de discursos de ódio racial e religioso.
É necessário combater o terrorismo criminoso, mas também é necessário refletir sobre a atuação e a ingerência dos países ocidentais no mundo árabe.
Dessa forma, compreender o ocorrido em seu conjunto é extremamente complexo.
Trata-se de uma peça de um enorme quebra-cabeça que se encontra longe de sua solução, e nesse contexto não se pode desconsiderar o imperialismo e etnocentrismo europeu.
De modo que existem muitos atores e seus respectivos interesses neste cenário (representantes de países ocidentais, de países árabes, segmentos cristãos, judeus, muçulmanos, israelenses, palestinos, minorias religiosas, grupos extremistas, etc.).
Assim, múltiplas são as perspectivas, bem como variadas são as gradações políticas internas em cada grupo, o que dificulta sobremaneira o uso de generalizações, ainda que por vezes seja difícil fugir de simplificações como, por exemplo, as noções de “Ocidente” e “Mundo Árabe”, como se as mesmas explicassem a priori à existência de uma unidade daquilo que expressam.
Fato que torna mais complexa a questão.
Ao ter seu território invadido por tropas norte-americanas, durante a Guerra do Golfo, o Iraque lançou estrategicamente mísseis contra o território de Israel, na tentativa de obter apoio por parte dos países árabes em uma guerra contra o “Ocidente”.
Se inscreve em uma lógica própria inerente a contenda gerada em torno da criação de Israel, em maio de 1948, e de seus desdobramentos.
Igualmente, não podemos desconsiderar a hostilidade com que árabes muçulmanos, pacíficos em sua grande maioria, (assim como negros e latinos) são tratados nos países europeus.
Um dos atos de retaliação do governo francês em relação ao ato terrorista foi o de proibir muçulmanos de rezar em público.
Ora o que a grande maioria dos muçulmanos tem a ver com isso? Por que essa generalização?
Isto é, seja irrestrita sem distinção de raça ou de credo religioso. Pois um, entre tantos pontos preocupantes nesse contexto, é que tais atos contribuam para o avanço de políticas reacionárias de direita - muito afinadas com o fascismo - a mesma que perseguiu Alfred Dreyfus no final do século XIX e ao que tudo indica assassinou Émile Zola.
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