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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Opinião do Blogueiro.



11/09 anos depois.
Texto publicado em 12/09/2010
Tenho 33 anos de idade como já sabem. Não sou uma pessoa de muitos amigos, já tive muitas pessoas em torno de mim, mas amigos mesmo é difícil de ter hoje em dia.
Mesmo assim, nos atuais dias, tenho poucos e bons amigos íntimos, estando dentre estes Paulo Cesar de Cesar ou PC, um dos maiores especialistas em pés de diabéticos que temos em nosso país, um cara que realmente admiro por demais. O PC além de ser um médico extraordinário é surfista, gosta muito de viajar para surfar e para estudar, que cara que estuda, estuda como se fosse o último dia da vida dele.
Em uma de suas viagens, acho que a mais importante de sua vida, o PC foi para o Estado de Maryland nos EUA e ficou lá por seis meses morando na capital Baltimore, a fim de fazer uma especialização que o tornaria mais tarde o maior especialista em pés de diabéticos, como já disse. 
Certa feita, durante esta estada, o PC teve a oportunidade de ir à Nova York para assistir um renomado grupo de cirurgiões de tornozelos e pés em ação e também para fazer um intercâmbio na área com esta equipe, o que fazia parte da sua especialização.
Ele completou os 06 meses de especialização e retornou renovado de lá, como acontece com todos nós  quando voltamos de uma viagem, mesmo que esta seja a trabalho.
Ao retornar de viagem nos reencontramos e ele nos contou muitas coisas de lá, coisas boas, como a vitória do Baltimore Orioles na final da MLB (Liga Nacional de Baseball) contra o famoso New York Yankees.
Contou-nos que depois da vitória, por ser morador de Maryland e estar em Baltimore, e estar naquele momento em Nova York e a trabalho e estudo entrou, no dia seguinte a vitória no Hospital de Nova York adentro da cabeça aos pés, fantasiado de torcedor do Orioles, rindo loucamente da derrota dos Yankees.
O hospital da cidade de Nova York estava em silêncio, eles odiavam isso. Por fim, nos contou que somente fizera uma coisa assim por que jamais conheceu um povo tão arrogante e metido a besta como os nova-iorquinos, sendo estes considerados assim, até mesmo por outros americanos de outros locais do país.
Só que a arrogância e a chatice dos nova-iorquinos se transformaria em fragilidade deste povo que estava prestes a ser exposta para o mundo todo a exatos nove anos atrás.
Recordo-me como se fosse hoje, que no dia 11 de setembro de 2001, por algum motivo que não me recordo no momento, não tive aula na faculdade.  Acordei para tomar meu café da manhã e minha insulina, eram aproximadamente 09h00min da manhã.
Tenho o costume de sempre ligar a televisão quando tomo café. Eis que de repente, com aquela trilha conhecida de todos nós, que na maior parte das vezes trás consigo péssimas notícias, a programação infantil da Globo á época é interrompida pelo plantão da Rede Globo com imagens do Pentágono em chamas e da queda de uma das torres, tudo narrado pela voz de Carlos Nascimento.
Pensei comigo: “Meu Deus do céu, preciso contar e chamar todos, não acredito nisto, que coisa mais louca.
O que diabos é isso?” Logo chamei minha Mãe e meu Pai, expliquei com terror e euforia o que estava acontecendo, com o pouco de informação que tinha. Parecia tudo aquilo um filme, mas eu sabia que era real e essa sensação era muito estranha.
Depois de muitas informações desencontradas, de muitos apertar de botões no controle remoto, as coisas começaram a ser esclarecidas, passei o dia enfrente a televisão, o que acabei fazendo por uma semana inteira, dia e noite, a fim de tentar entender tudo aquilo.
Nunca tinha visto algo como aquilo, só me recordava de algo parecido em minha vida em dois momentos.

O primeiro quando da invasão do Kuwait pelo Iraque, na famosa “Crise no Golfo”. Recordo que a todo o momento, narradas pela dupla William Bonner e Sérgio Chapelin, imagens ao vivo de bombardeios incessantes dos americanos ocorrendo em Bagdá eram mostrados.

Também tínhamos a voz de Fátima Bernardes, Ernesto Paglia, dentre outros, todos cobrindo o ocorrido, enquanto a televisão mostrava os pontos verdes claros das baterias antiaéreas iraquianas e as explosões gigantescas no centro de Bagdá.
Nunca tinha visto uma guerra ao vivo, somente lido sobre elas.
O segundo ocorreu no primeiro domingo e dia do mês de maio de 1994, mês de meu aniversário.
Enquanto almoçava vendo o grande prêmio de Ímola, presenciei, mais uma vez, um acontecimento impossível de se imaginar até então, uma forte batida de um carro da equipe Williams, o melhor carro guiado pelo melhor piloto, Ayrton Senna. Imediatamente todos vêm que a coisa era feia. A corrida narrada pela voz de Galvão Bueno dava a impressão de ter parado, só se falava no ocorrido. 

A partir daí e depois, aconteceu o pior. Na voz de Roberto Cabrini a notícia de que nosso herói tinha morrido acabou com nossa felicidade dominical.
Mas presenciaria mais uma coisa extraordinária, sem precedentes. Voltado a 11 de setembro de 2001, lembram? Lá estava eu em frente a televisão, tentando, como todo o mundo entender o que havia ocorrido e o que passei a ver naquelas imagens e a descobrir depois, incrédulo, foi o que todos já sabem:
Dezenove seqüestradores assumiram o controle de quatro aviões comerciais em rota para São Francisco e Los Angeles, partindo estes de Boston, Newark e Washington, D.C. (Aeroporto Internacional Washington Dulles).
Às 8h46min, o Vôo 11 da American Airlines atingiu a Torre Norte do World Trade Center, seguido pelo Vôo 175 da United Airlines que atingiu a Torre Sul às 09h03.
Outro grupo de seqüestradores do Vôo 77 da American Airlines atingiu o Pentágono às 09h37min. Um quarto vôo, o Vôo 93 da United Airlines caiu em uma área rural perto de Shanksville, Pensilvânia às 10h03min, depois de os passageiros, de forma heróica terem tentado retomar o controle do avião dos seqüestradores. Acredita-se que a meta final dos seqüestradores seria o Capitólio (sede do Congresso dos Estados Unidos) ou a Casa Branca.
Era a coisa mais pavorosa e horripilante que já tinha visto em minha vida, parecia um filme de ação com Bruce Willis, em que terroristas europeus seqüestram aviões e fazem chantagens com o personagem do ator, muitos efeitos especiais ou algo do tipo.
Mas com o passar dos dias, vendo e revendo incessantemente as imagens que rodavam pelos canais de televisão, e tendo debates fervorosos em casa com meu Pai, comecei a me deparar com algo que não fechava com o que meu amigo PC havia me dito. Os nova-iorquinos não estavam demonstrando ser arrogantes e insuportáveis, como havia dito meu amigo PC a um tempo atrás, estavam sim, completamente perplexos com o que estava acontecendo, estavam em pânico, apavorados, aquilo era o juízo final em sua própria terra, achavam eles que todos, sem exceção iriam morrer naquele dia ou nos próximos.
As imagens não tinham como negar isso, eu via pessoas que choravam, gritavam, tentavam fazer ligações de seus celulares através de um sistema de telefonia em pane, caminhavam de um lado para o outro, olhavam para cima sem saber o que se passava ao mesmo tempo em que olhavam os telões da Brodaway anunciarem as primeiras informações sobre o ocorrido.
Queriam saber se seus entes, amigos, conhecidos, estavam bem, estando eles ali ou não, pois não sabiam àquela altura se aquilo tudo estava ocorrendo somente naquela parte do país. Bombeiros e policiais corriam por todos os lados se debatendo como peixes se afogando, queriam as pessoas longe do local, o barulho era ensurdecedor, caminhões de bombeiros e ambulâncias, bem como viaturas policiais, ecoavam suas sirenes por todos os lados como se fossem as trombetas dos anjos anunciando o fim dos tempos. Era o quadro do terror, de um povo assustado, em pânico, apavorado, incrédulo, chocado e com um medo sem fim.
Na verdade o povo americano nada tinha haver com aquilo, nunca teve. Mas pagou o preço alto de atos políticos. A questão era eminentemente política, militar, questão de poder, vaidade, politicagem.
Quanto aos efeitos do acontecimento, estes foram imediatos, começando pelos números, sempre alarmantes, que depois de um tempo, passaram a retratar com eficácia e frieza o que realmente havia ocorrido naquela manhã fatídica, e disso não há como escapar.
Ivan Sant’anna, em seu livro “Plano de Ataque – A Historia dos vôos de 11 de setembro”, em sua página 19 assim relata: “... no momento em que escrevo este parágrafo, por exemplo, são 481 milhões de sites sobre o assunto. Sim, Quatrocentos e oitenta e um milhões! Se alguém conseguir estudar vinte por dia, levará 65.890 anos para concluir sua pesquisa.”
Muitas foram às informações destorcidas sobre o antes, o durante e principalmente sobre o depois do evento catastrófico do 11/09. Muitas teorias conspiratórias surgiram, das mais absurdas a algumas até interessantes e que merecem uma análise.
Dentre as absurdas, coisas como o ataque ter sido provocado pelo próprio governo americano que possuía interesse no petróleo iraquiano e do Oriente Médio como um todo e que necessitava urgentemente criar um novo Vietnã, travando uma guerra contra o Afeganistão, diga-se de passagem o primeiro país atacado pós 11 de setembro, para financiar outra guerra, ganhando muito dinheiro com isso, como reza a tradição por lá.
Que as torres foram implodidas, bem como outros prédios importantes próximos as torres, como o World Trade Center 07, onde se localizavam a sede da CIA do Centro de Controle de Desastres de NY, do Departamento de Defesa, do Serviço Secreto. Este prédio ficava entre as torres. Através de imagens inéditas tem-se a impressão de uma implosão do prédio, algo planejado, tudo pelo fato deste conter os verdadeiros planos conspiratórios americanos de toda a sua história, inclusive deste ataque e blá, blá, blá.
Balela ou não, não sei, o que me importou foi o lado humano que vi nas imagens da catástrofe, mais uma vez estava presenciando a fragilidade do ser humano diante de algo dado por ele mesmo como improvável, mas que no fundo, mesmo que inconscientemente era sabido que poderia ocorrer por “n” motivos ligados ao todo dos fatos ligados aos atentados que na verdade foram o resultado.
Mesmo assim, em um determinado momento dos acontecimentos e análises da maior catástrofe do novo milênio, até aquele momento ao menos, levantaram-se os mais fortes conceitos preconceituosos e recheados de rebeldia.

Bem, até aí tudo bem para alguns, como os políticos, talvez. Aqueles sem rosto que cometeram essa barbárie e aqueles que os acobertaram, seriam todos responsabilizados imediatamente e fulminantemente, conforme discurso do atrapalhado cowboy George W. Bush.
Para isto a aprovação em caráter de urgência do chamado “Ato patriótico”, um conjunto de determinações de represálias duras em relação ao ocorrido. Detalhe, essas determinações foram decididas pelo Congresso americano sem a consulta popular. 
Daí em diante, mulçumanos culpados ou não seriam mortos, atire primeiro e pergunte depois, o Afeganistão seria detonado, destruindo-se assim os responsáveis e aqueles que os ajudaram a concretizar os atentados.
Mulçumanos, todo sem exceção, não prestavam mais, podiam estar carregando bombas, dirigindo Vans recheadas de explosivos ou até pilotar novamente aviões. 

Qual seria o próximo golpe criativo? Ele não poderia acontecer.
Você tem barba longa, rosto sofrido, vai a mesquitas, tem pele escura do sol e olhos profundos e negros, então você não entra mais nos EUA e os que já estão lá ou serão expulsos ou terão suas vidas reviradas incessantemente. 

Guantánamo fora criada, homens presos, torturados, humilhados, ao que parece a histeria coletiva e principalmente política eram latentes. Retalhar a qualquer custo.
Mas e as pessoas que lá estiveram? Que viram tudo. Os sobreviventes de dentro e fora das torres? As pessoas que viram a nuvem de fumaça engolir a elas e a uma cidade inteira? Os familiares que perderam seus entes queridos, sem sequer achá-los? E os 2.749 mortos na tragédia, contando as tripulações dos vôos? E as ligações de despedida de dentro do vôo 93 da United? E os traumas, o medo? E as pessoas com sérios problemas de saúde decorrentes da fumaça, poeira e chamas? E os heróis, como os 343 bombeiros mortos? E o povo nova-iorquino? E a sensação de estar pisando em solo lunar ou em um local onde fora detonada uma bomba nuclear? E os 64.000m2 de área destruída? E as vítimas mortas debaixo de mais de 9 metros de escombros?
Uma guerra não resolve isso. È algo muito simples de se fazer, simplesmente se vai à televisão, se dirige ao povo e se diz: “vamos pegar eles.” É necessário muito mais. 
O que vi exige muito mais do que isto, vi o mais frágil dos seres, o ser humano, no alto de seu pensamento de que é o ser mais superior na escala evolutiva, desabar diante de sua incredulidade e medo, assim como desabaram as torres. E pior do que isto, saber que quem fez isto é um ser igual a ele. Por que os nova-iorquinos perguntavam, “como eles podem fazer isso conosco?”
O mundo não acreditava no que o seu semelhante podia fazer com um dos seus. Viram como resultado final três prédios do Complexo do World Trade Center desmoronar devido a uma falha estrutural no dia do ataque.

A Torre Sul (WTC 2) caiu às 9h59min, após queimar por 56 minutos em um incêndio causado pelo impacto do Vôo 175 da United Airlines Flight. A Torre Norte (WTC 1) desmoronou às 10h:28min, após queimar por aproximadamente 102 minutos.

Estes incêndios queimaram durante horas e comprometeram a integridade estrutural do edifício, que levou ao colapso total do prédio às 17h21min. Mais uma série de prédios em volta do perímetro das torres foi atingida e vitimaram pessoas, outros tantos foram dados como comprometidos.
O impacto da nuvem de detritos dos desmoronamentos, pessoas feridas, jovens, velhos, pessoas com traumas eternos, que gritam em seus sonhos todas as noites em decorrência do que passaram e viram, pessoas se jogando dos andares acima dos locais dos choques das aeronaves com as torres, pulavam por não agüentarem o calor de aproximadamente 705 graus Celsius.

Enquanto isso, bombeiros na rua que chegavam para o apoio e outras pessoas hospedadas ouviam de dentro do World Trade Center Married Hotel, um dos tantos prédios comprometidos, o estrondo dos corpos batendo no chão e no telhado daqueles que optaram por pular de mais de 60 andares.
Via pela televisão as pessoas cruzarem a ponte do Brooklyn, milhares delas, como formigas fugindo de um ataque de vespas, uma multidão que olhava para trás e não acreditavam no que via. Não se tinha mais as gêmeas, a fumaça e poeira tomavam conta de toda Manrathan.

Já para aquelas que ainda estavam próximas do que depois seria chamado de “Marco Zero”, e ainda não tinham conseguido sair do epicentro do caos, essas pessoas que foram atiradas até 1,5m com o deslocamento de ar decorrente da queda das torres, como um bombeiro que sobrevivera dentro da torre norte, que em depoimento disse que com o deslocamento de ar do desmoronamento foi lançado dentro da torre norte seis andares abaixo de onde estava e sobreviveu.
Não haveria mais vida normal para ninguém lá.
O que parecia um espetáculo, como um desfile de 04 de Julho ou a vitória dos Yankees, com papeis que caíram por toda a parte durante o incêndio das torres, juntamente com pedaços dos prédios em chamas e pedaços de metal fervendo ou como as testemunhas descreveram, o que parecia ser uma avalanche de neve ou um ataque nuclear quando as torres desmoronaram uma após a outra, tudo isso não era nada mais do que trabalhos de uma vida inteira de milhares de pessoas que voavam por todos os lados, folhas e mais folhas, documentos, trabalho duro.
Mais de 90 países perderam cidadãos nos atentados, o local só foi totalmente limpo com a retirada da nomeada "Última Coluna", a última parte dos escombros a ser retirada do local, em maio de 2002.
Nunca mais esquecerei aquilo e sei que ano que vem quando dos 10 anos dos atentados estarei aqui escrevendo mais uma vez sobre isso.
Este texto é dedicado a todos que perderam suas vidas nos atentados do 11/09, bem como para aqueles que não mediram esforços para salvar vidas naquele dia fatídico e àqueles que saíram daquele inferno e hoje lutam para ter uma vida íntegra.
Marcelo Ferla

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