Uma ação contra um dos 100
homens mais influentes do mundo.
O mineiro Joaquim Benedito
Barbosa Gomes, ministro aposentado (31.7.2014) do STF, vai enfrentar um
problema a que nem todos os famosos ficam sujeitos: é réu de uma ação
reparatória por dano moral, ajuizada pelo jornalista Felipe Recondo, por
ofensas ocorridas em março de 2013.
Na ocasião, JB chamou FR
de "palhaço" à saída de uma sessão do Conselho Nacional de Justiça.
Irritado com a abordagem
do repórter, o ministro sugeriu a ele que fosse "chafurdar no lixo".
Na ocasião, Recondo trabalhava no jornal O Estado de S. Paulo, dedicando-se à
cobertura dos tribunais superiores.
"Decidi entrar com
esse processo porque não creio que um agente público possa agredir quem quer
que seja sem que responda pelos seus atos", disse Recondo. "Eu estou
me defendendo das suspeitas que ele quis levantar sobre o meu trabalho e sobre
meu profissionalismo. As únicas coisas que disponho são meu nome e minha
carreira."
A ação, subscrita pelos
advogados Leonardo Furtado e Danyelle Galvão, foi distribuída para a 15.ª Vara
Cível de Brasília e já teve despacho inicial ordenando a citação do réu.
Recondo preferiu não
ingressar com a ação quando ainda atuava pelo Estadão, de onde se desligou há
dois meses. (Proc. nº 2014.01.1.131431-6).
Uma das 100 pessoas mais
influentes no mundo
Foi no dia 5 de março de
2013 que Joaquim Barbosa agrediu verbalmente Felipe Recondo.
Na ocasião, à saída de uma
sessão do CNJ, o repórter iniciou uma pergunta:
"Presidente, como o
senhor está vendo...".
Barbosa então o
interrompeu rispidamente:
"Não estou vendo
nada. Me deixa em paz, rapaz. Vá chafurdar no lixo como você faz sempre".
O ministro continuou os
ataques verbais até entrar no elevador, quando chamou o repórter de
"palhaço".
Horas mais tarde, assinada
pelo secretário de comunicação do Supremo, houve uma curiosa nota:
"Em nome do
presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, peço desculpas aos profissionais
de imprensa pelo episódio ocorrido hoje, quando após uma longa sessão do CNJ, o
presidente, tomado pelo cansaço e por fortes dores, respondeu de forma ríspida
à abordagem feita por um repórter. Trata-se de episódio isolado que não condiz
com o histórico de relacionamento do ministro com a imprensa.
O ministro
Joaquim reafirma sua crença no importante papel desempenhado pela imprensa em
uma democracia. Seu apego à liberdade de opinião está expresso em seu
permanente diálogo com profissionais dos mais diversos veículos. Seu respeito
pelos profissionais de imprensa traduz-se em iniciativas como o diálogo que
iniciará no próximo dia 7 de março, quando receberá em audiência o sr. Carlos
Lauria, representante do Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ), ONG com
sede em Nova Iorque".
Soube-se no dia seguinte
que a agressão verbal perpetrada por Barbosa acontecera pouco depois de o
jornal paulista requerer, com base na Lei de Acesso à Informação, dados
referentes às despesas com dinheiro público de ministros do STF (passagens
aéreas, gastos com saúde e reformas em apartamentos funcionais).
Na época, a
"rádio-corredor" dos tribunais superiores comentava a autorização que
Barbosa dera para a reforma dos banheiros do apartamento funcional que ele
próprio ocupava e que custaram, ao STF, R$ 90 mil.
Em outubro de 2013 - pouco
mais de cinco meses após a incontinência verbal, houve novo lance: Joaquim
Barbosa enviou um ofício ao então vice-presidente do STF, Ricardo Lewandowski,
pedindo a este que afastasse do seu gabinete a servidora concursada Adriana
Leineker Costa, do TJ do Distrito Federal e cedida ao STF desde o ano 2000.
No documento, JB
argumentou que a manutenção da funcionária seria "antiética" pela
relação dela com o repórter e que isto "poderia 'gerar desequilíbrio' na
relação entre jornalistas que cobrem a Corte".
Lewandowski respondeu que
não havia motivo justificável para o afastamento da servidora, mantendo-a em
seu gabinete.
Em 2013 Barbosa foi eleito
pela Revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Foi também
incluído em uma lista de dez brasileiros que foram notícia no mundo em 2013,
elaborada pela BBC Brasil.
Marcelo Ferla
fonte: Espaço Vital
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