Curta ai.
Sua velocidade e a cor dos cabelos lhe renderiam a alcunha de "A Flecha Loira".
Foi de 2000 a 2014 o presidente honorário do Real Madrid, clube cuja história de sucesso confunde-se com a dele: foi com ele em campo que o Real tornou-se o maior vencedor da cidade de Madrid, da Espanha e da Europa. Foi responsável também por alimentar a rivalidade com o Barcelona, que não tinha a mesma expressão. Ele era presidente honorário também da UEFA, desde 2008.
Opiniões semelhantes têm aqueles que foram seus adversários contumazes: Joaquín Peiró, que jogava pelo Atlético de Madrid, afirmou: "Para mim, o número 1 é Di Stéfano. Aqueles que o viram, viram. Aqueles que não o viram, perderam". Helenio Herrera, técnico do Barcelona, declarou que "se Pelé foi o violinista principal, Di Stéfano foi a orquestra inteira".
Gianni Rivera e Bobby Charlton, que no início de suas carreiras enfrentaram (e perderam) por seus respectivos clubes (Milan e Manchester United) para La Saeta Rubia e o Real Madrid na Taça dos Campeões Europeus, nos anos 1950, disseram respectivamente que "ele nos enlouqueceu" e "foi o jogador mais inteligente que vi jogar e transpirava esforço e coragem. Foi um líder inspirador e um exemplo perfeito para os outros jogadores".
E também foi ele que levou o nome do clube além das fronteiras", disse o presidente Ramón Calderón.
O editor de esportes do As, jornal favorável ao clube, falou que "Para as crianças dos anos 1950, Di Stéfano era, acima de tudo, o som da vitória que se ouvia nas rádios, seu nome ecoava como uma batida do coração associada sempre a uma sensação de vitória, transportando-nos ao Parc des Princes, San Siro ou Hampden Park".
Para Emilio Butragueño, ex-jogador e atualmente membro da diretoria, "a história do Real Madrid começa de fato com a vinda de Di Stéfano".
Uma das poucas mágoas na carreira foi não ter jogado uma Copa do Mundo, embora tenha atuado por três países - chegou a ir para a de 1962 pela Espanha, mas uma lesão o impediu de atuar.
Como treinador, obteve mais sucesso no Valencia e também possui uma marca histórica na função: foi o único a ser campeão argentino treinando os arquirrivais Boca Juniors e River Plate.
Seu grande ídolo na infância era justamente aquele que ainda é o maior artilheiro da história do futebol argentino, o paraguaio Arsenio Erico, jogador do Independiente nos anos 30 e 40.
Início.
Outro celebrado jogador do clube com quem jogou foi o goleiro Amadeo Carrizo, que também estreou naquele ano de 1945. Na vitoriosa campanha, porém, ele participou de apenas uma partida, substituindo Muñoz.
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Di Stéfano no Huracán, onde esteve emprestado em 1946. |
Os primeiros dois gols de sua carreira vieram justamente em uma vitória por 3 x 2 no clássico contra o San Lorenzo, em pleno estádio do arquirrival,14 que seria o campeão argentino daquele 1946.
Di Stéfano também não perdoou o River Plate: contra sua ex-equipe, marcou o que é até hoje o gol mais rápido do futebol argentino, aos onze segundos de jogo.
O Huracán quis ficar com ele em definitivo, mas não tinha viabilidade para pagar os 80 mil pesos pedidos pelo River. Após um ano no Globo, regressou a Núñez, em 1947.
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Di Stéfano em 1947 pelo River Plate, no ano em que triunfou no clube. |
O arquirrival Boca Juniors, que não participaria, veio na mesma época para a mesma cidade.
Curiosamente, organizou-se um amistoso a ser disputado entre um combinado dos paulistas e outro dos rivais argentinos; neste partida, o uniforme do Palmeiras foi usado pelos jogadores de River e Boca, uma vez que os jogadores de cada um não queriam usar a roupa do rival.
O torneio foi decidido entre River e Vasco da Gama, que, tendo a vantagem do empate, sagrou-se campeão ao segurar um 0 x 0.
Todavia, não foram atendidos, o campeonato parou e muitos foram jogar em outros países.
No caso de Di Stéfano, o Millonarios, que lhe oferecera proposta bastante tentadora financeiramente.
Deixou o River Plate com 49 gols em apenas 66 jogos.
Camisas utilizadas por Di Stéfano nos dois Millionarios que defendeu: o clube colombiano homônimo (azul) e o River Plate, conhecido pela alcunha. |
A liga colombiana havia se transformado em um verdeiro Eldorado, atraindo os jogadores do continente que, embora fossem atletas profissionais, não costumavam ser bem pagos em seus países. O dono do Millonarios, Alfredo Senior, havia resolvido lucrar com o esporte, aliciando os melhores atletas sul-americanos para jogar em sua equipe a fim de atrair grandes públicos, o que naturalmente repercutiu negativamente no exterior.
Além disso, o clube era intimamente ligado ao poder local, sendo atraente para quem tivesse pretensões políticas.
Mesmo jogadores britânicos (um deles, Charlie Mitten, deixou o Manchester United para jogar no Independiente Santa Fé), iugoslavos, italianos e húngaros foram atraídos.
Os dirigentes locais queriam implantar o profissionalismo no futebol do país, enquanto a federação prezava pelo amadorismo; além disso, o futebol colombiano ainda vivia apenas de competições regionais.
Muitos clubes se desfiliaram então de federação para organizar um campeonato nacional, que acabaria banido pela FIFA por desrespeitar regulamentos da entidade no que dizia respeito a diretrizes de transferência e limite de estrangeiros, embora ironicamente modelos similares se tornassem comuns na Europa meio século depois.
Para Senior, bastava oferecer um salário melhor e uma passagem apenas de ida para a Colômbia.
O próprio governo colombiano, que vivia momento político conturbado, viu no futebol uma boa forma para tirar tal foco da sociedade, além de passar uma imagem positiva local e externamente.
Na Colômbia, onde a liga vinha sendo um grande sucesso de público, ele aprimorava-se como jogador, passando também a defender e passar a bola com maestria.
Além de Pedernera e Rossi, Di Stéfano jogou ainda ao lado de Julio Cozzi (que relatou que certos espectadores do Millonarios esperavam por uma partida vespertina desde a noite da véspera), Antonio Báez, Reinaldo Mourín e Hugo Reyes, também argentinos expatriados, assim como o técnico Carlos Aldabe. O time contava ainda com dois uruguaios de destaque: Schubert Gambetta, campeão da Copa do Mundo de 1950, e Héctor Scarone, também campeão mundial, mas da Copa de 1930, que foi outro treinador do elenco.
O Millonarios decidiu aproveitar o tempo que tinha e lucrar o máximo com amistosos ao redor do mundo. Em um deles, em 1952, a equipe foi chamada para jogar uma partida contra o Real Madrid, que celebrava o aniversário de cinquenta anos deste clube. Em pleno Chamartín, Di Stéfano marcou duas vezes na vitória por 4 x 2 dos sul-americanos.
Foi imediatamente contratado pelo Barcelona, outra equipe espanhola.
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Ao lado do parceiro de Real Madrid e amigo Ferenc Puskás. |
O ministro dos esportes, General Moscardo, apresentou sua solução: o argentino faria temporadas alternadas por cada equipe por quatro anos - começando pelo Real.
O acordo foi rejeitado pelo Barça, e Di Stéfano acabaria ficando no Real.
Antes de Di Stéfano chegar em 1953, o clube da capital não era o maior vencedor do país, nem mesmo da cidade: tinha dois títulos no campeonato espanhol, mas conquistados havia mais de vinte anos.
No momento, o Barcelona (seis), Atlético Bilbao (cinco), Atlético de Madrid (quatro) e Valencia (três) possuíam mais conquistas em La Liga.
Um bicampeonato seguido viria na segunda temporada. Em 1955, ele e o Real ganhariam também a Copa Latina, o mais prestigiado torneio europeu de clubes na época, que reunia os campeões de Espanha, França, Itália e Portugal. Os espanhóis venceram os portugueses d'Os Belenenses e, na final, os franceses do Stade de Reims.
Nesta temporada, os merengues perderiam o título espanhol para o Atlético Bilbao, mas com ele faturando novamente a artilharia e, o mais importante, com os blancos conquistando a primeira edição do novo torneio europeu. A vitória na final foi em novo confronto sobre o Reims.
Di Stéfano marcou um dos gols, diminuindo momentaneamente a vitória parcial do adversário para 2 x 1, com menos de quinze minutos de jogo. A taça viria para a Espanha após o time vencer de virada por 4 x 3.
Também para a sede de clube viria um jogador adversário, Raymond Kopa, contratado após a partida.
Di Stéfano e Gento marcaram uma vez cada nos 2 x 0 sobre a Fiorentina. O Real venceu também a última edição da Copa Latina, que se encerraria justamente por perder seu prestígio frente à Copa dos Campeões. Desta vez, os batidos foram o Milan, com um 5 x 1, e, por 1 x 0 com gol de Di Stéfano, o Saint-Étienne.
A temporada que se seguiu viu o Real igualar-se a Barcelona e Atlético Bilbao como o maior vencedor da Liga Espanhola 29 e com Di Stéfano novamente artilheiro dela.
A continuação houve também na Copa dos Campeões: pela terceira vez seguida, a taça veio para o Real após vitória apertado 3 x 2 (com ele marcando o primeiro gol merengue) em reencontro com o Milan, que contava com jogadores consagrados como Nils Liedholm e Juan Alberto Schiaffino, em uma decisão.
Na primeira, com Di Stéfano novamente artilheiro do Espanhol, o troféu europeu foi levantado após nova vitória, agora por 2 x 0, na final sobre o Stade de Reims, com ele marcando o segundo gol.
A segunda seria a mais memorável: primeiro, por um time contar pela primeira vez com o astro Ferenc Puskás na final (uma lesão tirou o húngaro da decisão anterior).
Segundo, por ter eliminado nas semifinais seu novo rival, o Barcelona, com duas vitórias por 3 x 1 em que Di Stéfano marcou duas vezes na primeira.
A terceira razão foi a atuação magistral do argentino e do húngaro na final.
A dor de cotovelo dos barcelonistas aumentava cada vez mais: o sucesso do Real pela Europa era usado a favor da ditadura de Francisco Franco, torcedor do clube e cujo governo fazia opressão oficial à manifestações culturais consideradas como "não-espanholas" - dentre elas, a catalã, a quem o Barcelona representava.
A final foi na Escócia, e a performance foi descrita pelo jornal britânico The Guardian como "Fonteyn e Nureyev, Bob Dylan no Albert Hall, a primeira noite de Sagração da Primavera, Olivier no seu auge, o Armoury Show e a Ópera de Sydney, tudo isso em um só evento".
Os anos de ouro no cenário internacional terminariam na década com o Real faturando também a primeira Copa Intercontinental, com vitória de 5 x 1 sobre o Peñarol.
Em menos de dez minutos, ele já havia marcado uma vez, e Puskás, duas.
Os anos 1960 vieram com o clube recebendo o troco do Barcelona na Copa dos Campeões, com os rivais os eliminando na primeira fase do torneio de 1960/61.
Naquele ano, a equipe também perdeu Didi, que viera após a Copa do Mundo de 1958 como estrela, mas que não se firmara no Real. Di Stéfano chegou a ser responsabilizado pelo fracasso do brasileiro, a quem teria organizado um boicote. O argentino desmentiria isso em sua autobiografia, lançada em 2001, afirmando que seria natural não passar a bola a Didi, pois na verdade, como jogava mais avançado que este, deveria justamente receber os passes dele, e não o contrário.
Acreditava que Didi, a quem reconhecia a excelência da técnica mas criticava um certo excesso de individualismo e exibicionismo, seria influenciado pela esposa, correspondente do Última Hora, que escrevia que o marido seria alvo do ciúme e inveja do argentino.
Outro argumento contra a versão de Didi é a de que teria inclusive ajudado o novo colega a instalar-se na capital espanhola.
Já em 1973, Di Stéfano, em entrevista à revista brasileira Placar em 1973, contava uma história diferente da do brasileiro, similar à da que colocaria na autobiografia décadas depois:
Como? Eu jogava na frente e ele atrás; Didi é que tinha de passar a bola para mim. O problema é que, na Espanha, jogador de meio-campo que tenta jogar só com a bola no pé se dá muito mal. (...)
Didi tinha problemas também com a mulher. Parece que ela não queria ficar em Madrid. Veja bem: quando ele chegou, tentei ser amigo e fiz de tudo para ajudá-lo, inclusive orientando-o quanto à maneira de vestir-se. Um frio de louco e o homem andava só de camisa.
Depois, dizia que não podia se acostumar com o frio. Pudera!
Mas, se ele realmente falou mal de mim, depois negou tudo. Uma vez, não me lembro onde, encontrei a Seleção Brasileira. Fui à concentração e Didi estava com o Gilmar e o Nilton Santos. Perguntei-lhe então o que tinha contra mim, por que dera entrevistas falando mal de mim.
Ele, na frente dos companheiros, disse que era invenção dos jornalistas, que não havia falado nada. E ficou nisso." — Sobre o suposto boicote a Didi.
Contra os encarnados, o Real chegou a estar vencendo por 2 x 0 e, posteriormente, por 3 x 2, mas o adversário conseguiu virar e vencer por 5 x 3. Era a primeira vez que os madridistas perdiam uma decisão da Copa dos Campeões - e era também a primeira vez que La Saeta Rubia não marcava na final - os três gols do time foram de Puskás.
A perda da sexta taça europeia também impediu um triplete do Real, que já havia ganho na temporada o campeonato espanhol e também a Copa do Rei (então Copa do Generalíssimo) em 1962, a primeira e única vencida por Di Stéfano.
O torneio foi um dos poucos pontos negativos da carreira de Di Stéfano, que havia perdido, em pleno Santiago Bernabéu, as outras três finais que dele disputara, contra os rivais Atlético de Bilbao (1958) e Atlético de Madrid (1960 e 1961).
Ele, por outro lado, só passou a poder disputar a competição depois que naturalizou-se, em 1957.
Na época, apenas espanhóis podiam disputar a Copa espanhola.
Após conquistar cinco títulos continentais seguidos na década de 1950, o Real levantaria o Espanhol também cinco vezes seguidas entre 1961 e 1965.
A última das conquistas seguidas do Real no campeonato espanhol foi já sem Di Stéfano no elenco: já sem os mesmo números de artilheiro, Di Stéfano deixou em 1964 o clube cuja história mudara, insatisfeito após ser deixado no banco de reservas depois que o clube perdeu a final da Copa dos Campeões para a Internazionale; novamente, ele não marcou na partida.
Ali, atuou ao lado de outro húngaro, László Kubala, rotineiro ex-adversário de Barcelona, ex-colega de Seleção Espanhola e, curiosamente, outro que tornou-se célebre por defender três países.
Di Stéfano jogou duas temporadas pelo blanquiazul até encerrar a carreira, aos 40 anos, com, além de todos os troféus, mais de 800 gols marcados.
Em 1966, voltou a vestir o manto do Real Madrid para a sua partida de despedida, em amistoso contra os escoceses do Celtic.
Uma das lendas que permaneceram no Santiago Bernabéu era a de que o estádio seria inclinado para a esquerda pelo fato de Di Stéfano ter jogado por bastante tempo naquela parte do campo.
Em 2006, o clube, que o nomeara seu presidente de honra em 2000, voltaria a homenageá-lo, batizando de Estádio Alfredo Di Stéfano o campo multiuso da Ciudad Real Madrid, o centro de treinamento da equipe.
A inauguração do estádio, utilizado pelo Real Madrid Castilla (a equipe B do Real), ocorreu em amistoso contra o Stade de Reims, a equipe batida pelos blancos com Di Stéfano em três finais internacionais na década de 1950. O Real também nomeou como La Saeta o avião particular usado por sua delegação.
Poucas vezes por Argentina e Colômbia.
Marcou seis vezes 36 mesmo com o técnico Guillermo Stábile, que no ano anterior o treinara no Huracán - onde o desempenho de Di Stéfano convencera o River, que havia lhe emprestado, a tê-lo de volta -, não o escalando como titular na vitoriosa campanha.
Pela Colômbia, estreou logo no ano de sua chegada ao país, em 1949, realizando suas quatro partidas pela Seleção Colombiana nesse ano, sem marcar.
A proibição, por este mesmo motivo, manteve-se para as eliminatórias de 1954.
A Colômbia, por sua vez, estava suspensa devido à liga pirata, não podendo realizar, com isso, partidas oficiais. Os três jogos de Di Stéfano pela Seleção Colombiana foram amistosos.
Ainda assim, traria a frustração de não disputar Copas: nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1958, os espanhóis eram os favoritos para se classificarem no grupo que formavam com Escócia e Suíça.
Mesmo vencendo ambos por 4 x 1 nos dois jogos seguintes, acabariam ficando um ponto atrás dos escoceses, que ganharam a única vaga do grupo.
A Espanha também não conseguiu lugar na fase final da Eurocopa 1960. No mesmo ano deste torneio, em uma série de amistosos do país pela América do Sul, ele enfrentou a Argentina: por ironia, a única vez em que atuou em seu país natal por uma seleção foi defendendo os espanhóis.
No seu conhecido Monumental de Núñez, perdeu por 0 x 2. Voltou a enfrentar a Albiceleste no ano seguinte e o placar se repetiu, desta vez em favor da Espanha, com ele marcando um dos gols.
A Espanha se classificou na marra: precisaria passar pelo País de Gales e posteriormente pelo vencedor de um subgrupo africano.
Contra os galeses, os espanhóis venceram de virada em Cardiff com um gol de Di Stéfano a doze minutos do fim.
Em Madrid, La Furia abriu o marcador, mas frustrou os espectadores ao tomar o empate no início do segundo tempo e sofrer com a pressão britânica até o fim.
Em Madrid, os espanhóis fizeram um a zero e sofreram o empate. Di Stéfano trouxe de volta a vantagem aos 44 minutos do primeiro tempo, sem saber que seria seu último gol pela Espanha. Na segunda etapa, os europeus fizeram 3 x 1 para logo em seguida levarem o segundo gol marroquino.
Os mandantes resolveram, para as vaias da torcida, recuar e garantir a classificação, finalmente obtida.
A Espanha chegou à última rodada da primeira fase para decidir a vaga com Brasil, precisando da vitória para avançar: somava os dois pontos de sua vitória contra o México, enquanto o adversário tinha três (os dois da vitória sobre o mesmo México e outro de empate contra a Tchecoslováquia, que também possuía três pontos por já ter vencido os espanhóis).
Os brasileiros venceram de virada e eliminaram prematuramente os espanhóis - deixando Di Stéfano sem o gosto de jogar uma Copa.
Os europeus deixaram o Chile com críticas ao trio de arbitragem sul-americano que apitou a partida; quando os espanhóis venciam, tiveram um pênalti a seu favor (de Nilton Santos) marcado como falta, e a sequência da cobrança, que resultou em gol de bicicleta de Joaquín Peiró, foi anulada por suposto jogo perigoso.
Pelo mesmo motivo, outros participantes daquele mundial também deixaram de atuar por suas segundas seleções: também da Espanha, o uruguaio José Santamaría e o paraguaio Eulogio, além do húngaro Puskás; da Itália, o brasileiro José João Altafini e os argentinos Humberto Maschio e Omar Sívori.
Com isso, Di Stéfano perdeu um provável lugar na vitoriosa Eurocopa 1964, ocorrida semanas depois de seu quarto título espanhol seguido e de ter sido vice-campeão europeu com o Real.
Mesmo a falta de marcas mais expressivas pela Espanha não o impediria de ser eleito o melhor jogador do país nos Prêmios do Jubileu da UEFA, nas comemorações dos 50 anos da entidade, em 2004.
No campeonato nacional, a revanche dar-se ia na última rodada, em que os arquirrivais fariam um duelo direto pelo título.
O Boca tinha a vantagem do empate e sagrou-se campeão após um 2 x 2 em pleno Monumental de Núñez, listado entre os dez maiores Superclásicos favoráveis ao Boca pela enciclopédia do centenário do clube.
O clube também ganhou naquele ano a Copa Argentina.
Os Ches seriam a equipe onde Di Stéfano teve mais sucesso como treinador. Passou em dois momentos pelo clube; além do Espanhol de 1971 (que, para a alegria da torcida do Real Madrid, foi conquistado sobre os arquirrivais Barcelona, que alcançara os mesmos pontos valencianos, mas teve desvantagem nos critérios de desempate, e Atlético de Madrid, que ficou um ponto atrás de ambos) ele ajudou o clube a vencer a Recopa e a Supercopa Europeias na temporada em que retornou à equipe, 1979/80. Entre as duas passagens treinou o Sporting Lisboa, o Rayo Vallecano e o Castellón, sem conseguir títulos.
Com eles, Di Stéfano foi novamente campeão argentino como treinador, ganhando o Nacional de 1981.
Ainda hoje, ele é o único técnico campeão argentino tanto com o Boca quanto com o River.
A temporada 1982/83, para a qual veio, lhe terminaria desagradável; o Real disputou acirradamente cinco títulos e perdeu os cinco: o Campeonato Espanhol na última rodada para o Athletic Bilbao, a Copa do Rei e a Copa da Liga Espanhola para o Barcelona, a Supercopa da Espanha para a Real Sociedad e a Recopa Europeia para o Aberdeen de Alex Ferguson.
Esteve novamente perto de ganhar o campeonato espanhol na segunda, mas o campeão foi novamente o Athletic, nos critérios de desempate. Por outro lado, foi com Di Stéfano que debutaram pelo Real certos garotos vindos das categorias de base merengues que futuramente seriam decisivos para a equipe emendar cinco ligas seguidas, tal qual Di Stéfano ajudara como jogador na década de 1960: Chendo, Rafael Martín Vázquez, Isidoro San José, Manuel Sanchís, Ricardo Gallego e Emilio Butragueño, cujo apelido batizaria o elenco de Quinta del Buitre.
Di Stéfano retornou outra vez ao Valencia em 1986, em um difícil momento do clube, que terminara a temporada 1985/86 rebaixado. Conseguiu o título da Segunda División em 1986/87 e ficou mais uma temporada na equipe, saindo por desentendimentos com elenco e diretoria.
Em 17 de fevereiro de 2008, os presidentes da FIFA e da UEFA, respectivamente Sepp Blatter e Michel Platini, lhe homenageram nomeando-lhe presidente honorário da própria UEFA.
Mas, curiosamente, era chamado de "alemão" pela torcida do River Plate, por causa de seus cabelos loiros.
Seu pai nasceu em La Boca, bairro repleto de imigrantes italianos e onde o River fora originalmente fundado, passando para o filho a paixão pelo clube.
Isso não impediu Alfredito de também apreciar o rival Boca Juniors, que se manteve no bairro (enquanto o River mudou-se para o de Belgrano); seu avô, nas palavras dele, "vivia a 30 metros da Bombonera, então ia visitá-lo e depois ia ver os treinamentos (do Boca) (…). Me sinto riverplatense, mas como tinha toda a família em La Boca, sou meio boquense, e não tenho inveja, nem ciúme, nem ódio, nem nada, é um clube extraordinário."
Di Stéfano em 1963 com um de seus filhos, também chamado Alfredo. O pai do jogador também tinha o mesmo nome. |
Em 1950, casou-se com Sara Freites Varela, com quem viveu por 55 anos até a morte desta, em 2005, e com ela teve seus seis filhos: Nanette, Silvana, Alfredo, Elena, Ignacio e Sofía.
Ele esteve perto de falecer no mesmo ano, tendo sofrido um ataque cardíaco.
Afirmou que desde então passou a cuidar melhor da saúde; já havia parado de fumar em 2000 e a única bebida alcóolica de consome é vinho, socialmente.
Também bebe uma cerveja sem álcool da qual tornou-se garoto propaganda e evita doces. Em 2013, aos 86 anos, manifestou sua intenção de casar-se novamente, com uma moça cinquenta anos mais jovem: sua secretária Gina González.
A respeito, declarou não se importar com eventual oposição dos filhos, e que deseja que o presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, fosse um padrinho da cerimônia.
"Nós fizemos muito nessa época pelos imigrantes", justificou. Por outro lado, negou ter proximidade com o ditador: "Amigo, não. (…) [Mas] quando ganhávamos um troféu, quem lhe entregava era Franco ou a senhora Franco… e não iria dizer que não queríamos (receber). Nós (Real Madrid) jogamos futebol e ganhamos campeonatos com Franco, com Adolfo Suárez, Felipe González, Aznar, Zapatero, há de se lembrar de todos…".
Após aposentar-se, retribuiu o objeto que lhe deu tudo na vida: construiu a estátua de uma bola em sua casa na Espanha, onde continuou morando, com a inscrição Gracias, vieja! ("obrigado, velha!").
Explicou que a ideia surgiu em uma conversa com seus colegas de Real Madrid antes de uma partida, onde um deles brincou que uma certa moça que passou perto deles merecia um monumento; os outros começaram a falar bem-humoradamente de outras coisas que também mereciam, até Di Stéfano falar que a bola também merecia, "pois graças a ela estamos todos vivendo".
Quanto à expressão em si, afirmou que ela também refere-se à sua mãe: "'Obrigado, velha' é a bola e minha mama. À velha, que me fez nascer, e à bola, que me fez crescer.".
A mesma expressão seria utilizada também como título de sua biografia.
Voltou a demonstrar modéstia em aparição pública em 2009, quando foi nomeado embaixador esportivo para o bicentenário da Revolução de Maio (movimento que desencadearia a independência da Argentina): depois de ouvir elogios do embaixador espanhol na Argentina ("você é um maestro, pois representa a síntese da imagem que a Argentina quer projetar ao mundo") e do presidente da Associação do Futebol Argentino ("você conseguiu tudo o que quis, foi o melhor jogador que pode ter existido").
Di Stéfano ponderou que "Não fui o maior, nem o menor. Fui apenas um jogador normal, que jogou sempre em equipe".
Desde esse dia a noiva não apareceu mais84 .
Espanha
Boca Juniors
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