Nova droga trata câncer
sem queda de cabelo
Medicamento chamado de
T-DM1 atua diretamente no tumor, em vez de afetar todas as células do corpo
O T-DM1 evita os efeitos
colaterais da quimioterapia e aumenta em 50% o tempo de sobrevida
A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um medicamento para o tratamento do
câncer de mama que não causa queda de cabelo e provoca menos efeitos colaterais
do que a quimioterapia tradicional. A ação é possível porque o remédio atua
diretamente no tumor, em vez de afetar todas as células do corpo. De acordo com
os organizadores do estudo, trata-se da primeira droga com esse mecanismo
aprovada no País.
O medicamento trastuzumabe
entansina (também chamado de T-DM1) é indicado para um tipo de câncer de mama
avançado, identificado como HER2 positivo, que corresponde a 20% de todos os
casos da doença. Seu uso deve ocorrer quando o tratamento convencional não
apresentar mais resultados. Além de evitar os efeitos colaterais da
quimioterapia, ele aumenta em 50% o tempo de sobrevida.
— A droga tem um efeito
casado. Ela possui um anticorpo e um quimioterápico. Por ser extremamente
potente, esse quimioterápico não poderia ser aplicado sozinho porque seria
muito tóxico ao organismo. O que acontece é que o anticorpo conduz o
quimioterápico até o interior da célula tumoral e libera o medicamento lá
dentro — explica José Luiz Pedrini, vice-presidente da Sociedade Brasileira de
Mastologia e um dos coordenadores do estudo do medicamento no Brasil. O
mecanismo do remédio é conhecido como "cavalo de troia".
Segundo o médico, a
pesquisa, realizada em vários países, incluiu cerca de cem brasileiras.
— Há pacientes que
começaram a participar do estudo em 2011 e seguem vivas. Sem essa opção, elas
sobreviveriam por cerca de seis meses porque não teriam outra alternativa de
tratamento — explica.
Uma das razões para o
melhor prognóstico é que o novo medicamento pode ser usado por mais tempo do
que a quimioterapia tradicional.
— Os medicamentos já
existentes podem ser aplicados por, no máximo, oito sessões, por causa da
toxicidade. Por ser menos agressiva, a trastuzumabe entansina pode ser
utilizada por tempo indeterminado — afirma o médico. A aplicação da droga é
feita a cada 21 dias.
Embora o remédio possa aumentar a sobrevida das
pacientes, o tumor de mama do tipo HER2 positivo continua sendo incurável.
Nova opção
Coordenadora da oncologia
clínica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), Maria del Pilar
Estevez Diz classificou a droga como uma opção "interessante" de
tratamento e afirmou que o Icesp passará a utilizá-la.
— A gente ganha uma linha
de tratamento com menos efeitos colaterais, que propicia maior qualidade de
vida às pacientes — diz.
A aprovação da
trastuzumabe entansina foi publicada pela Anvisa no mês passado. O medicamento
deverá estar disponível no mercado em três meses. Novos estudos vão verificar
se o medicamento também é eficaz e seguro se utilizado em fases iniciais da
doença.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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