Azul é a Cor mais Quente
E
vem da terra de Godard o filme mais quente deste ano, Azul é a Cor mais Quente.
Dirigido pelo tunisiano Abdellatif Kechiche,
ganhador da Palma de Cannes neste ano, o drama francês é uma excepcional
e comovente história recheada de diálogos árduos, cenas picantes e uma
inteligente análise dos sentimentos humanos, feita de forma transparente, real
e bastante atual. O longa metragem é provocante, chocante e ao mesmo tempo apresenta
contornos dramáticos em forma de gestos de ternura e carinho entre suas
personagens. Esse é um filme que ficará na sua memória por muito tempo.
Nesse
polêmico trabalho, que estreia na sexta-feira que vem (06 de dezembro) aqui no
Brasil, somos apresentados a Adèle (Adèle Exarchopoulos), uma jovem charmosa
(principalmente quando prende o cabelo) que está passando por uma época de
descobertas em sua vida pessoal. Adèle é gulosa e gosta de dançar, utiliza esse
movimento corporal como forma de fugir dos conflitos que prefere não enfrentar.
Após uma experiência homossexual traumática, acaba conhecendo Emma (Léa
Seydoux) uma jovem artista que possui um lindo sorriso com dentinhos separados
e chamativos cabelos azuis. As duas logo se apaixonam e enfrentam todos os
dramas de um relacionamento conturbado.
A
construção da protagonista é maravilhosa, em certo momento do filme, motivada
por inseguranças e ciúmes, a personagem enfrenta uma crise existencial.
Admiradora de Kubrick, Scorsese e do cinema norte americano Adèle se constrói e
desconstrói durante os 180 minutos de fita. Na primeira fase da história,
confusa e com desejos reprimidos sofre pressão do grupinho de amigas que faz
parte. Já na segunda fase, mais madura e
completamente apaixonada, precisa enfrentar as dores de um amor que nasceu de
forma bonita e se encaminha para um desfecho melancólico por conta das atitudes
inconsequentes da própria personagem.
As
cenas de sexo são extremamente fortes, intensas, picantes. É uma doação fora do
comum das duas atrizes em cena. A câmera do diretor captura todos os detalhes
da aventura sexual que é mostrada ao público. Mesmo com essas sequências, que
vão dar no que falar, Azul é a Cor mais Quente é muito mais que um simples
filme que contém cenas intensas de sexo. Fala sobre as descobertas da vida
adulta, não só no campo emocional, como no familiar e profissional. Os diálogos
são cirúrgicos, muito bem dosados. Somos envolvidos rapidamente pela
carismática história.
As
conversas em alto nível intelectual vão agradar o público. As amantes dão um
show de conhecimento em relação ao mundo das artes, argumentando sobre quadros
de Picasso e conversando sobre teorias de Sartre. Os cinéfilos são abençoados
com duas grandes interpretações. Todos os prêmios do mundo para as atrizes Léa
Seydoux (Adeus, Minha Rainha) e Adèle Exarchopoulos. Vocês não podem perder
esse lindo trabalho. Um dos melhores filmes do ano, sem dúvidas! Bravo!
Marcelo Ferla
fonte: cinepop
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