O resultado.
Aqui no Rio Grande do Sul,
mais um fato envolvendo vandalismo e depredação, gerou incompreensão por parte da
comunidade da cidade de Eldorado do Sul, em Gravataí, ocorreu esta semana, deixando a todos
os moradores do município espantados.
Quatro alunos de uma
escola, após terem bebido, conforme assumido por eles mesmos em depoimento prestado
na Delegacia de Polícia da cidade, atearam fogo na própria escola a qual
estudavam a destruindo totalmente. Motivo:
Não queriam ter aula no dia seguinte.
Os fatos mais revoltantes que
envolvem o incêndio da escola, além do de muitas crianças e
adolescentes ficarem um tempo sem aulas em decorrência da destruição de salas de aulas, dentre elas uma destinada a crianças especiais, se deu com a destruição pelo incêndio
de todos os instrumentos da Banda que a escola possui e que vinha a
muito se preparando para o desfile de 07 de Setembro.
Conforme declaração do
delegado titular do caso, o mesmo pedirá a punição por meio de aplicação de medida
sócio educativa dos quatro menores, com internação que pode durar até 03 anos
em instituição da FASE.
Posto o caso devo
salientar que a revolta e a comoção que fazem com que se deseje, de forma
natural como reação, o pior aos menores infratores, não me surpreende, na
medida em que se trata de opinião advinda de pessoas comuns e que são
portadoras de senso comum para uma análise mais profunda do caso. A todos estes
já digo de antemão, o furo é muito mais embaixo.
Lendo editorial que saiu
no jornal desta quarta-feira, em texto intitulado “Não há culpados”, escrito
por Anmol Arora, psiquiatra da ONG Mente Viva, disse esta, com propriedade, ser
tal ato cometido pelos quatro menores, resultado de fatores já conhecidos da
sociedade como violência, drogas, pobreza, falta de esperança, falta de amor,
falta de limites, questões espirituais, etc, ou seja, a velha e eficaz fórmula
que produz, como resultado final, um menos infrator.
Mas há um erro comum, não
cometido pela psiquiatra em seu texto, mas pela sociedade como um todo ao se
analisar fatos como estes, essencialmente quando esta se revolta contra tais
atos que ocorrem desta forma e, como solução para tais, trazem fatores a serem
discutidos como a diminuição da menoridade penal. A solução é cana!!!
Erram os defensores
revoltosos de teses malucas como estas ao defende-las, eis que enxergam a sua
frente fato ocorrido como sendo algo feito por pura maldade, crueldade,
marginalidade, ou até mesmo, coisa de gente ruim mesmo, “sem-vergonhice”, como
diriam os mais antigos. Não conseguem os de senso comum (maioria esmagadora),
analisar tal ocorrência de ato desta natureza como resultado de uma série de fatores, como bem colocou a psiquiatra
acima. Menores que cometem infrações desta natureza ou de natureza até mais
violenta e cruel não se tornam marginais por opção ocupacional ou profissional
e optam por esta vida por curtirem as coisas da “vida-loka”. Eles são o
resultado e não o começo do que ocorre em uma sociedade de interesses difusos e
confusos e, aí entramos em um terreno que pode ser considerado péssimo para
alguns de se manusear, terreno este trabalhosos demais, inconveniente, que
caracteriza mau negócio a muitos e, até arrisco dizer, mais conveniente na
medida em que o mexer é inconveniente, de forma a ratificar que o destruir é
muito mais fácil que o construir.
Pergunto a vocês: o que é
mais fácil, barato, conveniente e saudável para o Estado e a sociedade que este
representa, o investimento pesado, reto, comprometido e sério em educação,
saúde, trabalho e uma estruturação social como um todo, para assim, diminuir a incidência
de violência cometida por menores de idade ou a construção de mais e mais Instituições
de privação de liberdade destes e, consequentemente, futuros presídios que
serão ocupados pelos mesmos mais tarde?
Obviamente que a segunda
opção, vez que é muito mais barato e fácil esquecer o problema existente, sendo
que neste mesmo período no ano passado o índice de analfabetismo entre crianças
era de 11,5%, conforme matéria vinculada na folha http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u593920.shtml,
tudo resultado de décadas de descaso com a nossa juventude que vive na faixa da
pobreza, atirando estes as instituições como a FASE e, futuramente, nos
presídios, situação muito mais confortável do que a criação de uma estrutura
que os tornem cidadãos do mundo.
Vale lembrar que essa
segunda opção não convém ao sistema que se apresenta na sociedade brasileira.
Exemplo disto eu tive dia destes, quando estava na fila da padaria, com seis pãezinhos
quentes num saquinho e escutei uma senhora que sonoramente discursou:
“Se este menino que matou
toda a sua família estivesse vivo e, estes pivetes maloqueiros que atearam fogo
lá na escola daquela cidade tivessem que realmente pagar pelo que fizeram,
deveriam mofar em um presídio, destes bem barra pesada, que largassem eles lá
até a sua morte ou alguém deveria dar um fim neles, estes animais”.
Eis ai o senso comum de
toda uma sociedade de um país que beira os 200 milhões de habitantes.
A situação nunca é pensada
como o fim de uma série de fatores, mas sim, como o começo de algo que tem sim
solução, mas que para ocorrer, deve deixar de ser na sua faceta mais cruel e
injusta tão interessante a muitos e, quando falo a muitos, falo do sistema
social e político de nosso país como um todo. Politicamente para que se
mantenha a burrice do nosso cidadão não politizado e socialmente, para que se
mantenham grandes engrenagens desta máquina que custa muito dinheiro à custa do
suor de muitos coitados.
O Brasil demonstra ser extremamente
despreparado, egoísta, conivente e oportunista com essa situação.
Enquanto não ocorrer de fato,
como já disse, de forma séria, reta e comprometida uma forte e pesada
estruturação social no Brasil, continuaremos sendo o país dos colonizados sendo
comandados por um bando de colonizadores, só que agora, corruptores de seus
próprios conterrâneos.
Precisamos urgentemente
resgatar e descobrir talentos, aumentar u número de boas pessoas, pessoas de
bem, educadas, polidas, com opinião, adequadamente estruturadas em suas vidas,
para assim, termos um país com menos violência, onde as maiores vítimas são os
próprios menores infratores, eis que de violentados, a possibilidade de se ter
violência é infinitamente desproporcional ao resultado contrário.
Marcelo Ferla
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