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domingo, 18 de março de 2012

Opinião do Blogueiro







Dois pesos, duas medidas. 


Em uma cidadezinha do interior, onde toda as manhãs das quintas-feiras, acontecia a feira da cidade, um dos eventos mais badalados da semana. 

Cedo do dia, lá iam as jovens senhoras, com seus carrinhos de feira comprar os condimentos, frutas e verduras que a feira oferecia por meio das várias quitandas dispostas ao longo da principal rua da cidadezinha, que era fechada para que a feira pudesse ocorrer. 

Dentre os quitandeiros havia seu Rui, viúvo, de aproximadamente 70 anos e que, depois da morte da esposa, se dedicara mais ainda a cultivar os produtos orgânicos que vendia na feira. 

A quitanda de seu Rui era um primor, tudo organizado por cores, cores estas vistosas, demonstrando o quão saudável e frescos eram os produtos por ele vendidos. 

Dispostos nas mesas de madeira e ripas, se podia ver beterrabas que mais pareciam uma bola de handball, folhas de alface que podiam abanar um elefante de tão grandes, figos pequeninos, doces como um recheio de sonho, maças que pareciam a da bruxa, tudo era muito belo e muito bem cuidado e conservado. 

De outra parte havia dona Inês, uma senhora com seus 78 anos e que sempre ia diretamente a quitanda de seu Rui, eis que era cliente e frequentadora do belo local a mais de 30 anos. Ambos se davam muito bem, uma amizade cultivada desde a época que a falecida esposa de seu Rui ainda era viva, e elas também eram muito amigas e próximas. 

Em contrapartida, ambos tinham uma vizinha não menos próxima, que ali também fazia suas compras, a tal de dona Odete, uma mulher amargurada e marcada pelas piores características que uma mulher de idade avançada pode ter, ranzinza, carrancuda, metida, fofoqueira e ladra, sim, ladra, pois seu Rui já havia flagrado ela furtando laranjas em sua quitanda, enfim, queria a desgraça de todos, e por conta disto e outras coisas, não gostava de seu Rui e muito menos de dona Inês. 

Mesmo assim, se fazia obrigada a comprar na quitanda de seu Rui, que como já disse, era a melhor das melhores, a Meca das quitandas da feira. 

Ocorre que seu Rui sempre fora um homem honesto, uma honestidade que mantinha a qualquer custo, mesmo que por vias tortas, pois, respondia as pessoas más com um tipo de justiça que ele julgava ser necessária para um mundo melhor, e para com aqueles que davam de costas para a vida, e faziam com que o mundo fosse pior de se viver e fazia isso por meio de sua balança na sua quitanda. 

Se vendesse algo à dona Inês, uma mulher respeitosa, educada e simpática, do bem, sempre lhe dava desconto no valor das compras, e caso esta negasse, alterava o peso de certo produto para menos. Um modo de ser gentil com quem o era com ele. 

Já com dona Odete, por tudo que ocorrera, se dava o contrário, o resultado final do peso do produto na balança era sempre maior, portanto, mais caro, e como seu Rui era muito honesto, dava a diferença em dinheiro advinda de sua justiça ao orfanato da cidade, jamais ficando com o que não era seu. 

Pois é, exatamente isto que ocorre com na relação entre Rui, Inês e Odete, é o que vem acontecendo na relação entre o STF, seus ministros e o processo que tramita contra a quadrilha do mensalão, comandada á época do ocorrido por José Dirceu, dado como mentor do plano que desviou dinheiro público para o financiamento de campanhas por todo o país e para a compra de apoio político, gerando em 2005, o maior escândalo político que esse país já viu em termos de desvio de valores públicos. 

José Dirceu, José Genuíno, Delúbio Soares, Duda Mendonça, Zilmar Fernandes, José Borba, Roberto Jefferson, Valdemar Costa Neto, Marcos Valério, são os nomes mais conhecidos e acompanhados de um bando, como os famosos ladrões de Alí Babá e seus 40 ladrões, uma vez que o total de réus totaliza exatamente 40. 

Mas a coisa é muito pior do que se imagina. A questão toda é que o Poder Judiciário através do STF, juntamente com seus tribunais e fóruns, está passando por maus bocados. Prova disto se dá, a partir do momento que, em uma pesquisa, feita no fim do ano passado, constatou que o cidadão brasileiro acredita mais nos serviços dos bombeiros do que em nosso Poder Judiciário. 

Absolutamente nada contra os bombeiros, pelo contrário, são estes os profissionais que mexeram com minha imaginação infantil, queria ser um bombeiro como todo menino, mas a proporção de serviços prestados entre um e outro é mais do que covardia se comparadas e ocorre muito mal, justamente naquele que precisa exercer mais e mais sua função, o Poder Judiciário, eis que tem uma demanda impar em nosso país. 

No que se refere ao processo do mensalão, que possuí 50.000 páginas, o grande conflito se dá entre aqueles que o analisam e os que o julgarão por meio de seus votos o quanto antes, os ministros. 

Conforme o procedimento do processo no STF, o relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, já apresentou o relatório do mesmo, que contém os principais pontos do processo, da acusação, da defesa e dos depoimentos colhidos. Até aí tudo certo. 

O problema começa com o ministro Ricardo Lewandowski, o revisor do processo. Como revisor que é, deve Lewandowski, analisar se nenhum rito processual fora esquecido e se há total legalidade e validade nos atos das 50.000 páginas. 

Ocorre que conforme o procedimento processual, Lewandowski não possuiu prazo para dar seu parecer, e mais, para piorar a situação como um todo, disse que só conseguirá cumprir com o compromisso em 2013, momento em que a maior parte dos crimes dos quais o bando de José Dirceu e o próprio foram autores, principalmente os mais graves, já estarão prescritos, não podendo estes ser mais condenados por aqueles.Eis o problema. 

Lewandowski, já fora, após sua declaração, de imediato, veementemente criticado por seus próprios colegas de STF, sendo um deles o ministro Marco Aurélio de Mello, que disse estar pronto para dar seu voto e o presidente do STF, Cezar Peluso, que disse ainda, ser plenamente possível o julgamento do processo em tempo hábil ás condenações pertinentes se for o caso. 

O caso gera uma desconfiança muito prejudicial a sociedade brasileira e a nossa justiça como um todo, sendo que a última já não é lá uma maravilha. A preocupação de que Lewandowski haja desta forma e traga consigo este absurdo descaso, é enorme, mas também coloca o ministro sob pressão. 

Não há muito que se pensar a respeito. Ou a pressão faz efeito e traz consigo um marco na justiça brasileira, o julgamento do processo e prisão dos culpados, o que pode alavancar a esperança de milhares que se sentem injustiçados e procuram a justiça e que todos os dias que sofrem com demandas judiciais e sua demora ou, caso contrário, nossa justiça está fadada a ingressar em uma crise sem precedentes. 

Há que se fazer como seu Rui fez, ser honesto, ter bom senso e fazer com que dona Odete pague pelo seu furto, para que pessoas como dona Inês, tenham mais tranquilidade na vida e acreditem mais nas coisas. 



Marcelo Ferla 


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