O ciclo vicioso das sombras do inferno.
"Os Estados Unidos levam isso tão a sério quanto se fossem nossos próprios cidadãos e nossas próprias crianças que tivessem sido assassinadas". "Estamos arrasados com a perda de vidas inocentes".
“A maioria dos norte-americanos quer um fim rápido para o conflito, que já dura mais de dez anos”.
Desde os primórdios da supremacia bélica americana que se instala ao longo dos tempos, a cada intervenção desta potência em terras estrangeiras, uma desconfiança de que o país entra em conflitos nada apetitosos no sentido geográfico e ideológico, mas muito ricos no que se refere a questão econômica e de prosperidade para os yankees do alto escalão, é óbvia.
Fora assim desde a guerra do Vietnã, para evitar uma paranoia em tempos da forte queda de braço entre o comunismo e o capitalismo, até os dias de hoje, no oriente médio, mais especificamente na Afeganistão, onde se quer o ouro negro do Oriente Médio.
As guerras sempre foram tomadas por crimes de guerra, atos tão absurdos e primitivos, sendo estes capazes de enlouquecer uma mente, disso todos já sabemos, desde a transmissão por televisão da guerra do Vietnã, ao vivo, obtivemos a capacidade de saber tudo ou quase tudo sobre este ato desumano e seus reflexos a curto, médio e longo prazo. Os prejudicados, os próprios guerreiros, acusavam sua dor mental através das imagens.
Ás vezes, a coisa toda até pode demorar, como no caso dos crimes em Guantánamo, por exemplo, que ocorriam na surdina, movidos e justificados pela paranoia do 11 de setembro ou no caso dos soldados americanos que urinaram em corpos já sem vida de supostos soldados talibãs, mas isso só durou até o uso de um celular ou uma câmera digital, aparecendo assim, para os olhos do mundo que, por sua vez, ficaram anestesiados com tamanha estupidez. Repugnante.
Agora, mais uma vez, aumentando a folha corrida de peripécias dos soldados americanos em guerras, um velho conhecido dos soldados daquelas bandas volta a aparecer, o tal stress pós-traumático de guerra, que não é nada mais do que a proximidade de um ser humano da loucura, com possível permanência nela, tudo em decorrência de presenciar e passar por experiências insuportáveis a qualquer soldado em uma guerra, eis que por mais preparado que um destes diga estar, na verdade ele nunca está ou esteve.
O ser humano, na guerra, se torna, talvez, mais permeável, frágil, pois chega ao limite de atos e coisas que, às vezes, não se sabe se o fez por loucura ou ira de tudo que já passou. Se torna um ser animalesco sem sequer saber o porquê.
Por fim, temos um sargento norte-americano, que lá estava á três anos, no Afeganistão e que, simplesmente, saiu disparando sua arma contra uma maioria de mulheres e crianças, causando 16 mortes.
Uma bomba em termos de acontecimento.
Depois disto, todo aquele discurso diplomático e cheio de dramalhão e mentiras (frases acima), proferido pelo presidente Obama, faz parte, é cultural, tudo típico dos discursos de líderes que pela casa branca já passaram em tempos de guerras extremamente violentas e infundadas na sua maioria.
Vejo tal ato, como um resumo de tudo que andamos vendo a respeito. A guerra, ao longo dos tempos, sempre foi à forma mais perfeita de sintetizar a violência desenfreada do ser humano, ocorrendo em locais e de forma, onde nada se respeita, não ocorre esta mais como nos tempos longínquos, onde reis permitiam o recolhimento dos corpos dos adversários mortos e acordavam entre si, tréguas.
Hoje, o campo de batalha é uma verdadeira terá de ninguém, tudo sob a alegação de que é necessário, se proteger.
Pior do que isto, só a real função da guerra, os interesses implícitos a esta. No Vietnã, a não proliferação do comunismo na Indochina precisava parar, no Iraque, o petróleo precisava ser trocado de mãos, no Afeganistão, o Oriente Médio, todo ele, se for possível, nas mãos do dono do mundo.
Homens que servem ao seu país, para estes fins, como todo militar em qualquer parte do mundo, o fazem por patriotismo, ao ponto de eles mesmos reivindicarem os maus tratos de seus próprios governantes, até aí tudo bem.
Com isso, quem pode garantir que quando se chega ao ponto de cometer uma chacina contra civis, um soldado que pertencente a um grupo de operações especiais, um super-soldado americano, não cometera tal ato, unicamente por revolta, cansaço físico e psicológico, trauma, loucura e descontrole, enfim, por estar de saco cheio de tudo aquilo.
Muito se fala do que as tropas americanas fazem em campo de guerra, mas muito pouco se fala e se sabe sobre o que sofrem estes homens. Imagino eu, que seja algo tão brutal que acabe fazendo com que estes descarreguem, literalmente, todas suas balas e bombas em forma de angustia, dor e desespero, que resultam em atos como estes.
Acabam os mesmos, enlouquecendo, tendo pesadelos, onde nestes, gritam, suam como uma torneira aberta, alucinam, choram de forma descontrolada, perdem família por conta disto e voltam a guerra, ou seja, são constantemente assombrados pelas sombras do inferno que viveram, e tudo as custas de um interesse maior, que nem eles poderão, depois, usufruir. A solução? Voltar ao inferno.
Qual o conceito de inocentes? Inocentes existem em ambos os lados, pois, um ato como este ou atos como estes, tem reflexo direto nos afegãos e traz de volta o medo de represália ao povo americano que não tem nada haver com isso, ao menos desta vez.
Como diria Paul Valéry: "A guerra é um massacre de homens que não se conhecem em benefício de outros que se conhecem mas não se massacram."
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