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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Opinião do Blogueiro






Ouro aos bandidos – texto de 17.08.2011.

Ontem li em um dos editoriais de Zero Hora que no Brasil morrem, por hora, em média, 04 pessoas vítimas de acidentes de trânsito em apenas 60 minutos.

Nestes mesmos 60 minutos, 18 pessoas são hospitalizadas por dia com ferimentos decorrentes de acidentes de trânsito, sendo estes, algumas das vezes, sobreviventes de uma realidade que traz traumas não somente físicos, mas, principalmente, psicológicos e, pior do que isto, irreversíveis.

Tive a oportunidade de ter sido aluno do inesquecível Professor Dilamar Machado no ano de 1995, no curso de Direito. Dilimar era um homem animado, de malícia e humor requintados e, em sendo assim, um dia falando a respeito do que naquela época já era algo de gravidade alta fulminou ao declarar: “O grande problema da ocorrência desenfreada dos acidentes de trânsito em nosso país meus queridos, é que o homem, com sua arrogância e prepotência, ao entrar em seu carro se torna parte deste e vice-versa, ambos se unificam, tornando-se uma máquina única de matar”.

Concordo com as colocações do Professor Dilamar, mas acho que ele levantou um dos vários aspectos deste problema. Para isto, precisamos entender que o homem, no alto de sua arrogância e extravagância, idolatra o carro como objeto de desejo atingido ou como seu brinquedo favorito e que deve ser exibido aos seus amiguinhos. Falo dos homens aqui não como espécie, mas me referindo ao sexo masculino, pois ninguém como o homem para assumir uma postura assim, desta natureza, machista e fatal, fato este que o faz pensar, ao entrar em seu carro, ser uma entidade, intocável, poderosa e, o mais fatal de todos os sentimentos, o de ser imortal.

Três aspectos chamam a atenção no que se refere a ocorrência deste problema crônico e seus efeitos. Trago estes três aspectos, pois, acho que os acidentes de trânsito tem uma semelhança com os acidentes aéreos. Digo isto, pois, acho que o acidente de trânsito, a exemplo do acidente aéreo, tem não uma, mas várias causas, anteriores e posteriores a sua ocorrência. Vamos a eles.


Primeiro, uma questão anterior ao acidente, ávida do condutor, a sua vida pregressa.

Lendo inicialmente esta frase pode-se ter a impressão de ser ela sem profundidade e sentido, ledo engano.

Ao analisarmos a vida pregressa dos condutores que cometem delitos bárbaros de trânsito ou que tem atitudes descontroladas como o caso do atropelador de ciclistas, aquele pai descontrolado que queria proteger seu filho, há muito que se pensar e estudar sobre a causa de tais fatos e o que leva uma pessoa a agir assim.

Jamais podemos esquecer que vivemos em um mundo que se move a cada dia em altíssima velocidade, velocidade que só aumenta, onde temos, nesta vida, ministradas a cada dia, altíssimas doses de stress, ansiedade, problemas diversos, depressão, doenças psíquicas variadas, agressividade e violência em nosso sistema, tudo isto decorrente de exigências extremadas, de limites impostos, muitas vezes, por nós mesmos em grau muito mais elevado do que o ideal.

Se pensarmos no resultado dos efeitos colaterais decorrentes do uso diário deste coquetel da loucura, chegaremos ao “fato A” do que leva ao resultado acidente de trânsito. Não é necessário fazer grande esforço para que você, estando no trânsito, presencie uma discussão entre dois motoristas que muitas vezes chegam as vias de fato, agredindo-se um ao outro fisicamente e/ou até tendo um destes vitimado com um disparo de arma de fogo seu rival de asfalto, o que resulta na morte de um dos encrenqueiros.

Segundo, o “fato B”, o álcool. O alcoolismo vem sendo o maior aliado do condutor para que este obtenha o resultado acidente de trânsito. Se nos basearmos no mundo que descrevi acima, adicionando a ele as inúmeras formas que o ser humano vem criando para se desfazer de seus problemas, para esquecê-los ao menos por algumas horas, este problema se torna mais crônico ainda. Falo das “válvulas de escape”.

Vivemos em um mundo que possuímos em mãos, literalmente e com facilidade, desde a maconha dos anos 70, até as drogas sintéticas e o poder do crack e seus variantes nos dias de hoje.

Mas a velha e eterna “droga legalizada”, o álcool, ainda é o maior vilão. Há que se entender que o álcool já é a muito, reconhecido como uma droga que potencializa o efeito das demais drogas e, juntamente com isto, torna o “cruzado”, como se chama o usuário de droga + álcool, mais resistente a primeira, o que faz com que ele consuma mais e mais. Por fim, ao pegar seu veículo no estacionamento para tentar voltar ao seu lar, este sem condição alguma causa a tragédia.

O álcool está diretamente ligado aos problemas que descrevi anteriormente e que são enfrentados por todos nós. O alcoolismo é um problema social tão crônico quanto qualquer outro tipo de droga pesquisada ou valorizada pelos meios de comunicação, através, de programas que falam a respeito disto. A questão entre o álcool e problemas não só ligados a violência no trânsito, é que no caso especifico do álcool, este é constantemente debatido e esquecido com muito mais facilidade do que qualquer outro tipo de droga e por isto a sua permanência em severos problemas sociais perdura por décadas.

Terceiro, o “fato C”, que consiste na falta de legislação severa, rigorosa e que, principalmente seja utilizada e cumprida por todas as instituições envolvidas na contensão deste problema. O Brasil tem como tradição legislativa o que chamamos de legislação posterior ao fato, ou seja, os legisladores brasileiros têm a cultura de legislar a respeito de um fato, somente depois deste ter sido consumado e ter causado, de preferência, altíssima comoção social, caso contrário é facilmente esquecido.

Não há em nosso país o que chamamos de “legislação preventiva”, ou seja, aquela que existe antes da consumação do fato. Desta forma, além de não haver, no momento exato, uma punição exemplar e rigorosa, nem sequer as leis já existentes são aplicadas.

Quarto e último. O “fato D”. Este quarto e último fato são ligados a aplicação direta das leis de trânsito atuais. São estas completamente falhas e não estou falando de fiscalização, esta se encontra falida, o que é diferente e mais grave, estou falando da aplicação da lei no fato concreto. Darei-lhes um exemplo.

Jamais entendi a publicação de um mapa, sim, um mapa, todo ano disponibilizado nos mais variados sites sobre trânsito, onde se encontra a localização de pardais, radares móveis ou seja lá o que for que seja utilizado, a princípio, para intimidar e punir o pé de chumbo.

Mas como intimidar o pé de chumbo se ele sabe onde pode usar o seu pé de chumbo sem ser sequer multado, até por que ele sabe cada lugarzinho, atrás de cada placa de banca que vende abacaxi de Terra de Areia, onde fica o radar? Impossível.

O condutor pensa: “Vou meter o pé do km 14 até o km 34 da Estrada do Mar, pois, neste trecho sei que não há radar. Pense comigo, são 20 km de pura roleta russa, tudo pode acontecer, um pneu estourar, outro condutor pior do que este vem na contramão, a bebida ingerida pelo condutor com as informações dos radares, enfim, a morte esta em cada quilômetro. Ele acelera, acelera com tudo, está com presa, quer tomar mais umas tantas com os amigos, olhar os corpos bronzeados que desfilam de shortinho na beiramar, sentir a brisa que alivia o calor, mas pode não chegar lá.

Quer deixar seus problemas, aflições, tudo para trás, são férias, só alegria cara, pesca, bebida, churrasco e festa. Assim, as coisas se tornam mais distantes do que já são. Desta forma, se entregará sempre o ouro aos bandidos e, entregando o ouro aos bandidos, o prejuízo será fácil e eterno.

Em as coisas permanecendo assim. Sem um mapeamento detalhado dos motivos que levam a ocorrência dos acidentes de trânsito e um combate em todas as frentes estudadas, com seriedade, sem uma legislação atual, uma fiscalização honesta e inteligente, as notícias nos telejornais continuaram as mesmas, assim como o aumento na quantidade dos corpos deitados e encobertos por plásticos nas pistas de todo país.

Marcelo Ferla

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