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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Vida ruim antes mesmo de viver


















Vida ruim antes mesmo de viver.

Existem certas coisas em nossas vidas que não podem ser decididas por nós mesmos. A decisão para que estas coisas façam parte ou não de nossas vidas não depende de nós, depende de outros dentre nós. O ser humano, em seu desenvolvimento, sempre precisou do auxílio de um dos seus, mais experiente, para assim, protegê-lo, ensiná-lo e, por fim, condicioná-lo a vida que vem pela frente.

Ocorre que durante esses ensinamentos, somos influenciados e formados, moldurados a partir de coisas que nem sempre são boas e aí que a coisa se complica. Por que aparecem as injustiças da vida que quase sempre vem em forma de ignorância ou desespero daquele que tenta ensinar, o que logicamente prejudica o pupilo que está aprendendo.     

Quem são os mestres? Nossos pais. Quem são os pupilos? Nós mesmos.

Eles, os mestres, de forma genética ou em decorrência de características ancestrais, acabam influenciando diretamente em nossas vidas, através de atos e ensinamentos que também lhes foram passados por um mestre quando da época em que estes eram pupilos.

Dessa forma, muitas vezes sem podermos dizer sim ou não como pupilos, negarmos ou aceitarmos essas digitais firmadas em nós, essas já fazem parte de nossas vidas antes mesmo de qualquer coisa.

A essa altura já não há chance de escolha em relação à formação de nossa personalidade e comportamento, eles já fazem parte de nós, o que ás vezes é por demais importante, pois é assim que se formam grandes cidadãos ou péssimos cidadãos, sendo que estes últimos muitas vezes se tornam algo ou alguém que não necessariamente precisariam ser justamente por terem tido mestres com ensinamentos e, conseqüentemente mentes perturbadas, o que logicamente será transmitido ao próximo pupilo pelo novo mestre, mais experientes. 

Mas esse acontecimento, a formação de uma criança, traz a tona questões muito difíceis às vezes de serem analisadas e até julgadas como na maior parte das vezes são quando a coisa vira problema, por que estas também são movidas por necessidades ou personalidades já tortas, ou seja, encontra-se na situação um ciclo vicioso sem fim, cheio de problemas.
 
Disse tudo isto, por que li dia destes, uma notícia que realmente me deixou chocado e que engloba tudo que disse anteriormente.

A notícia a qual me refiro assim dizia:

“Menino de 02 anos é internado em coma alcoólico no interior de SP.
Um menino de dois anos foi internado após sofrer um coma alcoólico na tarde deste domingo em Sertãozinho (333 km de São Paulo). A polícia suspeita de que os pais tenham dado pinga à criança.

Por volta das 13h, a tia do menino, ao perceber que ele estava desacordado, levou a criança à Santa Casa da cidade. O hospital, ao constatar a embriaguez da criança, chamou a Polícia Militar.

A polícia, então, foi à casa e encontrou os pais do menino aparentemente embriagados. Questionados pelos investigadores, os pais afirmaram que a criança havia sido atropelada. Na casa, os policiais afirmam ter apreendido um recipiente plástico, vazio, com forte cheiro de pinga.

Segundo informações da Santa Casa, a criança já chegou em coma ao hospital e não reagia a nenhum estímulo. Às 19h, o menino já conseguia respirar sozinho e tinha recobrado a consciência. Ele foi transferido para a pediatria e estava sob observação. Não há previsão de alta.

O casal foi preso em flagrante sob acusação de terem violado o artigo 243 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), por fornecerem produto que causa dependência.

Foi arbitrada uma fiança de R$ 310 para cada um, mas eles alegaram não ter condições de pagar o valor. Ambos foram encaminhados a presídios na região. A pena prevista para o crime, em caso de condenação, vai de dois a quatro anos de detenção.”

No dia posterior a notícia, outra informação me deixou mais tranqüilo. O menino acordara do coma de forma espontânea e já respirava por conta própria.  

A coisa toda em si é lamentável, deplorável, tanto por parte da atitude dos pais, quanto pelo que essa situação trará a esta criança indefesa.

Mas, apesar de sermos condicionados a pensar que esses pais são seres desprezíveis, uma coisa especifica me chamou a atenção na notícia, a de que os pais do menino alegaram não ter condições de pagar a fiança, para que assim, possam responder o processo em liberdade.

Isso, sem dúvida alguma é um indício claro de pobreza, de falta de condições de subsistir. Em sendo assim, quem nos garante que a atitude desses pais em alcoolizar o menor não fora motivada pelo sofrimento do pobre menino em relação a fome, a dor, ou seja, a falta total de condições desses pais de darem ao seu filho o que ele realmente precisa?

Sei que poderei ser crucificado de cabeça para baixo por falar isso, mas esperem, não terminei. Não defendo a atitude dos pais, não, de forma alguma, mas existem coisas na vida, como disse no início do texto que são inelutáveis a nossa vontade.

Nunca passou pela cabecinha de vocês que esses pais poderiam estar fazendo uso desta substância que causa dependência para amenizar a fome não só de seu filho, mas também a de toda a família? É uma possibilidade a ser ventilada, por mais absurda que possa parecer. A vida em si é absurda para muitos de nós.

Devemos lembrar que vários são os estudos que comprovam que a bebida alcoólica, em decorrência de substâncias existentes em sua composição e feitura, como o açúcar, por exemplo, tem o potencial de amenizar uma situação de fome extrema. Nesta perspectiva, a de saciar a fome, pode se estabelecer uma ligação de custo benefício com a famosa “cola de sapateiro” em relação à bebida alcoólica. Esse é o lado A da coisa toda. Vamos ao lado B.

Sou descendente de italianos, alemães, suecos e espanhóis, ou seja, uma verdadeira União Européia.

Pelo fato de ser descendente de Alemães, o que me orgulha muito, já vi lá pelas bandas de Carlos Barbosa, Garibaldi e Salvador do Sul, um hábito cultural, eu disse hábito cultural, que em nada me orgulha, onde os pais em um ato de libertação deles dão vinho aos seus filhos assim que estes vêm ao mundo, tudo isso com o propósito de que estes não incomodem, não chorem, não gritem, não reivindiquem seus direitos, como ter fome, estarem molhados pelo pipi que fazem, sujos pelo cocozinho que fazem e assim por diante. Fazem isso também por que precisam trabalhar na lavoura, na “colônia” como se costuma dizer aqui no sul e logicamente para tal, não podem perder tempo com seus filhos. Duro não? Tão duro quanto o caso do menino de Sertãozinho.                   

Realmente é uma situação delicada, difícil de ser analisada e por conseqüência disto, deve ser observada e amparada de todas as formas com toda dedicação possível, principalmente para a vítima e para os envolvidos, se este for o caso, pois às vezes sem sempre as coisas são o que parecem ser. Digo com isso que a coisa deve ser conduzida de forma delicada, atenciosa e reta, caso contrário pode estar-se exercendo injustiça social.

Em ambos os casos, talvez mais um do que outro, podemos ter atos desumanos, desprezíveis e bizarros por parte de seus agentes, os pais, jamais desvincularei o caso a isto, mas não se surpreenda se em muitos dos casos isto se dá não pelo lado B e sim pelo lado A. a coisa é séria e como tal exige estudo sério e não superficial e cômodo.

Marcelo Ferla

2 comentários:

  1. Concordo com você, Marcelo. É muito fácil julgar a atitude das pessoas sem conhecer o real motivo existente por trás dela. Essa história me fez lembrar do caso do menino indiano de dois anos que fumava 40 cigarros por dia desde os 18 meses de idade. Por mais que o caso do menino indiano talvez esteja no lado B da história, como você mesmo colocou ai, a que se considerar as questões culturais às quais a família está incluída. É preciso mais criticidade sim ao se ler uma notícia, extrapolar o assunto, ter um "desconfiômetro" aguçado para o que se lê e se vê. Por isso, concordo com você. Muito legal seu post.

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  2. Cara eses dias mostrou um video da mae dando maconha pro pia de 4 anos eu acho. Isso é o retrato de uma sociedade totalmente desistruturada, onde os ditos "comandantes" apenas pensam em enriquecer cada vez mais, esquecendo de dar estruturação de carater para seus comandados.

    Enfim....bom artigo.

    E ja aproveito o ensejo e deixo aki meu blog novo.

    http://estilodistinto.blogspot.com/

    Abracãooo

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