A luta continua
Casal Félix e Niko
protagonizou primeiro beijo gay do horário nobre da Globo
Cláudia Laitano
claudia.laitano@zerohora.com.br
Sim, a novela era
fraquinha e talhada para o esquecimento. Sim, beijo gay, em 2014, nem deveria
ser assunto. Sim, pessoas do mesmo sexo já se beijaram na TV antes, inclusive
em novelas.
Quem acordou neste sábado
incomodado com o fato de que não se fala de outra coisa nas redes sociais deve
levar em conta, porém, que a história não se faz apenas com grandes fatos. Às
vezes, basta um símbolo, uma imagem, para que os acontecimentos realmente
importantes venham a reboque.
Em um Brasil que ainda
luta para aprovar uma lei contra a homofobia, no país da violência contra
mulheres e gays, da desigualdade e do atraso, um beijo no último capítulo de
uma novela da Globo pode ser a mais eficiente campanha pela tolerância que se
poderia querer.
Quando a atração mais
popular da televisão brasileira leva aos rincões mais atrasados do país a
mensagem de que a pauta moral da sociedade em relação à homossexualidade está
mudando (ou já mudou), de alguma forma se torna mais difícil repetir os mesmos
preconceitos de sempre como se isso fosse apenas natural - sejam os argumentos
religiosos ou não.
Mais significativo do que
ver dois homens se beijando, foi ver que os personagens eram os mais queridos
da novela e que boa parte do público não apenas queria o beijo gay, mas estava
torcendo por ele. (Em algumas ruas, era possível ouvir a comemoração dentro das
casas, como se fosse final de campeonato.)
Na luta pela evolução dos
costumes, às vezes damos dois passos para frente e um para trás. Para cada
conquista, há sempre um Feliciano ou um Adroaldo remando contra a maré. É do
jogo. Por isso todas os avanços devem ser celebrados antes que as energias
voltem a se ocupar da resistência contra os inevitáveis surtos de
reacionarismo.
Hoje o dia é para
comemorar, sim, uma vitória que não é apenas dos gays e dos que lutam contra
homofobia, mas de todos os homens e mulheres que sonham com um país mais justo
e menos atrasado.
texto. Claudia Laitano
fonte: Zero Hora
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