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terça-feira, 26 de abril de 2011

Opinião do Blogueiro








Aniversário sem comemoração.

Li ontem que ao mesmo tempo em que a União Européia e governos de todo o mundo prometeram 550 milhões (US$ 797 milhões) á titulo de ajuda para Chernobyl em uma conferência ocorrida por estes dias de abril, nesta mesma conferência sobre energia nuclear, ocorreu um estímulo escancarado dos governos (os mesmos que ofereceram grana para Chernobyl), para que  a Ucrânia, mais especificamente em Kiev, venha a ampliar seu plano de energia nuclear. Ahh esqueci. A grana anteriormente citada é para fins de construção de um novo sarcófago para o antigo reator que foi aos ares em Chernobyl a exatos 25 anos atrás.

Fico pensando que  na mesma medida em que o mundo oferece dinheiro para a construção de um novo sarcófago para reenterrar o problema que é Chernobyl, estes mesmos caras e seus governos, estimulam a energia nuclear que deve prosperar a minúsculos 90 km de onde tudo se deu a 25 anos atrás, (em Kiev, na Ucrânia), mesmo que se saiba a muito tempo que nada do que nasce em Chernobyl pode sequer ser tocado, sim, em Chernobyl, se não sabem lhes digo, uma linda árvore hoje, agora, consegue nascer, crescer e dar frutos, flores, enfim, mas não pode ser tocada, pois o nível de radiação desta é elevadíssimo, assim como tudo que lá nasce ou restou.

Hoje, faz 25 anos que Chernobyl foi aos ares e foi, que fique claro, por pura prepotência materializada em forma de excesso de confiança, seguida logo depois de pura negligência, ambas advindas dos operadores de Chernobyl que lá estavam, sentimentos estes, ambos, puros como o plutônio e o urânio advindos da usina.

Foi assim que tal fato ocorreu e só ocorreu por conta destas coisas ruins e claro, por dinheiro, nunca podemos nos esquecer do dinheiro, que sendo o resultado final desejado por todos envolvidos nisto, provocou sambas as tragédias que mataram muitos, deixou outros milhares morrendo aos poucos e serviu de suicídio imediato ou posterior dos que manuseavam os brinquedos macabros.

Em tempos atuais, onde se discuti a real função e necessidade de se ter brinquedos iguais aos dos amiguinhos de Chernobyl, caso do Japão, que tinha um em sua Fukushima e que da mesma forma que aquela, estragou por ter apresentado o mesmo defeito de fábrica, mesmo assim, vivemos em um mundo em que a cada dia a energia nuclear se expande como a própria radioatividade dos acidentes nucleares. Se ficasse comprovado que os brinquedos não podem apresentar defeitos com o passar do tempo e do seu uso, não seria nada, mas não é o que vêm ocorrendo.

A ambição, o poder, a sensação inflada de onipotência, efeitos que o dinheiro traz, dinheiro este adquirido por meios como este é que detonam a coisa toda, o homem, sempre o homem e suas insatisfações.  E vá lá, mesmo que este não fosse o fim comum da coisa, que fosse por desenvolvimento puro da nação e não por desenvolvimento decorrente de disputa com outros amiguinhos, também estaria tudo errado.

Isto tudo, essas sensações viciosas de poder, fazem com que os países do mundo em que vivemos mergulhem de cabeça na necessidade adicta por poder, por possuir a tal energia nuclear, em uma neurose de duas faces, que se apresenta de um lado com o rosto de executivos ambiciosos e cheios de necessidades e, do outro lado da face, a de um portador de câncer de tireóide decorrente de contaminação por radiação, já em fase terminal.

Pouco importa o que pode vir a acontecer em decorrência de se ter inúmeras usinas nucleares em um território pequeno ou não e talvez até de forma não tão controlada como se afirma ser esse tipo de tecnologia de energia, até por que como disse o presidente ucraniano Viktor Yanukovych: “Pagamos pela paz do planeta com as vidas e a saúde de milhares de compatriotas, mas nenhuma nação, inclusive a mais poderosa, pode sobrepor-se às conseqüências de uma catástrofe de tal escala sozinha.", até aí novidade nenhuma, só mais um pedido de desculpas, sem efeito algum.  

Para se ter uma idéia do prejuízo que um acidente nuclear pode ter, vamos pegar o exemplo da remoção que fora feita em Chernobyl ao tempo da tragédia. Até hoje, nos locais onde rapidamente foi enterrado o maquinário utilizado na remoção dos escombros do acidente e o lixo nuclear restante, se tem um grau de contaminação altíssimo e o local é dado como condenado por um século, isto que a época, o procedimento escolhido fora dado como adequado em relação aos procedimentos de segurança possíveis para a remoção e enterro destes materiais. UM SÉCULO, nada mais, nada menos que isto.

Já no Japão a coisa consegue ser ainda pior, pois ninguém sabe realmente o grau do problema e do prejuízo que os japoneses terão, muito menos por quanto tempo. Quem é de lá e sabe, não fala por sentir a avassaladora vergonha oriental e os que não são de lá, nada dizem por questões de boa vizinhança, até porque ofender vizinho é coisa de gente baixa, seja o assunto que for.

Isso também ocorre por conta das informações destorcidas que o governo japonês, o da vergonha avassaladora, juntamente com a empresa responsável pela usina de Fukushima, também vítima da vergonha avassaladora, vem apresentando a todos, o que prejudica uma análise mais profunda de especialistas em relação ao acidente nuclear.

É óbvio que toda esta confusão tem um por que de ser. È extremamente conveniente que as autoridades responsáveis por qualquer tipo de acidente que envolva vítimas civis a curto ou longo prazo, tentem destorcer as informações, mais especificamente por dois motivos:

1° - para que não se cause um pânico coletivo na população do local, até por que, por mais japonês que se seja, ele pode acontecer e ser muito mais prejudicial para a situação e

2° - para simplesmente tentar amenizar a situação daqueles que são os culpados, para se ter um auto-perdão, uma necessidade que buscam desesperadamente de se manter no poder sem que a mancha de ter estado lá e ter sido parte de algo desta proporção, algo que marca com fogo na história da humanidade aqueles que fora os responsáveis por tudo.

Mas o maior erro do governo japonês foi o de ter dito não ao seu povo, enquanto deveria ter dito sim, tipo “Sim, nós não estamos conseguindo resolver o problema.”, como foi dito inúmeras vezes e isto por si só é um baita, mega problema. Japoneses não gostam de não saber resolver um problema, de ter uma habilidade falha.

Como dizer para uma população de milhares, milhões, que a coisa está feia e que esta coisa feia é radiação, uma forma de energia que quando causa problemas é avassaladora como o terremoto e o tsunami vindos antes do acidente nuclear? É difícil concordo, mas é melhor do que a mentira e aí a “caca” toda. O governo optou por muito tempo pela mentira, tempo demais.

Nunca, nunca esqueça na sua vida que o povo japonês não é um povo qualquer, tem memória, e muito boa memória. Lembra muitíssimo bem de Hiroshima e Nagasaki, quando as bombas Litlle Boy e, três dias depois, a bomba Fat Man, ambas vindas do céu, respectivamente, nos dias 06 e 09 de Agosto de 1945, mataram juntas milhares de inocentes. Lembram muito bem também, do dia 26 de abril de 1986, dia em que Chernibyl conheceu o terror. O mundo viu.

Os japoneses são sábios, pacientes, meticulosos, perfeccionistas, características que não tem nada haver som mentira e que, em sendo assim, cercam contra a parede aqueles que tentam mentir ainda, mesmo que através de uma mentirinha o que realmente está acontecendo.

O bom de tudo isto é que com mentira ou sem ela, o povo japonês, forte que é e solidário que é, se reerguerá com ou sem mentiras, pois sabem que estas tem pernas curtas e espero que não seja dado aos bolhas do poder nipônico os louvores finais desta recuperação, que será tão avassaladora quanto o acidente lá ocorrido. Isso é e será do povo e só do povo japonês.

Estas coisas sempre deverão ser lembradas para o bem da humanidade, para que esta possa progredir e não regredir como vem ocorrendo, pois a lembrança disto tudo deve trazer lições, correção, ensinamento, pois estas datas, quando lembradas, são aniversários sem comemoração.

Marcelo Ferla  

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