Sempre gosto de lembrar aos leitores que este blog tem como intenção trazer à tona a informação, o conhecimento e o debate democrático sobre os assuntos mais variados do nosso cotidiano, fazendo com que todos se sintam atualizados.
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O diálogo sobre o que é escrito aqui e sobre o que vem acontecendo ao nosso redor é muito mais valioso e poderoso do que podemos imaginar.
Portanto, sinta-se em casa, leia, informe-se e opine. Estou aqui para opinar, dialogar, debater, pensar, refletir e aprender. Faça o mesmo.
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segunda-feira, 19 de março de 2018
Opinião do Blogueiro.
Nove contra três.
Marcelo Ferla
Não conhecia a moça.
Como escrevi em minha
primeira postagem que fiz em meu instagram, com o título “a troco de que?”, logo
após ler, por cima, o que tinha ocorrido.
Não fazia naquele momento
ideia de quem se tratava, nem tão pouco do que viria a seguir.
O que sabia é que se tratava,
inicialmente, do assassinato de Marielle Franco, vereadora pelo PSOL no Rio de
Janeiro e de seu motorista Anderson Gomes.
Logo depois a avalanche de
informações e sentimentos começou.
Comecei a conhecer quem era
Marielle Franco pelas notícias na televisão, quem era aquela moça de 38 anos
que havia passado desapercebida por mim, por ignorância minha, eis que não era
uma qualquer, definitivamente.
Confesso que por tudo que li
e pelo que escreverei me sinto envergonhado por isto.
Tudo começou para mim na
televisão.
Estava atônito, mudo, olhos
arregalados, a muito algo não repercutia na tv, nas rádios, no Rio, no país e
no mundo daquela forma.
Mulher, negra, “cria da Maré”,
uma das maiores favelas do mundo, começou a trabalhar com 11 anos de idade.
Depois, matriculou-se no
primeiro curso pré-vestibular oferecido no Complexo da Maré, pagando os estudos
com o exercício de dançarina do grupo Furacão 2000, vindo, logo adiante, a
prestar vestibular na PUC-RJ para Ciências Sociais, o qual foi aprovada e
ingressou em 2002 na Universidade particular.
"Sou fruto do
pré-vestibular comunitário", dizia com orgulho Marielle Franco.
Utilizando-se do Programa
Universidade para Todos (Prouni) para poder concluir o pré-vestibular e sua
faculdade, visto que já era mãe jovem (aos 19 anos deu à luz a sua filha Luyara),
posteriormente formou-se.
Após graduar-se em Ciências
Sociais, concluiu um mestrado em Administração Pública pela Universidade
Federal Fluminense (UFF), onde defendeu a dissertação intitulada "UPP - A
redução da favela a três letras: uma análise da política de segurança pública
do Estado do Rio de Janeiro".
Era só o início de uma
passagem civil social e política de uma cidadã exemplar.
Inconformada que sempre foi
com o que via em sua comunidade, o desrespeito aos negros, a mulher negra, aos
moradores de favelas, a criminalidade desenfreada, a violência policial, rodeada
de todos os tipos de preconceitos, haja vista, ser ela mulher, negra e lésbica, na
eleição estadual carioca de 2006, Marielle Franco integrou a equipe de campanha
que elegeu Marcelo Freixo à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro
(ALERJ).
Com a posse de Freixo, foi
nomeada assessora parlamentar do deputado.
Anos depois assumiu a coordenação
da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia
Legislativa do Rio de Janeiro.
Depois de adquirir experiência
política nos dez anos de gabinete ao lado de Freixo, sentiu-se preparada para
dar voz a suas angústias e lutar por elas, e em 2016 na sua primeira disputa
eleitoral, foi eleita vereadora na capital fluminense pela coligação “Mudar é
possível”, formada pelo PSOL e pelo PCB.
Com mais de 46 mil votos,
foi a quinta candidata mais votada na cidade e a segunda mulher mais votada ao
cargo de vereadora em todo o país.
Na Câmara Municipal,
presidiu a Comissão de Defesa da Mulher e integrou uma comissão composta por
quatro pessoas cujo objetivo era monitorar a intervenção federal no Rio de
Janeiro.
Marielle Franco trabalhou na
coleta de dados sobre a violência contra as mulheres, pela garantia do aborto
nos casos previstos por lei, pelo aumento na participação feminina na política
e militou pela construção de novas Casas de Parto, criadas para a realização de
partos normais.
Não era só isso.
Marielle militava em muitas
frentes frágeis e necessitadas de pessoas com voz ativa e ações, o que a jovem
vereadora tinha de sobra.
Muito conhecida por militar
pelas mulheres negras, ativista feminista que era, defensora voraz do movimento
LGBT, lutava pelo fim da violência contra as minorias.
Nos 16 projetos de lei que
criou e apoiou durante seu curto mandato, a vereadora focou na efetivação de
políticas públicas em prol dos direitos das mulheres, negros e LGBTs.
Durante seu curto mandato na
Câmara Municipal do Rio de Janeiro, a vereadora do PSOL Marielle Franco,
assassinada na noite de quarta-feira (14), escreveu e assinou 16 projetos de
lei.
Os temas são próximos em
quase todas PLs: Marielle pretendia melhorar a qualidade de vida e assegurar os
direitos de mulheres, negros e LGBTs, criando programas e campanhas como a de
institucionalização do enfrentamento ao assédio e à violência sexual e
incorporando datas simbólicas em comemoração a existência e resistência dessas
classes.
Além de criar novas medidas,
Marielle também focava em assegurar que o poder público estivesse de fato
cumprindo com medidas previstas na legislação em projetos como o Dossiê Mulher
Carioca e o Programa de Efetivação de Medidas Socioeducativas.
A preocupação com a classe
trabalhadora também é um tema presente.
Ativista também nas redes,
Marielle se propôs a denunciar os abusos da intervenção militar na segurança
pública do Rio de Janeiro.
Dias antes de sua morte, a
vereadora fez uma postagem em sua página no Facebook sobre a atuação do 41º BPM
(Batalhão da Polícia Militar) no bairro de Acari, citando que a polícia estaria
"aterrorizando e violentando" os moradores e contando que dois jovens
tinham sido mortos e jogados num valão. Ela recentemente havia sido nomeada
relatora da Comissão da Câmara dos Vereadores para acompanhar a intervenção
militar, e declarou publicamente que se colocava contra a medida.
Apesar do triste assassinato
da vereadora, os projetos de lei de Marielle em apoio aos menos favorecidos
permanecem em tramitação e dependem da aprovação de comissões e sancionamento
do prefeito para entrarem em vigor, o que ainda pode acontecer.
Leia sobre os
projetos abaixo e acompanhe o processo de tramitação no site da Câmara dos
Vereadores.
Programa de desenvolvimento
do funk
O último Projeto de Lei da
autoria de Marielle, assinado por ela e o vereador Marcello Siciliano (PHS) em
22 de fevereiro, foi pela criação do Programa de Desenvolvimento Cultural do
Funk Tradicional Carioca, que se encarregaria de incentivar a produção de
eventos de funk, a ocupação de espaços públicos para apresentações do gênero e
promover e difundir a cultura em veículos institucionais da prefeitura.
Em
justificativa, a dupla argumentava que o projeto era necessário porque "o
funk começou a ser alvo de ataques e preconceito da sociedade, sendo uma das
razões para isso a sua popularidade junto as camadas mais pobres da
sociedade."
Assistência habitacional
para famílias de baixa renda
O Projeto de Lei 642/2017,
assinado no dia 21 de dezembro, assegura assistência técnica pública e gratuita
para o projeto e a construção habitacional para famílias cuja renda mensal seja
de até três salários mínimos, ampliando e especificando a já existente lei
11.888, aprovada em 24 de dezembro de 2008.
Dossiê Mulher Carioca
Notando a ineficácia das
políticas públicas direcionadas a mulheres num âmbito municipal, Marielle
pretendia cobrar comprometimento do poder público com a proteção de mulheres no
Rio de Janeiro com o Dossiê Mulher Carioca, versão municipal do Dossiê Mulher,
documento produzido anualmente pelo Instituto de Segurança Pública do Estado do
Rio de Janeiro, a partir dos registros realizados nas delegacias.
Na ementa do
Projeto de Lei 555/2017, Marielle falou sobre a baixa taxa de denúncias de
violência doméstica e estupros, e alerta que esses dados precisam ser
conseguidos por outras fontes.
Programa de Efetivação de
Medidas Socioeducativas
Mais uma vez, Marielle
pressionou o Estado — mais especificamente, o Poder Judiciário — a cumprir suas
imposições na PL 515/2017, que tange a efetivação das medidas socioeducativas
impostas a crianças e adolescentes que cometeram crimes.
Entre as diretrizes do
programa, estão a proteção integral ao adolescente conforme previsto no ECA, o
fortalecimento dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social
(CREAS) e o respeito "à capacidade do adolescente de cumprir a medida; às
circunstâncias; à gravidade da infração e às necessidades pedagógicas do
adolescente na escolha da medida."
Prioridade para pagamento
dos servidores públicos
Assinada por Marielle ao
lado de outros 26 vereadores do Rio de Janeiro no dia 24 de outubro de 2017, o
Projeto de Lei 493/2017 prioriza o pagamento de servidores públicos ativos,
inativos e pensionistas sobre o pagamento do subsídio mensal do prefeito,
vice-prefeito, secretários e subsecretários do município.
Cartazes informativos dos
direitos das vítimas de violência sexual
Com a PL 442/2017, Marielle
solicitava a fixação de cartazes que informariam os direitos das mulheres
vítimas de violência sexual em lugares visíveis nos serviços públicos de
atendimento a essas mulheres.
Os cartazes mostrariam o seguinte texto:
"Em
caso de violência sexual, não fique sozinha! Dirija-se a Unidade básica de
Saúde ou Hospital de Emergência mais próximo.
Você tem direito ao atendimento
emergencial e integral de saúde em toda a rede pública, incluindo a prevenção
de Infecções Sexualmente Transmissíveis, HIV/AIDS, Contracepção de emergência e
Gravidez (Lei 12.845/2013).
Em caso de uma gravidez decorrente de estupro, você
tem direito ao aborto permitido por Lei (art. 128, II do Código Penal).
Não é
necessário o Registro de Ocorrência ou Autorização Judicial para esse tipo de
atendimento."
Contratos de gestão entre o
Rio de Janeiro e ONGs de saúde
O projeto de lei 437/2017,
assinado por todos os 51 vereadores do Rio de Janeiro, restringia quais
poderiam ser os objetos de contratos de gestão entre o município e as chamadas
OSS (Organizações Sociais de Saúde).
Campanha de enfrentamento ao
assédio sexual
Marielle queria
institucionalizar a conscientização e enfrentamento ao assédio e violência
sexual no Rio de Janeiro com a PL 417/2017, que dizia respeito à
responsabilidade do poder público em informar mulheres sobre o acesso a seus
direitos, assegurar as condições para o exercício efetivo de seus direitos e
promover programas educacionais que disseminem respeito à sua dignidade.
Dia Municipal da Luta Contra
o Encarceramento da Juventude Negra
No dia 20 de junho, o Rio de
Janeiro incorporaria a seu calendário o Dia Municipal da Luta Contra o
Encarceramento da Juventude Negra, conforme sugerido por Marielle e os
vereadores e companheiros de PSOL Tarcísio Motta, Renato Cinco, David Miranda e
Paulo Pinheiro no Projeto de Lei 288/2017.
Combate ao "jogo"
Baleia Azul
Depois da popularização do
"jogo" Baleia Azul, que incentivava a automutilação e o suicídio, a
vereadora e oito outros companheiros institucionalizavam o combate aos desafios
propostos pelos criadores do evento no Projeto de Lei 169/2017, que sugeria que
os órgãos municipais criassem uma força-tarefa responsável por capacitar
docentes e equipes pedagógicas e a implementar campanhas que alertassem sobre a
"brincadeira".
Dia de Tereza de Benguela e
da Mulher Negra
Marielle se inspirou na
história de Tereza de Benguela, escrava que liderou Quilombo de Quariterê e foi
morta por soldados em 1770, para no Projeto de Lei 103/2017 incluir ao
calendário municipal do Rio um dia oficial para celebrar a existência e
resistência de mulheres negras por todo o Brasil, que seria 25 de julho.
Revogação da diminuição da
taxa de ISS sobre empresas de ônibus
Notando que a redução do
prefeito Eduardo Paes da alíquota de Imposto Sobre Serviço de 2% para 0,01%
para as empresas de ônibus "jamais se reverteu em redução da tarifa para o
passageiro" e "não pode incidir somente sobre a classe
trabalhadora", a PL 101/2017, assinada por Marielle e outros cinco
vereadores, sugere a revogação dessa alteração.
Dia Municipal da
Visibilidade Lésbica
Marielle desejava tornar a
data comemorada nacionalmente em 29 de agosto também um evento municipal,
conforme previa a PL 82/2017.
Dia da Luta Contra a
Homofobia, Lesbofobia, Bifobia e Transfobia
Ainda no tema LGBT, a
vereadora institucionalizava a data de combate à homofobia, lesbofobia, bifobia
e transfobia no dia 17 de maio, segundo o Projeto de Lei 72/2017.
Programa Espaço Infantil
Noturno
Procurando atender à demanda
de famílias que tenham suas atividades profissionais ou acadêmicas concentradas
no horário noturno, Marielle sugeriu que a estrutura já existente das creches
municipais atendesse a crianças de seis meses a cinco anos durante o período da
noite na PL 17/2017.
Programa de Atenção Humanizada
ao Aborto Legal e Juridicamente Autorizado
Primeiro projeto de lei
criado por Marielle, em 15 de fevereiro de 2017, o programa se preocupava em
instituir na cidade do Rio de Janeiro o modelo humanizado de atenção às
mulheres que realizam o aborto por meio da rede pública de saúde.
Defensora dos direitos
humanos denunciava em suas redes sociais o seu repúdio a violência da polícia
carioca em Acari, principalmente contra estas minorias, mostrando-se sempre uma
verdadeira inconformada que vivia na pele as coisas das quais defendia.
Era contra a intervenção
federal no Rio de Janeiro, declarando que esta faria somente com que mais dos
seus morreriam.
A prova de real de que a intervenção não apresenta resultados trazendo mais segurança aos cariocas e que está
sendo completamente falha, fazendo com que a população do Rio continue se sentindo insegura foi
sentida diretamente por Marielle, que em plena intervenção, fora executada
cruelmente.
Em comentário que escutei na
tv fora dito que dos 46 mil votos que Marielle recebera nas eleições de 2016,
somente 10% vinham de eleitores de comunidades carentes do Rio de Janeiro.
Os outros 90% foram de
pessoas que não frequentam as comunidades pobres, as favelas, mas que votaram
em Marielle Franco.
Mas não se enganem, ela era
extremamente popular e bem quista nas comunidades, transitava livremente por
elas, e claro, tudo isto começou a gerar um incômodo, principalmente, por se
tratar de pessoa que crescia dentro de suas lutas, fazia suas bandeiras serem
cada vez mais vistas e balançadas, o que inevitavelmente perturbou a todos que
de alguma forma tem envolvimentos ilícitos nestes lugares ou não queriam que as
inciativas da Vereadora fossem á frente.
O pior de tudo isto é que
não falo diretamente do tráfico.
Como fora bem lembrado ontem
no Programa Morning Show da rádio Jovem Pan por Claudio Tognolli:
“Feliz ou infelizmente, nos
anos 80 e 90, eu passei ao longo de 20 anos indo ao Rio de Janeiro pela Folha
de São Paulo, só pra frequentar tiroteio e favela...
...Narcotraficante mata com
fuzil e mata com escopeta.
Quem mata com tiro seco de arma é policial, sobretudo,
maus policiais militares.
Eu vejo uma semelhança muito
grande entre o assassinato da Marielle com o da Juíza Patricia Acioli.
Me parece, posso estar
enganado, mas o cheiro, o faro, me parece de crime cometido por mau PM.”
"Não sou livre enquanto
outra mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam diferentes das
minhas."
O mandato de uma mulher
negra, favelada, periférica, precisa estar pautado junto aos movimentos
sociais, junto à sociedade civil organizada, junto a quem está fazendo para nos
fortalecer naquele lugar onde a gente objetivamente não se reconhece, não se
encontra, não se vê.
A negação é o que eles apresentam como nosso perfil",
disse.
"Ter a nossa casa (a
Casa das Pretas), ter o nosso lugar, ter o nosso período, ter o nosso lugar de
resistência, daí fazer esse evento no bojo das atividades do 21 dias de
Ativismo.
A gente sabe que a gente tá ativa, tá militando, tá resistindo o
tempo todo.
Mas com alguns períodos onde a gente se fortalece na luta."
Marielle Franco
Outro aspecto na esfera de
como Marielle foi assassinada, se dá no referente a precisão dos disparos, o
que realmente impressiona.
Vi também pela televisão a
imagem dos peritos cravando uma espécie de flechas para marcar as perfurações
no veículo alvejado e ao lado destas, números que iam de 1 a 9, portanto, nove
tiros ao todo foram disparados contra o carro que Marielle estava, logo pensei.
Por
volta das 21h30 o veículo no qual Marielle, Anderson e uma assessora da
vereadora trafegava pela rua Joaquin Palhares, no Estácio, região central do
Rio.
Neste momento um outro carro
emparelhou e foram feitos ao menos nove disparos na direção do Chevrolet Agile
branco.
Os disparos foram feitos de
trás para frente, no sentido do banco traseiro à direita (onde ela estava
sentada) até o banco do motorista.
Marielle Franco foi atingida
por quatro tiros na região da cabeça e pescoço.
Anderson foi alvo de três
disparos nas costas.
Uma assessora que estava no banco dos passageiros ficou
ferida pelos estilhaços.
Vejam bem.
Destes nove tiros, quatro
atingiram a cabeça e pescoço da Vereadora, sobrando cinco, dos quais quatro
atingiram as costas e mataram o seu motorista, Anderson Pedro Gomes, pai de
família, trabalhador, honesto e que tinha esta atividade para o complemento da
renda familiar.
Nada foi levado, subtraído das
vítimas.
Tudo perfeitamente executado.
Tudo “muito profissional”.
Mas infelizmente não fora o
suficiente.
Anderson
Gomes
Anderson Gomes,
motorista da Vereadora Marielle Franco, ao lado da mulher e filho recém-nascido,
em junho de 2016.
Na noite de quarta (14),
quando fazia um bico substituindo um amigo motorista de licença médica,
Anderson Pedro Gomes, 39 anos, foi alvejado e morto por balas que não o tinham
como alvo.
Era ele quem conduzia a vereadora Marielle Franco, quando ela foi
assassinada.
O carro em que estavam acabara de percorrer um trajeto de 4 km
entre a Lapa, no centro do Rio, e o Estácio, na zona norte, quando foi atingido
pelos nove tiros.
Anderson, como já fora dito, foi baleado três vezes nas costas - ele estava na
linha de tiro dela.
Foi o acaso que o colocou ali.
Desempregado, começaria um
período de teste como mecânico de uma empresa de aviação nas próximas semanas,
de acordo com o irmão de Anderson, Francisco.
Esta, diz Francisco, era a última
semana de Anderson com a vereadora.
"Mesmo com idade avançada, ele estava
prestes a ter uma profissão. Estava todo feliz", diz Francisco, que é
engenheiro de manutenção de uma loja.
Quando foi morto, prestava serviço
particular a Marielle, mas também trabalhava como motorista da Uber.
Não tinha
ensino superior, mas fez curso de mecânico.
Chegou a trabalhar na profissão,
mas apenas em estágios.
A oportunidade que surgira na empresa de aviação era a
sua primeira.
Começou a vida profissional trabalhando em um bar.
Depois,
trabalhou em hotéis.
Fez o curso de mecânico, mas como não conseguiu emprego na
área, virou motorista.
Casado havia cerca de quatro anos com Agatha Arnaus,
assistente-executiva na área de educação do governo do Rio, tinha um filho de
dois anos.
O casal morava em um bairro de classe média da zona norte. Sua
família era de Campina Grande (PB).
Os pais foram para o Rio ainda jovens em
busca de emprego.
O pai, que já morreu, era torneiro mecânico.
A mãe, dona de
casa.
Além de Anderson e Francisco, tiveram duas filhas.
Segundo Francisco, a
família é grande e unida.
"Ainda não caiu a ficha.
Ainda acho que ele vai
aparecer no churrasco no sábado", diz ele.
O que mais pode ser a cara
do atual Brasil em que vivemos?
Violento, com seus moradores
inseguros, pessimamente administrado por governantes de todos os setores que
compõem o Estado, estes com seus descasos de todas as ordens e com todos os
setores da sociedade, o virar de costas para os menos favorecidos, a ambição e
a cara de pau em como obter mais e mais, eis a corrupção que mata, eis a pior
das corrupções, atirando antes de perguntar.
Outro
aspecto a ser levantado, aliás criticado pela própria Marielle, se dá no âmbito
da total ineficácia e atrapalhada decisão política que vêm sendo a Intervenção
Federal do Estado do Rio de Janeiro, que além de nítida jogada política
anestésica, a exemplo do Rio da Copa do Mundo e o Rio das Olimpíadas para a
população fluminense, vai, mais uma vez, como na Copa e nas Olimpíadas,
empurrando com a barriga os erros grosseiros de seu Governador Pezão, de seu
Prefeito reacionário Crivella e do Governo Federal, na pessoa de seu Ministro
da Segurança Pública Raul Jungmann e seu chefe, o Presidente Michel Temer.
Não esqueçam, jamais, que Mariella e
Anderson foram executados em período de Intervenção Federal de sua cidade.
Há por parte do Governo Federal uma preocupação capital com o caso Marielle, tamanha a repercussão e comoção nacional e mundial que o caso recebe, juntamente com fortes críticas de países aliados do Brasil e de Instituições internacionais de toda grandeza e ordem.
Prova disto é o pedido da procuradora-geral
da República Raquel Dodge, para que se “federalize” as investigações da
execução, bem como, do Ministroda Segurança Pública, Raul
Jungmann, que já conversou com o interventor do Estado, o General Braga Netto,
para que a Polícia Federal auxiliasse nas investigações.
Nada mais conveniente e
amenizador.
Atualmente para os
brasileiros a Polícia Federal é a instituição com melhor credibilidade na
prestação de seus serviços, por conta das mais variadas investigações que por
esta estão sendo capitaneadas, estando dentre estas a maior, a Lava-Jato.
Quem
foi?
Quem executou Marielle e
Anderson?
Para mim não resta muitas
dúvidas quando analiso tudo que já fora dito e lido por mim no que se refere ao assunto.
Se trata de ato
policial, ou por meio de milicianos, inconformados com a intromissão da
Vereadora em assuntos que os perturbam, ou por meio de maus policiais, corruptos, mercenários
contratados para executar a Vereadora e seu motorista.
A forte possibilidade que se
levanta é o fato de Marielle ser uma crítica ferrenha da Polícia Militar do Rio
de Janeiro no decorrer de suas militâncias, manifestos e curta carreira
política, mais especificamente, do 41º Batalhão da Polícia Militar de Acari, o
qual Marielle chamou várias vezes de “Batalhão da Morte”.
No sábado, dia 10 de março,
a vereadora usou a rede social Facebook para criticar a atuação dos policiais
do 41º Batalhão do Acari.
“Precisamos gritar para que
todos saibam o está acontecendo em Acari nesse momento.
O 41° Batalhão da Polícia
Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari.
Nessa semana dois jovens foram mortos e jogados em um valão.
Hoje a polícia
andou pelas ruas ameaçando os moradores.
Acontece desde sempre e com a
intervenção ficou ainda pior”, escreveu.
Postou ainda:
“O que está acontecendo
agora em Acari é um absurdo!
E acontece desde sempre!
O 41° batalhão da PM é
conhecido como Batalhão da morte.
CHEGA de esculachar a população!
CHEGA de
matarem nossos jovens!”
No dia 13 de março, nova
denúncia feita pela vereadora nas redes sociais:
“Mais um homicídio de um
jovem que pode estar entrando para a conta da PM.
Matheus Melo estava saindo da
igreja.
Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”.
Desta forma não pode se descartar
que os assassinos sejam milicianos ou policiais corruptos.
Outro aspecto que fortalece
essa hipótese que é a qual defendo se dá pelo modus operandi do crime, que
lembrou o da emboscada que matou a juíza Patrícia Acioli em 2011, assassinada
com 21 tiros por sua atuação contra grupos de milicianos.
Posteriormente descobriu-se
que o crime foi encomendado e executado por integrantes de uma milícia carioca.
"Estou devastado (...)
Temos estado juntos na longa militância.
Estive com ela dois dias antes de
viajar, semana passada.
Faltam palavras para expressar o horror e mal posso
imaginar o que se passa na cabeça de sua filha e de sua família.
E o motorista,
sua família, um trabalhador inocente, honrado?
A polícia confirma que foi
execução.
Luiz Eduardo Soares, cientista
político e especialista em segurança pública.
Soares lembrou o caso da
juíza Patricia Acioly, assassinada em 2011 por policiais militares, afirmando
que "é possível que o mesmo tenha acontecido" com Marielle.
"(...) quando a população vai despertar e entender que a insegurança
pública começa nos segmentos corruptos e brutais das polícias, e que não
podemos conviver mais com esse legado macabro da ditadura.
Vamos continuar
falando em "desvios de conduta individuais"?
O que fazer, agora, além
de chorar?", escreveu Soares.
"O assassinato de Marielle Franco
foi político, assim como todos os 61.000 homicídios que ocorrem por ano no
Brasil são políticos.
Eles são fruto da política
da impunidade levada a cabo, ano após ano, por governos de esquerda e direita,
nos diferentes níveis de administração pública.
Polícia corrupta ou que não
investiga, governantes corruptos, populistas ou incompetentes que facilitam a
vida da bandidos, Justiça que não prende, prende mal ou manda soltar, a
apologia da vendetta pura e simples — tudo isso compõe a política da impunidade
que matou Marielle e todos os brasileiros vítimas de homicídio.
E que continuará a matar,
infelizmente, porque a política da impunidade é política de Estado, as exceções
confirmando a regra."
Já no dia 16/03 assim
postou:
“O lote de balas UZZ-18,
usado pelos assassinos de Marielle Franco e Anderson Gomes, já havia sido usado
na maior chacina de São Paulo, em agosto de 2015, na qual 23 pessoas foram
mortas.
O Globo acrescenta que um
policial militar foi condenado pela chacina.
Outros dois PMs e um guarda
municipal também foram acusados pelo crime.
A esta altura, tudo indica
que Marielle Franco e Anderson Gomes foram assassinados por milicianos: munição
roubada ou doada pela PF, balas do mesmo lote da chacina em São Paulo cometida
por PMs, o modus operandi e vítima ativista contra a violência policial.
Será uma surpresa e tanto se não forem milicianos.”
Amadorismo
sim?
“Aqui não tem amador”.
Ministro Moreira Franco, da
Secretaria Geral, para justificar os riscos que correriam ao levar adiante a
projeto dos soldados nas ruas.
O gosto amargo veio da
percepção de que o crime aconteceu sob as barbas do Exército na rua, e da
polícia militar.
Ou seja, o assassino ou o
grupo que determinou a sua morte, revelou o profundo desprezo pelo aparato do
Estado e o papel simbólico que Marielle representava: negra, favelada,
feminista.
Nota
do PSOL
“Esse medo, esse desespero, a iminência de um confronto, é onde corta na nossa carne.”
Marielle Franco sobre a intervenção do Exército para conter a violência no Rio.
Como se não bastasse e como disse o fato em si e toda a comoção, muitos foram as declarações misóginas, racistas e políticas contrárias ao PSOL e a pessoa de Marielle Franco.
Quanto a isto, prefiro não estender muito o assunto, já que qualquer manifestação neste sentido não deve ter nem receber fôlego.
Prefiro sim, demonstrar aqui algumas das mais sinceras declarações de apoio e comoção diante do que ocorreu.
Independentemente da
Vereadora Marielle Franco ser de um partido dito polarizado, muitas vezes
radical e coisas afim, não consegui ver durante o percurso desta mulher nenhuma
característica dela neste sentido.
O que vi, tive como exemplo e aprendi ao
conhecer a pessoa de Marielle Franco através deste texto foi a imagem de uma
mulher lutadora e dona de seus ideias, preparada, qualificada e articulada,
fatos estes que a levaram a ser votada como foi e a exercer seu trabalho como
exerceu, de forma exemplar para o futuro do país e de políticos.
Nota do PSOL:
O Partido
Socialismo e Liberdade vem a público manifestar seu pesar diante do assassinato
da vereadora Marielle Franco e de Anderson Pedro Gomes, motorista que a
acompanhava.
Estamos ao lado dos familiares, amigos, assessores e dirigentes
partidários do PSOL/RJ nesse momento de dor e indignação.
A atuação de Marielle
como vereadora e ativista dos direitos humanos orgulha toda a militância do
PSOL e será honrada na continuidade de sua luta.
Não podemos descartar a
hipótese de crime político, ou seja, uma execução.
Marielle tinha acabado de
denunciar a ação brutal e truculenta da PM na região do Irajá, na comunidade de
Acari.
Além disso, as características do crime com um carro emparelhando com o
veículo onde estava a vereadora, efetuando muitos disparos e fugindo em seguida
reforçam essa possibilidade.
Por isso, exigimos apuração imediata e rigorosa
desse crime hediondo.
Não nos calaremos!
Marielle, presente!
Partido Socialismo e
Liberdade
14 de março de 2018.
Pressão
sim!
“Independentemente da
motivação dos autores da execução, o que houve ontem foi um assassinato
político.
Trata-se de um novo degrau
de aprofundamento das dinâmicas de violência no Rio de Janeiro, inaugurando uma
nova modalidade de homicídio, o homicídio estritamente político”.
Nota do Observatório da
Intervenção, criado pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania
“Entendemos que os fatos
prescindem de um tratamento diferenciado de um crime comum, decorrente da
violência urbana cotidiana.
A investigação dos crimes
praticados contra os defensores e defensoras de direitos humanos tem,
necessariamente, que partir do contexto de sua atuação.”
Nota da ONG Centro Pela Justiça
e o Direito Internacional
“A relevância política de
Marielle, assim como de suas denúncias e o contexto de seu assassinato são
fatores determinantes que devem ser tratados como eixo central na apuração dos
fatos”, completava a ONG, que tem por objetivo fiscalizar a aplicação das
normas internacionais de direitos humanos dos países membros da Organização dos
Estados Americanos, do qual o Brasil faz parte.
O caso teve repercussão
internacional e levou alguns deputados europeus de esquerda a solicitarem a suspensão
das negociações com o Mercosul diante do desrespeito aos direitos humanos no
Brasil.
Não se sabe o alcance dessa
demanda, mas não há dúvidas que a morte de Marielle é um fator de pressão para
o Governo brasileiro, que já vivia a desconfiança de seu plano de segurança
para o Rio, e que vive constantes chamadas do exterior sobre o desrespeito aos
direitos humanos.
Segundo o Jamil Chade,
correspondente do jornal O Estado de S. Paulo, a Organização das Nações Unidas
mandaram diversos alertas ao Brasil sobre ativistas de direitos humanos mortos
ou ameaçados no ano passado.
Todos sem resposta.
“Condenamos o profundamente
chocante assassínio no Brasil da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e
de seu motorista”, diz uma nota assinada pela porta-voz do Escritório do Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), Liz
Throssell.
“Marielle [Franco] foi uma reconhecida defensora dos direitos humanos
que atuava contra a violência policial e pelos direitos das mulheres e das
pessoas afrodescendentes, principalmente nas áreas pobres”, lê-se na nota.
A ONU
pediu que as investigações“sejam feitas o mais rápido possível” e de forma
“completa, transparente e independente”, para que os resultados “possam ser
vistos com credibilidade”.
Nota urgente: justiça para
Marielle Franco
Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro e
defensora de direitos humanos, foi assassinada na noite de quarta-feira, 14.
(Foto: Mídia Ninja)
"O Estado, através dos
diversos órgãos competentes, deve garantir uma investigação imediata e rigorosa
do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro e defensora dos direitos humanos
Marielle Franco.
Marielle foi morta a tiros na noite desta quarta feira, 14 de
março, no bairro do Estácio na cidade do Rio de Janeiro.
Marielle Franco é
reconhecida por sua histórica luta por direitos humanos, especialmente em
defesa dos direitos das mulheres negras e moradores de favelas e periferias e
na denúncia da violência policial.
Não podem restar dúvidas a respeito do
contexto, motivação e autoria do assassinato de Marielle Franco.
#JustiçaParaMarielle"
Anistia Internacional
O
mundo se choca e apoia Marielle e Anderson, condenando Brasil.
Manifestos e apoio de pessoas e instituições de toda parte.
"Marielle Franco é reconhecida por sua histórica luta por direitos humanos, especialmente em defesa dos direitos das mulheres negras e moradores de favelas e periferias e na denúncia da violência policial.
Não podem restar dúvidas a respeito do contexto, motivação e autoria do assassinato de Marielle Franco".
Anistia Internacional
#MariellePresente
Notícia -
15 - mar - 2018
O Greenpeace lamenta profundamente a morte de Marielle Franco,
vereadora pelo PSOL (RJ), uma mulher guerreira que dedicou sua vida pessoal,
profissional e acadêmica na construção de uma sociedade melhor, mais inclusiva
e participativa .
A vereadora Marielle Franco, foi assassinada
na noite de ontem, no Rio de Janeiro, junto com o condutor do carro onde
estava, Anderson Pedro Gomes, em um crime com características de execução,
segundo as investigações iniciais das autoridades.
O Brasil é um dos países onde
mais se mata ativistas pelos direitos humanos e ambientais e o assassinato de
Marielle Franco leva estas estatísticas a um patamar mais preocupante e
inaceitável.
O Greenpeace demanda uma investigação completa e profunda deste
assassinato e a punição de todos os envolvidos.
Marielle Franco segue presente e
viva na luta e dedicação de todas e todos que acreditam que inclusão,
diversidade, respeito são elementos essenciais para a construção de um país
mais justo e humano.
Autoridades
e celebridades.
"Atiraram em 50 mil votos e
acertam os corações e as mentes do Brasil e da comunidade internacional.
Do
recado mandado faremos um alerta nacional!"
Marielle Franco e Anderson
presentes!”.
Jaqueline Muniz, professora da Universidade Federal Fluminense e uma
das mais enérgicas em se posicionar contra a intervenção.
“Morre uma mulher.
No
caso de Marielle, morre um pouco cada uma de nós.
Fica viva sua luta por
Justiça e igualdade.
E o nosso compromisso de continuar com ela.
Assim, ela
continua conosco.
Para sempre Marielle!”
Ministra Cármen Lúcia do STF
"Tem faltado palavras
para descrever o que está acontecendo no Rio de Janeiro, uma combinação de
corrupção, violência e mediocridade.
É um círculo vicioso difícil de se romper
e que tem conduzido a extrema violência que nós estamos enfrentando continuar a
luta por justiça e por igualdade"
Ministro Luís Roberto
Barroso.
“Todos que velam pela
higidez do processo democrático ficaram chocados que no mundo de hoje se tente
calar a voz da política com uma atitude que demonstra um baixíssimo déficit
civilizatório nesse campo”. “Nesses momentos a sociedade
sofre muito, mas a sociedade não se cala nem há de se calar. Nós aqui, em nome
de todos os colegas [magistrados], das bancas [de advocacia] e dos eleitores,
gostaríamos de manifestar profundo pesar pela trágica morte dessa vereadora.”
Presidente do Tribunal
Superior Eleitoral, Luiz Fux
“Hoje é dia em que nós
mulheres estamos todas enlutadas pela morte de Marielle, uma vereadora
combativa, defensora dos direitos humanos e feminista ativa que lutava pelos
direitos de todos nós”.
advogada Maria Cláudia
Bucchianeri Pinheiro - Movimento Mais Mulheres no Direito
Marielle
Franco é assassinada no Rio de Janeiro em fotos:
Ainda deve ser ressaltada, valorizada e aplaudida a participação do povo (em massa) brasileiro em todos os lugares do país, brasileiros que marchando em manifestações, gritaram, desabafaram e, com isto, mantem o grito, o desafogo que Marielle defendia em tom de revolta diante da violência que assola o país.
Protesto contra a
morte da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSOL) reúne milhares de
pessoas na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro
No Rio de Janeiro,
manifestantes carregam velas e cartazes em homenagem a ex-vereadora
Milhares de pessoas
também protestaram na Avenida Paulista, região central de São Paulo
Faixas e cartazes dos
manifestantes em SP também pediam justiça e o fim da violência
O deputado estadual
Marcelo Freixo e o vereador David Miranda do PSOL ajudam a carregar o caixão da
ex-vereadora Marielle Franco, em velório na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Milhares de pessoas
realizam ato em memória e solidariedade ao motorista Anderson Pedro Gomes e à
vereadora Marielle Franco, em frente à Câmara dos Vereadores, no Rio de Janeiro
Pessoas prestam suas
homenagens à vereadora Marielle e ao motorista Anderson e deixam flores na
escadaria da Câmara dos Vereadores
Multidão cobra
justiça pelo assassinato da vereadora e do motorista Anderson
Manifestante pede fim
do uso de armas
Câmara realiza sessão
solene em homenagem à Marielle Franco
Conhecidos de
Marielle consolam uns aos outros próximo ao local onde ocorreu o crime
Polícia do Rio de
Janeiro reboca carro em que a vereadora Marielle Franco foi assassinada
Parentes e amigos se
emocionam no local do crime
Repercussão
da morte de Marielle Franco
Os protestos contra a morte
de Marielle Franco e Anderson Gomes, em imagens
Atos foram convocados em
várias capitais. Velório dos corpos das vítimas, assassinados a tiros no centro
do Rio de Janeiro, acontecem na Câmara Municipal.
Protesto do lado de
fora da Câmara Municipal do Rio de Janeiro após a vereadora Marielle Franco e
seu motorista Andeson Gomes terem sido assassinados na noite de quarta-feira.
RICARDO MORAES REUTERS
Mulher deposita
flores em escadaria em homenagem a Marielle e Anderson. LEO CORREA AP
Mulher chora durante
ato contra a morte de Marielle no Rio. ANTONIO LACERDA EFE
Centenas de
manifestantes protestaram contra o assassinato da vereadora e de seu motorista
no Rio.
Criança cola cartaz
em homenagem à vereadora Marielle Franco. RICARDO MORAES REUTERS
Ato de repúdio ao assassinato de Marielle e
Anderson no Rio. ANTONIO LACERDA EFE
Mulheres se abraçam
durante ato em homenagem à vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes. RICARDO
MORAES REUTERS
A vereadora Marielle
Franco em imagem de novembro de 2017.
Ato em homenagem à
vereadora Marielle Franco na Câmara dos Deputados, em Brasília, nesta
quinta-feira. JOÉDSON ALVES EFE
Deputados do PSOL,
partido de Marielle, levaram cartazes e flores em homenagem à vereadora carioca
na Câmara dos Deputados, em Brasília. JOÉDSON ALVES EFE
Milhares de pessoas
participam de um protesto diante da Câmara dos Vereadores, no centro da capital
fluminense, onde os corpos de Marielle e do motorista Anderson Gomes foram
velados nesta quinta, 15 de março. SERGIO MORAES REUTERS
Flores e faixas deixadas na escadaria da
Câmara dos Vereadores do Rio. SERGIO MORAES REUTERS
O corpo de Marielle
Franco é carregado por familiares e amigos, entre eles o ex-deputado Marcelo
Freixo (PSOL), de quem a vereadora foi assessora. LEO CORREA AP
Milhares de pessoas
no protesto no Rio contra os assassinatos de Marielle Franco e do motorista
dela, Anderson Gomes. ANTONIO LACERDA EFE
Manifestantes reunidos em torno da Câmara
Municipal do Rio de Janeiro.
Manifestantes se
reúnem na avenida Paulista, em São Paulo. STRINGER REUTERS
Quem era Marielle Franco
como vereadora, em fotos:
Marielle Franco e sua
mulher, Monica Benício
Anielle Franco,
Marielle Franco e a filha de Marielle Luyara em jogo do Flemengo no Maracaná
Marielle foi da equipe de Marcelo Freixo antes
de se lançar candidata | Foto: Facebook/Marielle Franco
O
paradoxo de uma tragédia
Mais do que óbvio é minha
concordância no sentido de que se trata a execução de Marielle Franco algo que
já se tornou paradoxal.
De um lado, o de bom que
fica, Legado de Marielle, se é que pode ser dito assim, aquilo que se pode tirar de bom desta tragédia, algo terrível, mas se falando em paradoxo, mas que acaba tornando-se eficiente neste sentido (impacto e revolta), o que não pode se negar, se refere ao reforço, o acordar para o exercício de trazer a tona todas as lutas que a Vereadora travava diariamente, bem como o que defendia, as ideologias de cidadania que a moviam a trabalhar em um mandato que não era seu, mas do
povo, como ela mesma disse, e que trouxe a mim e a todos que a não conheciam,
uma sensação de tratar-se ela de alguém que estava representando a renovação na figura do político, algo jovem, corajoso, representativo, renovado, baseado em alguém que realmente estava
atuando em prol de vários interesses da sociedade e para a sociedade e não em
prol de si mesma.
O lado ruim é o que todos
nós já sabemos, através de tudo que fora dito e visto e tudo que já foi dito por mim, por tudo que coloco aqui
para ilustrar o fenômeno que se torna este ato brutal. Mas que o ruim sirva aqui
como força de resiliência para todos nós, para os parentes e para Brasil no sentido de fazer com que todos
reflitamos tanto pelo bom, se é que se pode tirar uma reflexão boa, como pelo ruim que é óbvio.
Precisamos estar mais
antenados nos fatos que ocorrem ao nosso redor, nos informarmos mais, aproveitar para que possamos assim, escolher, se for possível (meu voto até o momento é nulo), um(a) representante
que faça algo muito mais efetivo do que fora feito até agora. Tal reflexão deve ser feita a curto prazo para as eleições presidenciais, mas deve, como exercício cívico, continuar sendo feito por todos nós, para que a médio e longo prazo possamos estabelecer um perfil de país moderno, politizado de fato e consciente do que é preciso fazer e do que queremos.
Devemos, da mesma forma, exercitar a nossa
resistência ao racismo, a xenofobia, a homofobia, a misoginia, a pedofilia, contra a
banalização da vida e da psique humana, enfim, contra a violência desenfreada que
desce ladeira abaixo em nosso país como um caminhão lomba abaixo sem freios e cheio de
explosivos.
Por fim, fica a lição que a
mulher e pessoa pública Marielle Franco nos deixa.
Um legado de uma mulher forjada por muitas minorias, com o peso de muitos preconceitos que sofreu, e por sofrer, defendeu o repúdio a estes com a
sua vida, e não só isto, pagou com esta por falar, se portar, mas principalmente, agir
como a maioria dos políticos não tem coragem de agir, fazendo algo de relevante diante das coisas
grotescas, boçais e bárbaras que acontecem com nossos semelhantes em nosso país.
O que Marielle fez foi tomar
a corajosa decisão de colocar sua própria vida em risco, acima e a favor
daqueles que não tem voz em nosso país, e que quando a tem, dado a estes por alguém como Marielle, não são sequer ouvidos
ou levados a sério.
As bandeiras de Marielle
eram as mais difíceis de ser carregadas em um país hipócrita como o nosso que
diante de pesquisas sérias, de números que não podem ser contestados, nada faz
para que estes mesmos, sejam diminuídos, e que com isto, menos de seus
semelhantes sofram estas injustiças.
Algo importante. Aquele que pensa que não somos culpados
pela morte de Marielle Franco e de Anderson Pedro Gomes, saiba que somos sim, e quem disser que não ou assim não se sentir, continuará contribuindo para que mais casos assim permaneçam acontecendo.
Eu falo de agir, temos que
agir e parar só de falar.
Algo definitivamente tem que
ser feito.
É unanimidade que isto tenha
que acontecer, e não é de hoje, faz tempo, mas algo que me tranquiliza um pouco, é que já estamos como povo, tendo esta consciência, o que já é algo muito importante.
Tudo que aconteceu após a
execução, manifestações, manifestos de todo tipo de pessoa nas redes sociais,
etc., trata-se nada mais, do que um grito com tom de desespero e de pedido de ajuda de
toda uma sociedade, amedrontada, apavorada, grito este que Marielle e/ou
Anderson sequer poderão mais entoar, pois foram executados a queima roupa com
nove tiros, nove contra três, nove tiros contra três pessoas inocentes. Todos
sabemos que em um jogo da morte de nove tiros contra três pessoas inocentes
quem sempre sairá perdendo são as pessoas inocentes.
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