Stephen William Hawking (Oxford,
8 de janeiro de 1942 – Cambridge, 14 de março de 2018) foi um físico teórico e
cosmólogo britânico e um dos mais consagrados cientistas da atualidade.
Doutor
em cosmologia, foi professor lucasiano emérito na Universidade de Cambridge, um
posto que foi ocupado por Isaac Newton, Paul Dirac e Charles Babbage.
Foi,
pouco antes de falecer, diretor de pesquisa do Departamento de Matemática Aplicada
e Física Teórica (DAMTP) e fundador do Centro de Cosmologia Teórica (CTC) da
Universidade de Cambridge.
Stephen William Hawking
nasceu exatamente no aniversário de 300 anos da morte de Galileu.
Seus pais
eram Frank Hawking, um biólogo pesquisador que trabalhava como parasitólogo no
Instituto Nacional de Pesquisa Médica de Londres, e Isabel Hawking.
Teve duas
irmãs mais novas, Philippa e Mary, e um irmão adotivo, Edward.
Hawking sempre
foi interessado por ciência. Em sua infância, quando ainda morava em St Albans,
estudou na St Albans High School for Girls (garotos de até 10 anos eram educados
em escolas para garotas) entre 1950 e 1953 - ele foi um bom aluno, mas não era
considerado excepcional;
Entrou, em 1959, na
University College, Oxford, onde pretendia estudar matemática, conflitando com
seu pai, que gostaria que Stephen estudasse medicina.
Como não pôde, por não
estar disponível em tal universidade, optou então por física, formando-se três
anos depois (1962).
Seus principais interesses eram termodinâmica, relatividade
e mecânica quântica. Obteve o doutorado na Trinity Hall em Cambridge em 1966,
de onde era um membro honorário.
Depois de obter doutorado, passou a ser
pesquisador e, mais tarde, professor no Gonville and Caius College.
Depois de
abandonar o Instituto de Astronomia em 1973, Stephen entrou para o Departamento
de Matemática Aplicada e Física Teórica tendo, entre 1979 e 2009, ano em que
atingiu a idade limite para o cargo, ocupado o posto de professor lucasiano de
Matemática, cátedra que fora de Newton, tendo sido professor lucasiano emérito
da Universidade de Cambridge.
Casou pela primeira vez em
julho de 1965 com Jane Hawking, separando-se em 1991. Casou depois com sua
enfermeira Elaine Mason em 16 de setembro de 1995, da qual se divorciou em
2006.
Hawking continuou combinando a vida em família (seus três filhos e três netos)
e sua investigação em física teórica junto com um extenso programa de viagens e
conferências.
Hawking era portador de
esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma rara doença degenerativa que paralisa
os músculos do corpo sem, no entanto, atingir as funções cerebrais, sendo uma
doença que ainda não possui cura.
A doença foi detectada quando tinha 21 anos.
Em 1985 Hawking teve que submeter-se a uma traqueostomia após ter contraído
pneumonia visitando o CERN na Suíça e, desde então, utilizava um sintetizador
de voz para se comunicar.
Gradualmente, foi perdendo o movimento dos braços e
pernas, assim como do resto da musculatura voluntária, incluindo a força para
manter a cabeça erguida, de modo que sua mobilidade era praticamente nula.
Em
2005 Hawking usava os músculos da bochecha para controlar o sintetizador, e em
2009 já não podia mais controlar a cadeira de rodas elétrica.
Desde então
outros grupos de cientistas estudaram formas de evitar que Hawking sofresse de
síndrome do encarceramento, cogitando traduzir os pensamentos ou expressões de
Hawking em fala.
A versão mais recente, desenvolvida pela Intel e cedida a
Hawking em 2013, rastreava o movimento dos olhos do cientista para gerar
palavras, embora o cientista tenha afirmado em seu site oficial que preferia
usar o "cheek tracking" (rastreamento da bochecha) para utilizar a
interface ACAT (Sistema desenvolvido pela Intel).
"No entanto, embora eles
funcionem bem para outras pessoas, eu ainda acho que o interruptor na minha bochecha
é mais fácil e menos cansativo de usar".
Em 9 de janeiro de 1986, foi
nomeado pelo papa João Paulo II membro da Pontifícia Academia das
Ciências.
Em 2015, em Londres, Drake,
Martin Rees e o empresário russo Yuri Milner, juntamente com Stephen Hawking,
anunciaram suas intenções de fornecer US$ 100 milhões em financiamento ao longo
da próxima década para os melhores pesquisadores do SETI, através do projeto
Breakthrough Listen, que permitiria que novos levantamentos de dados
rádio-ópticos pudessem ocorrer usando os mais avançados telescópios.
Em
dezembro de 2017, Hawking processou o governo britânico por querer privatizar o
Serviço Nacional de Saúde.
Stephen Hawking morreu na
sua casa em Cambridge em 14 de março de 2018, aos 76 anos, devido a
complicações da sua doença degenerativa.
Aparições
na Cultura Popular
Participações em filmes,
séries e programas de TV
Em 1993 participou num
episódio da série Star Trek: The Next Generation numa cena em que é um
holograma, conjuntamente com Newton e Einstein, jogando cartas com o personagem
Data.
Fez algumas participações em
The Simpsons, Futurama, Dexter's Laboratory, The Fairly OddParents, Family Guy
e na tira de jornal Dilbert.
Recentemente fez uma participação numa propaganda
do Discovery Channel chamada Eu amo o Mundo, onde ele disse "Boom De Ya
Da".
Em 2012, participou num
episódio de The Big Bang Theory, onde conversa com Sheldon Cooper.
Neste
episódio, Sheldon Cooper cometeu um erro básico de aritmética e desmaiou na
frente de Stephen. No mesmo ano, Hawking leu um discurso durante a cerimônia de
abertura dos Jogos Paralímpicos de Verão de 2012 em Londres.
Músicas
Em 1994, Hawking apareceu na
propaganda de uma empresa de seguros.
Uma frase citada por ele no anúncio
("As maiores realizações da humanidade surgiram de conversas, e os maiores
fracassos de não se conversar. Isso não precisa ser assim.") inspirou
David Gilmour, da banda britânica Pink Floyd, que sampleou a voz sintetizada do
físico na canção "Keep Talking" do álbum The Division Bell.
Vinte anos depois, o álbum
feito a partir das sobras de estúdio de The Division Bell, The Endless River,
usa um sample de Hawking gravado para um comercial na faixa "Talkin'
Hawkin'".
Em 2012, Hawkings teve uma
de suas falas sampleadas na canção "Entry of the Flame", presente no
álbum Enlightenment: Music for the opening ceremony, que é o álbum oficial dos
Jogos Paralímpicos de Verão de 2012, que foram realizados em Londres.
Em 2015, mais uma vez sua
voz sintetizada foi sampleada na canção "Galaxy Song", presente no
álbum "Stephen Hawking Sings Monty Python".
Críticas
Apesar de ter sido um físico
conhecido e renomado, muitos físicos criticaram Hawking, argumentando que ele
agia mais como um astro pop do que como um físico.
Em 2004, ao ter anunciado
que havia solucionado o paradoxo da informação, Hawking chamou a atenção de
físicos do mundo inteiro, porém nunca apresentou nenhum cálculo que comprovasse
isso.
Dez anos depois, chegou a dizer que os buracos negros não existem, apesar
de ser consenso entre os físicos que eles existem, porém novamente ele disse
sem nenhuma comprovação matemática.
Novamente em 2014, ele alertou a humanidade
que a manipulação de Bóson de Higgs poderia levar à destruição do universo, mas
a comunidade científica não deu apoio a essa tese.
Hawking chegou, inclusive, a
apostar com um físico da Universidade de Michigan que o Bóson de Higgs não
existia.
Peter Higgs, que fez a descoberta do Bóson de Higgs, disse que era
difícil discutir com Hawking por causa de seu status de celebridade.
Mario
Novello disse que atualmente a ciência se tornou midiática e Hawking atuava
como uma celebridade.
Cinebiografias
A vida de Stephen Hawking já
foi contada em dois documentários e dois filmes.
Os documentários foram A
Brief History of Time (1991), em que Errol Morris usou o livro homônimo como
base para relatar a vida do cientista, e Hawking (2013), narrado pelo próprio
Hawking.
Em 2004, o filme televisivo
Hawking foi lançado pela BBC Two.
Dirigido por Philip Martin, o filme estrela
Benedict Cumberbatch como Hawking, focando em seu período na Universidade de
Cambridge.
Outra biografia mais
abrangente foi lançada nos cinemas em 2014, The Theory of Everything (No Brasil
e em Portugal A Teoria de Tudo), baseado no livro de memórias de Jane Hawking,
Travelling to Infinity: My Life with Stephen.
Dirigido por James Marsh e
estrelando Eddie Redmayne como Hawking e Felicity Jones como Wilde, o filme
começa com Hawking conhecendo a futura esposa em Cambridge e vai mostrando as
dificuldades da vida do casal enquanto Hawking alcançava a fama com suas
teorias e tinha seu corpo definhado por uma doença motora degenerativa.
Após
assistir uma versão finalizada do filme, Hawking aprovou a biografia e permitiu
aos cineastas usarem sua voz sintetizada e protegida por direitos autorais na
versão final.
A interpretação de Hawking por Redmayne garantiu-lhe o Oscar de
melhor ator.
Ateísmo
Hawking se descrevia como
ateu.
Em algumas ocasiões, usou a palavra "Deus" em seus livros e
discursos, mas, segundo ele próprio, no sentido metafórico e relativo.
Sua
ex-esposa Jane afirmou que, durante o processo de divórcio, ele se descreveu como
ateu.
Hawking declarou que não era religioso no sentido comum, e que acreditava
que "o universo é governado pelas leis da ciência.
As leis podem ter sido
criadas por um Criador, mas um Criador não intervém para quebrar essas
leis".
Hawking comparou a ciência e a religião durante uma entrevista,
dizendo "há uma diferença fundamental entre a religião, que se baseia na
autoridade, e a ciência, que se baseia na observação e na razão.
A ciência vai
ganhar porque ela funciona".
Em alguns trechos de seus
livros, Hawking também parece seguir uma linha de pensamento similar à de
Einstein e Espinoza, no que tange à admiração e o deslumbre pela ordem e
complexidade presentes no universo, ainda que nunca tenha referido a si próprio
como panteísta.
No livro "Uma breve história do tempo" ele cita que
"tanto quanto o Universo teve um princípio, nós poderíamos supor que tenha
um Criador".
Ainda nesse livro, ele diz que "no entanto, se nós
descobrirmos uma teoria completa...então nós conheceríamos a mente de Deus".
Porém, em seu mais recente e
polêmico livro "The Grand Design", Stephen Hawking mudou suas antigas
declarações sobre a ideia de um criador e afirma que "Deus não tem mais
lugar nas teorias sobre criação do universo, devido a uma série de avanços no
campo da física".
No livro, afirma que "Por haver uma lei como a
gravidade, o universo pode e irá criar a ele mesmo do nada.
A criação
espontânea é a razão pela qual algo existe ao invés de não existir nada, é a
razão pela qual o universo existe, pela qual nós existimos", dizendo que o
Big Bang foi simplesmente uma consequência da lei da gravidade.
Hawking também
cita a descoberta, feita em 1992, de um planeta que orbita uma estrela fora do
Sistema Solar, como um marco contra a crença de Isaac Newton de que o universo
não poderia ter surgido do caos.
Obra
Os principais campos de
pesquisa de Hawking foram cosmologia teórica e gravidade quântica.
Em 1971, em
colaboração com Roger Penrose, provou o primeiro de muitos teoremas de
singularidade; tais teoremas fornecem um conjunto de condições suficientes para
a existência de uma singularidade no espaço-tempo.
Este trabalho demonstra que,
longe de serem curiosidades matemáticas que aparecem apenas em casos especiais,
singularidades são uma característica genérica da relatividade geral.
Hawking também sugeriu que,
após o Big Bang, primordiais ou miniburacos negros foram formados.
Com Bardeen
e Carter, ele propôs as quatro leis da mecânica de buraco negro, fazendo uma
analogia com termodinâmica.
Em 1974 calculou que buracos negros deveriam,
termicamente, criar ou emitir partículas subatômicas, conhecidas como radiação
Hawking, além disso, também demonstrou a possível existência de miniburacos
negros.
Hawking também participou dos primeiros desenvolvimentos da teoria da
inflação cósmica no início da década 80 com outros físicos como Alan Guth,
Andrei Linde e Paul Steinhardt, teoria que tinha como proposta a solução dos
principais problemas do modelo padrão do Big Bang.
Hawking escreveu diversos
livros que ajudaram a divulgar complexas teorias cosmológicas em linguagem
fácil para leigos.
O primeiro foi Uma Breve História do Tempo, escrito entre
1982 e 1984 e vendendo mais de 10 milhões de cópias. Obras seguintes incluem O
Universo numa Casca de Noz (2001), Uma Nova História do Tempo (2005, versão
atualizada de sua estreia co-escrita com Leonard Mlodinow) e God Created the
Integers (2006).
Em parceria com sua filha Lucy, Hawking também escreveu livros
infantis sobre o universo com George e o Segredo do Universo (2007) e suas duas
continuações.
O asteróide 7672 Hawking foi
nomeado em sua homenagem.
Morte
Stephen Hawking morreu na sua casa em Cambridge em 14 de março de 2018, aos 76 anos, devido a complicações da sua doença degenerativa.
Livros
Breve História do Tempo: do
Big Bang aos Buracos Negros (edição portuguesa de A brief history of time).
Lisboa: Gradiva, 1988. ISBN 972-662-010-4;
Uma Breve História do Tempo:
do Big Bang aos Buracos Negros (edição brasileira de A brief history of time).
Rio de Janeiro: Rocco, 1988. ISBN 85-325-0252-0;
Buracos Negros,
Universos-Bebês e outros Ensaios. Porto: ASA, 1994. ISBN 972-41-1508-9;
O Fim da Física. Lisboa:
Gradiva, 1994. ISBN 972-662-345-8;
A Natureza do Espaço e do
Tempo (em co-autoria com Roger Penrose). Lisboa: Gradiva, 1996. ISBN
972-662-466-0;
Breve História do Tempo
Ilustrada. Curitiba: Editora Albert Einstein, 1997. Lisboa: Gradiva, 1998. ISBN
972-662-511-4;
O Universo numa Casca de
Noz. São Paulo: Mandarim, 2001. Lisboa: Gradiva, 2002. ISBN 972-662-826-1;
O Futuro do Espaço-Tempo (em
co-autoria com Alan Lightman, Kip Thorne, Igor Novikov e Timothy Ferris). São
Paulo: Companhia das Letras, 2005. ISBN 9788535906080;
Os Gênios da Ciência: Sobre
os Ombros de Gigantes. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. ISBN 85-352-1525-5;
Uma Nova História do Tempo
(em co-autoria com Leonard Mlodinow: edição brasileira de A briefer history of
time). Rio de Janeiro: Ediouro, 2005. ISBN 85-00-01857-7;
Brevíssima História do Tempo
(em co-autoria com Leonard Mlodinow: edição portuguesa de A briefer history of
time). Lisboa: Gradiva, 2007. ISBN 978-989-616-164-4;
George e o Segredo do
Universo (em co-autoria com Lucy Hawking). Rio de Janeiro: Ediouro, 2007 (As
ideias e conceitos de Física e Astrofísica de Hawking sobre o Universo,
contadas em um enredo de aventura voltado para as crianças). ISBN
978-85-00-02222-7;
O Grande Projeto (em
co-autoria com Leonard Mlodinow). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011. ISBN
978-85-20-92657-4;
Minha Breve História. Rio de
Janeiro: Intrínseca, 2013. ISBN 978-85-8057-425-8;
post: Marcelo Ferla
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