De fato, o pecado do orgulho é considerado o mais severo entre todos, mas divide com a inveja a classificação do mais maligno, conforme descreve Dante Alighieri, na Divina Comédia.
Pecados que estão interligados e que são, nos dias de hoje, aqueles que entorpecem, narcotizam, embriagam e paralisam a sociedade, tornando os homens bestiais.
Vaidade que sustentou a rivalidade a Deus e que teve como consequência sua expulsão e queda do céu. Queda tão brutal que fez das profundezas da terra seu refúgio, seu inferno, o oposto ao paraíso divino.
O inferno, lugar de condenação e sofrimento.
"Prefiro ser senhor do Inferno que escravo no Céu."
Capital derivado de "caput", que significa cabeça.
Cabeça que é a morada de nossos anjos e demônios. Por exemplo, o homicídio é o crime oriundo do pecado da ira.
Mas de todos os pecados, o orgulho é o mais poderoso, pois somos constantemente envolvidos por nossa vaidade, tal qual Eva e Adão foram seduzidos pela serpente.
Ao contrário das certezas e afirmações que insistimos em defender, das posturas e posicionamentos soberanos, convicções intransponíveis, somos pela vaidade escravizados, expondo nossas fraquezas e a contradição de nossos posicionamentos.
Um ‘eu’ tão avolumado de ganância e cobiça que, pesado, cai em si. Se destrói. Motivo este da igreja coibir tal pecado.
A beleza não poderia ser enaltecida, nem mesmo o amor próprio. Amor apenas a Deus e assim, o ascetismo religioso vigora entre os homens.
Os prazeres mundanos devem ser aniquilados em prol da fidelidade e obediência ao Ser Supremo.
Procuram, desesperadamente, curar o que não toleram na imagem refletida. Talvez a sociedade esteja vivenciando uma de suas maiores mazelas, a automutilação.
A dismorfia corporal é o transtorno psíquico do momento, pautada por uma preocupação exagerada com um defeito real ou imaginado na aparência física. É o demônio que existe em cada espelho.
A sociedade tornou-se onanista, que reivindica seu prazer, mas para tal, corrompe, distorce, maltrata, agride e açoita.
A crença contemporânea de que a virtude é a vaidade.
Eis o que ele denomina como o homem efêmero.
Aquele que não suporta sua quietude, provavelmente porque assim terá que refletir sobre a própria vida e, portanto, está sempre atrás do outro. Prefere a falta de tempo, mesmo reclamando disso, do que o marasmo que possibilita as verdades inaceitáveis.
Nas redes sociais somos o retrato da perfeição. Um paraíso de sorrisos e harmonia. Preferimos monólogos a diálogos.
Quando o outro fala, aproveitamos o ensejo para falar de nós mesmos. A vaidade é tamanha que facilmente nossa onipotência se revela e não admitimos mais falhar.
Dessa maneira, na nova pessoa exploro o quanto sou interessante e instigante.
Ele conclui: "E ao trocar sapatos, computadores e pessoas que amamos por outras, vamos substituindo a dor do desgaste, pela vaidade da novidade."
A pessoa do passado me mostra o quanto sou desinteressante, desnecessário e irrelevante.
Talvez por isso, expressar a própria opinião tenha se tornado um crime.
O soberbo não divide espaço, apropriando-se dele e, para tal, torna-se maioria em detrimento à minoria, supostamente, ignorante e inadequada.
O orgulho impossibilita que admitamos que as pessoas sejam diferentes de nós e que de fato elas podem não gostar da gente. Bem que Caetano já cantava, “Narciso acha feio o que não é espelho”.
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