DEPOIMENTO DESTE MANIFESTANTE HOJE 27/06 EM FORTALEZA
“Eu sou brasileiro, com muito
orgulho, com muito amor!”
Era isso que eu ia cantando
quando avancei contra a PM do Sr. Cid Gomes.
Por que avancei?
Em primeiro lugar, porque a
polícia não se manteve nas barreiras e avançou para acabar com a manifestação.
Uma manifestação pacífica, de cara limpa, em que tremulavam bandeiras dos
movimentos sociais e até de partidos políticos.
Não é verdade que os
manifestantes provocaram o enfrentamento.
A PM do Ceará mentiu, e a Rede
Globo também.
A maior manipulação da Globo foi
a de não seguir a linha do tempo, e apresentar imagens do final do conflito sem
nada dizer das horas de bombardeio que sofremos.
Tenho 68 anos e limitações de
locomoção, e estava sentado quando eu e minha esposa, também com 68 anos, fomos
atingidos por artefatos de gás lacrimogênio. Estávamos longe da barreira, com
vários trabalhadores, professores universitários, profissionais da saúde, e até
militantes das Pastorais da Igreja Católica.
Minha esposa foi levada por
jovens manifestantes para longe, a fim de ser tratada dos efeitos do gás. Eu
fiquei, inclusive porque peso mais de 100 quilos. Estava aplicando uma
esponjinha molhada de vinagre para poder respirar, mas vi uma jovem tão
apavorada que passei minha esponja para ela.
Levantei-me indignado e avance i
contra os escudos da barreira, de cara limpa, com a camisa contra a PEC 37. Os
PMs ficaram confusos, mas logo avançou um oficial superprotegido por escudos e
asseclas que mal podia falar.
Foi logo dizendo que eu não podia
fazer aquilo, mas respondi que estava no meu direito de manifestar-me sem
armas. Ele alegou que eu podia ser atingido por pedras, mas nenhuma foi
arremessada contra mim. As poucas que havia no chão eram pequenas, e nenhum
risco causavam a seus escudos e coletes. Disse-lhe que dispensava sua proteção,
pois quem tinha me agredido era ele, e não pedras.
Ele voltou para sua linha de
escudos.
Os jornalistas presentes logo me
perguntaram se eu era promotor, e lhes disse que era juiz aposentado e meu
nome. Até defendi o plebiscito proposto pela Presidenta Dilma.
O garboso oficial com seus
escudos laterais saiu da linha de novo e disse que iria prender-me.
Disse-lhe que não podia fazer
isso porque eu era um magistrado vitalício e não estava cometendo nenhum crime.
Exibi-lhe minha carteira funcional, e ele disse que não ia me prender, mas que
ia prender a um senhor militante do MST que tinha avançado para meu lado para
proteger-me e estava usando a camisa do movimento. Disse-lhe então que iria com
ele, e na confusão o camponês correu e o garboso oficial não teve coragem de
abandonar a linha para persegui-lo.
Dei-lhe as costas e voltei para a
meninada, que já estava mais calma, mas então ele teve coragem de mandar disparar
pelos menos cinco artefatos de gás nas minhas costas. Os meninos apagaram
quatro deles em baldes de água, e um quinto me atingiu no meio das costas. Caiu
no chão e chutei para o lado.
É bom saber: nunca dê as costas para uma hiena.
Depois de voltar para a
manifestação encontrei minha mulher, ficamos ainda algum tempo aguentando gás
lançado contra nós sem motivo, em trajetórias de longo alcance e ainda deu
tempo para sair com nosso carro e almoçarmos e m um restaurante (o que tinha
que fazer com urgência, pois já eram duas da tarde e sou diabético).
Só então tivemos notícias dos
confrontos mostrados nas imagens da Globo, por celular.
Sílvio Mota
Guerrilheiro ALN
Magistrado Federal
Manifestante de amarelo
enfrentando a polícia!"
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