Os 11 desenhistas que marcaram a história das HQs
Vinícius Matheus | Em:
Curiosidades, HQ
Quem vira a página de uma HQ pode não saber o que vai
encontrar do outro lado, mas se deixa levar pelos traços cheios de movimento
que desenham a ação. São os detalhes, as páginas minuciosamente trabalhadas em
diferentes estilos, que guiam a nossa imaginação através do universo habitado
por super-heróis. A SUPER listou 11 dos desenhistas estrangeiros que deixaram a
sua marca na história das HQs. Seguindo por sua data de nascimento, conheça os
quadrinistas que, ao lado de roteiristas geniais, construíram personagens,
cenários e cenas de ação fantásticas:
1. Alex Raymond (1909 – 1956)
Dono de um talento versátil e um estilo incisivo, o
americano Alex Raymond influenciou muita gente. Inclusive George Lucas, que
credita ao trabalho do artista o ímpeto original para imaginar o universo de
Star Wars. A criação que colocou Raymond em lugar de tamanho destaque é de
1934: foi neste ano que o artista deu vida a Flash Gordon, “o clássico
super-herói, mas no espaço sideral”, como definiria o cineasta.
Transportado para diversas mídias (incluindo filmes e séries
televisivas animadas e em live-action), o personagem foi importante para
consolidar justamente o imaginário e as ações que guiam o super-herói em sua
saga em defesa do bem – um legado difícil de ignorar.
Leia também:Charles Schulz, Jim Davis, Bill Watterson,
Quino: você reconhece todos estes cartunistas?
2. Joe Shuster (1914 – 1992)
No currículo do ilustrador canadense Joseph “Joe” Shuster,
um grande título salta aos olhos: ele criou o Super-Homem. Ao lado de seu amigo
de longa data, Jerry Siegel, Shuster começou a rascunhar fanzines ainda no
colégio. Uma delas, publicada em 1933, trazia a história “O Reino do
Super-Homem”, que, apesar do nome, não tinha muito a ver com o herói de capa
vermelha. Pelo contrário, aliás. O super-homem em questão era um vilão telepata
que queria dominar o mundo.
Descontente com o resultado, a dupla resolveu dar uma nova
forma ao personagem, criando o alter-ego Clark Kent e o herói com contornos
míticos que passaria a lutar pela justiça. Passaram-se seis anos e inúmeras
tentativas frustradas para publicar a história, até que Super-Homem despertou o interesse de Malcolm
Wheeler-Nicholson, que decidiu colocar o herói na capa do novo quadrinho da
National Allied Publications (precursora da DC Comics), a Action Comics #1, de
junho de 1938. Um marco era estabelecido ali: o personagem não apenas ajudou a
criar todo o gênero dos super-heróis nas histórias em quadrinhos, como
estabeleceu também sua supremacia nas HQs americanas. Não por acaso, a capa da
primeira edição foi vendida por 1 milhão de dólares em fevereiro de 2010. Quem
dá mais?
3. Will Eisner (1917 – 2005)
Poucos têm a honra de dar nome ao prêmio máximo de seu ramo,
mas a homenagem prestada a Will Eisner é um destes raros (e merecidos) casos.
Filho de imigrantes judeus, o americano começou sua carreira trabalhando como
cartunista no jornal New York America.
Em 1940, deu vida a um de seus personagens mais famosos:
Spirit, combatente mascarado do crime, estampava um suplemento nos jornais do
Register and Tribune Syndicate, que chegou a ter circulação de 5 milhões de
cópias entre 1940 e 1952. Eisner foi um dos responsáveis por cunhar o termo
graphic novel. Suas incursões pelo gênero resultaram em obras importantes como
Um Contrato com Deus, de 1978, e Ao Coração da Tempestade, de 1991, retratos da
vida na Nova York dos anos 30 e 40 e da experiência dos imigrantes na grande
metrópole.
“Will Eisner não apenas ilustrava um roteiro, ele pensava
tudo. Do formato das letras e dos balões aos traços dos personagens, que podiam
mudar de acordo com o estado psicológico dos personagens, ele explorava todos
os elementos para contar as histórias”, diz o pesquisador (e quadrinista)
Daniel Werneck. Em homenagem ao artista, foi criado em 1988 o Will Eisner Comic
Industry Awards – o Oscar dos Quadrinhos – anunciado anualmente na Comic-Con,
em San Diego.
4. Jack Kirby (1917 – 1994)
Os traços caricatos, as expressões faciais, as perspectivas
dinâmicas – muitas linhas que definem o super-herói norte-americano foram
traçadas por Jack Kirby. Nascido Jacob Kurtzberg, o americano começou a assinar
quadrinhos nos anos 30, ainda sob pseudônimos. Em 1941, ao lado de Joe Simon,
Kirby lançou a revista Capitão América #1, pela editora Timely Comics.
Foi depois do surgimento do Quarteto Fantástico, primeiro
time de super heróis da editora, criado por Stan Lee e Kirby, que a Timely
decidiu adotar o nome Marvel e dar um passo definitivo rumo ao conglomerado que
viria a se tornar. Ao lado de Stan Lee, Kirby deu vida ainda ao verdão Hulk e
ilustrou edições de Thor e Os Vingadores. Além das grandes franquias, deixou
como legado seus traços com estilo de movimentos cinematográficos em que a ação
explodia para fora dos quadros. POW!
5. Steve Ditko (1927 – 1994)
Steve Ditko começou entre os grandes, tendo como mentor
Jerry Robinson, desenhista dos quadrinhos do Batman na década de 1940 e seu
professor na Cartoonist Ilustrators School, em Nova York. Começou sua carreira
profissional em 1953, no estúdio de Joe Simon e Jack Kirby. Ao lado de Stan
Lee, Ditko deu vida ao Homem-Aranha, que apareceu pela primeira vez no
quadrinho Amazing Fantasy #15, de 1962. O Cabeça-de-teia foi o primeiro
adolescente a ganhar o posto de protagonista no universo Marvel.
Ditko também deu forma ao Dr. Estranho, que apareceu pela
primeira vez no quadrinho Strange Tales
#110, de julho de 1963, e figurou em diversos sub-produtos Marvel, como
animações, videogames e filmes.
6. Jim Steranko (1938 – )
Colagens, psicodelia, pop-art, altos contrastes do film-noir
– tudo valia como inspiração para Jim Steranko. O quadrinista americano começou
sua carreira em 1965 na Harvey Comics e, poucos anos depois, conseguiu a
almejada entrada na Marvel Comics, ilustrando muitas capas de Nick Fury.
Explorando a composição de página, ele incorporou vários movimentos artísticos
para criar seu próprio estilo nos quadros.
Um de seus trabalhos mais icônicos é a capa da edição de
outubro de 1968 de Giant Size Hulk – parodiada e homenageada à exaustão.
Steranko também emprestou seus traços ao cinema, assinando diversos cartazes.
São dele as ilustrações da arte conceitual de Os Caçadores da Arca Perdida,
filme de 1981 dirigido por Steven Spielberg que marcou a estreia de Indiana
Jones nos cinemas.
O estilo e apuro visual do artista lhe garantiram um lugar
no Hall da Fama de Will Eisner em 2006.
7. Dave Gibbons (1949 – )
O desenhista inglês Dave Gibbons começou sua carreira profissional assinando títulos de terror e ação para as editoras IPC e DC Thomson no início da década de 70. Anos depois, passou a ser o artista principal da tirinha de Doctor Who, na qual permaneceu até a 69ª edição. Mas foi ao lado do também britânico Alan Moore que Gibbons assinou um de seus mais importantes trabalhos até o momento.
Retratando as ansiedades contemporâneas e lançando um olhar
crítico ao conceito de super-herói, Watchmen se tornou um marco. Publicada
entre os anos de 1986 e 1987, a graphic novelserviu como síntese das temáticas
questionadoras que pipocavam nos mais diversos quadrinhos da época. A história,
que inspirou o filme dirigido por Zack Snyder em 2009, figura na lista dos100 melhores
livros de todos os tempos da Revista Time.
8. John Byrne (1950 – )
Boa parte do humor que está presente em adaptações
cinematográficas de aventuras de heróis, como X-Men, Os Vingadores e O Quarteto
Fantástico, se deve à dupla formada pelo desenhista canadense John Byrne e o
roteirista britânico Chris Claremont. Em 1977, os artistas deram início ao
trabalho marcante nos quadrinhos dos mutantes. A partir da edição número 108 de
The X-Men, a dupla criou os icônicos arcos Dark Phoenix Saga, Days of future
past eProteus, muito bem recebidos (e ainda adorados) pelo público. Deve-se à
dupla também a permanência de Wolverine no time do Professor Xavier. Juntos, os
artistas não só firmaram o lugar do herói canadense nos quadrinhos mas também o
moldaram como o personagem tão popular e adorado que conhecemos hoje.
Além de suas passagens marcantes por Os Vingadores e Capitão
América no final dos anos 70, Byrne também liderou O Quarteto Fantástico em sua
chamada “segunda era de ouro”, entre os anos 1981 e 1986.
9. Brian Bolland (1951 -)
As HQs americanas começaram a ganhar força no Reino Unido
apenas em 1959, mas Brian Bolland se apaixonou rápido. Na faculdade, decidiu
estudar design gráfico e história da arte, e logo começou a ilustrar fanzines,
empregando seus traços que misturavam o cartunesco e o clássico. Em 1977
conseguiu um emprego na antologia britânica 2000 AD, assinando uma fase
definidora de Judge Dredd – personagem que está novamente em cartaz nos
cinemas.
Nos EUA, suas principais colaborações foram nos quadrinhos
da DC Comics. Em 1982, assinou a arte de Camelot 3000, elogiada versão
futurística das aventuras do Rei Arthur e de seus Cavaleiros. Batman: A Piada
Mortal, produzida ao lado de Alan Moore em 1988, estabeleceu aemblemática imagem
do Coringa, citada por Heath Ledger como inspiração para sua interpretação
vencedora do Oscar.
10. John Romita Jr. (1956 -)
Filho de cartunista, cartunista é. Nascido do berço do
criador de diversas e memoráveis histórias do Homem-Aranha nas décadas de 60 e
70, John Romita Jr. começou sua carreira na Marvel britânica e despontou com
Demon in a Bottle, de 1979. A edição, que traz o Homem de Ferro Tony Stark em
conflito com o alcoolismo, foi premiada no ano seguinte nos Eagle Awards,
prêmio britânico dos quadrinhos.
Valorizando o roteiro visualmente com estética e acabamentos
elegantes, Romita foi destaque nos quadrinhos a partir dos anos 80: criou,
junto de Roger Stern, o vilão Duende Macabro em 1983; recebeu uma indicação ao
Eisner Awards em 1989 por seu trabalho nos quadrinhos doDemolidor; e assinou,
nos anos 2000, a edição do 30º aniversário de Wolverine, junto com o roteirista
Mark Millar. Ao lado do escocês, criou também Kick Ass, quadrinho lançado em
abril de 2008. Seu protagonista, Dave Lizewski, um adolescente que decide se
tornar um super herói na vida real, foi transportado para as telonas em 2010 em
um filme dirigido por Matthew Vaughn. A sequência cinematográfica da aventura
está planejada para 2013.
11. Frank Miller (1957 – )
O universo dos quadrinhos se tornou bem mais sombrio com os
traços de Frank Miller. O artista americano, que começou sua carreira
profissional nos anos 1970, trilhou seu caminho na DC Comics, com elogiada
passagem pelos quadrinhos do Demolidor. Deixou sua marca também na HQ do
morcego, com as sagas Batman: The Dark Knight Returns e Batman: Ano 1, do final
dos anos 1980. “Estes trabalhos têm uma enorme importância histórica. O
Cavaleiro das Trevas e Ano 1 são, ainda hoje, os trabalhos usados como
referência máxima para os novos quadrinhos, animações e adaptações
cinematográficas do personagem. São leituras obrigatórias, verdadeiras obras
primas”, afirma o professor e quadrinista Cristiano Seixas.
Explorando a estética do film-noir, Miller criou em 1991 Sin
City, uma cidade de pecados e altos contrastes que foi levada para os cinemas
em 2005. Robert Rodriguez volta ao posto de diretor para a nova adaptação da
graphic novel, prevista para 2013. Também transposta para a telona,300 foi
lançada nas páginas em 1998, e chegou aos cinemas em 2006, tenho continuação
engatilhada e prevista também para 2013. A graphic novel recebeu o Oscar dos
quadrinhos em 1999, prêmio recebido por Miller direto das mãos de Eisner.
Obs: Pelos comentários, algumas pessoas repararam a ausência
de nomes como Stan Lee e Alan Moore na lista. Apesar de terem sido citados,
eles só não aparecem porque seus trabalhos estão mais concentrados nos roteiros
e não nos desenhos. E esta é uma lista de desenhistas =).
fonte: Superinteressante
post: Marcelo Ferla
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