Após pressão da FIA,
Haddad faz reforma de R$ 160 milhões em Interlagos
TIAGO DANTAS - ESTADÃO
A Prefeitura de São Paulo abriu
duas concorrências que somam R$ 160,8 milhões para a construção de novos boxes
e reforma do Autódromo de Interlagos, na zona sul. A reforma dos boxes atende a
uma recomendação da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e vai custar
R$ 148.924.311,22 – a verba é suficiente, por exemplo, para quase cobrir os R$
175 milhões de ‘rombo’ causado nos cofres municipais com a redução de R$ 0,20
na tarifa de ônibus.
Os dirigentes da Fórmula 1 chamam
de a “reforma do século” as mudanças que serão realizadas em Interlagos. O
edital das duas concorrências está no site do governo municipal. Em abril, o
prefeito Fernando Haddad (PT), pressionado por Bernie Ecclestone, CEO da
Fórmula 1, já havia assegurado a reforma. O governo diz que o GP Brasil é um
dos principais eventos da capital e movimenta cerca de R$ 100 milhões por ano.
Em entrevista exclusiva ao
Estado, publicada em 15 de abril, o presidente da Formula One Management (FOM)
e promotor da F1, Bernie Ecclestone, deu um ultimato à Prefeitura: se não
mexesse no autódromo, São Paulo iria perder o Grande Prêmio a partir de 2015.
O dirigente inglês, que trouxe a
Fórmula 1 para o Brasil em 1972, deixou claro que não toleraria mais
adiamentos. “As promessas de reforma de Interlagos não foram cumpridas. Agora,
chega. Não fosse a relação antiga e os sentimentos que me ligam ao Brasil, a
Fórmula 1 já não estava mais lá”, disse o dirigente ao Estado, durante o GP da
China, em Xangai, quarta etapa da temporada.
Segundo Ecclestone, os
representantes das equipes reclamam que, em Interlagos, não há espaço para
guardar as panelas e os alimentos, e que as reuniões têm de ser feitas dentro
dos boxes por causa da ausência de salas.
“Não podemos mais cobrar nada dos
outros autódromos com Interlagos ano após ano mantendo-se como está. Os demais administradores sabem o que é
Interlagos, isso nos desmoraliza. ” Santa Catarina e outras cinco cidades ao
redor do mundo já teriam demonstrado interesse em receber uma etapa do Grande Prêmio
caso o circuito paulistano fosse descartado.
Autódromo de Interlagos: reforma
dos boxes vai custar quase o mesmo que a redução da tarifa de ônibus
A reforma de Interlagos é uma
velha disputa entre a Prefeitura e a Fórmula 1.
No primeiro semestre de 2012, um projeto foi elaborado e entregue a
Eccleston, que o aprovou e assegurou que a cidade permaneceria no calendário
até 2022 se as obras fossem realizadas. O então prefeito Gilberto Kassab (PSD)
indicou aos organizadores da F-1 que garantiria que as obras seriam feitas. Mas
alertou que a decisão teria de ser ratificada pelo seu sucessor.
Em 27 de abril, quando vistoriou
as obras no Anhembi para a realização da etapa brasileira da Fórmula Indy,
Haddad disse que só realizaria a reforma se ela estivesse diretamente ligada à
permanência de Interlagos na F-1 por mais seis anos, até 2020. “Será uma obra
grande e cara. Nós exigimos um contrato a longo prazo, pois vamos investir mais
de R$ 100 milhões. É razoável que o acordo vá até 2020.”, afirmou à época.
A REFORMA
Atendendo a uma solicitação da
F-1, o Autódromo de Interlagos terá uma nova área de boxes, localizada na Reta
Oposta. Um novo edifício de três andares deverá ser construído ao longo da
reta. No térreo, ficarão 40 boxes (36 destinados às equipes). O mezanino terá
uma área destinada às estruturas técnicas das equipes. No andar superior
ficarão as áreas VIPs e estruturas de apoio, como cozinhas e banheiros. Por
fim, o autódromo ganhará uma nova torre de controle, área para pódio e um
edifício de apoio, com áreas de convivência das equipes e as instalações do
Centro de Imprensa.
Como o autódromo terá uma nova
área de boxes, será preciso adaptar o traçado. Haverá mudanças na Curva do Lago
e na própria Reta Oposta, que terá que ser adequada para receber a linha de
chegada.
O edital prevê o uso de
“estruturas em elementos de concreto pré-moldado (pilares, vigas e lajes),
pisos em concreto com acabamento polido, paredes em alvenaria de blocos de
concreto estrutural, caixilhos em alumínio anodizado e fachada em pele de vidro
duplo, para isolamento acústico e/ou atenuação acústica.”
texto: Tiago Dantas
post: Marcelo Ferla
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