Os políticos não entenderam o recado!
Senado Federal
Nada ilustra mais exemplarmente o que as ruas brasileiras
estão criticando do que o uso recente de dois aviões da FAB para viagens
particulares e festivas do presidente do Senado Renan Calheiros (ele mesmo!) e
do presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (ambos do PMDB) para exibição de
poder e deleite pessoal de familiares e apaniguados.
O tristemente famoso Calheiros requisitou um avião para ir
de Maceió a Porto Seguro às 15h do dia 15 de junho, um sábado. Ele participou
do casamento da filha mais velha do líder do governo no Senado, Eduardo Braga
(PMDB-AM), na praia de Trancoso. O voo de volta foi às 3h da manhã do domingo,
para Brasília.
E o até então menos conhecido Alves requisitou outro avião
da FAB no fim-de-semana passado, partindo de Brasília para ir buscá-lo em Natal
(RN), a fim de levá-lo na companhia da noiva e de outros apaniguados ao Rio de
Janeiro, onde ficaram de sexta a domingo para, entre outras coisas, assistirem
Brasil 3 x Espanha 0. Na noite dominical, a aeronave fez o caminho de volta à
capital potiguar e de lá retornou a Brasília.
Mais do que reformas políticas, mais do que plebiscitos ou
Assembleias Constituintes, o clamor das ruas está pedindo uma nova postura de
nossos homens públicos, uma nova maneira de se relacionar com a coisa pública e
de respeitar os brasileiros.
Em vez de uma reforma política proposta como a solução
mágica para os problemas, o que o povo quer é mais eficiência e transparência
no gasto público de todos os que têm mandato. Com os exemplos partindo
justamente dos presidentes.
É cada vez mais comum no Poder, no Brasil, a ideia canhestra
de que o que é público pode ser usado pela autoridade da ocasião como se seu
fosse, sem que se faça a ligação entre os gastos públicos e a falta de
investimentos no que realmente importa.
Se os políticos não sabem, vale repetir o clamor das ruas: o
povo quer educação, saúde, transportes urbanos e segurança pública. E zero de
corrupção!
Outros detalhes
* Renan Calheiros, depois de se fazer de cego diante de um
abaixo assinado com mais de 1,5 milhão de assinaturas que pediam a sua saída da
presidência, diz que "é preciso ouvir o povo nas ruas". E chegou a
propor que, se o povo quisesse, o prazo de um ano antes das eleições para fazer
mudanças nas regras eleitorais poderia ser alterado. Uma posição irresponsável
para conseguir o apoio daqueles que o querem fora do poder.
* Foi por meio de uma foto no Instagram que se descobriu que
a família do deputado Alves estava no Maracanã, assim como, anos atrás, foi
pelo Orkut que, em 2004, soube-se que o filho do então presidente Lula, Luís
Cláudio Lula da Silva, organizou uma excursão de amigos ao Alvorada, com
direito a uso de um avião da FAB para transportá-los a Brasília e passeio de
lancha oficial pelo Lago Paranoá. Várias mensagens foram postadas nos blogs com
fotos posadas ao lado do avião e na lancha.
* No governo Fernando Henrique Cardoso, longe ainda dos
Facebooks da vida, a farra com jatos da FAB foi um dos principais escândalos,
denunciado pelos jornais. Pelo menos seis ministros, um procurador-geral da
República e um deputado usaram aeronaves da FAB para ir com as famílias, de
férias, para Fernando de Noronha. A "farra dos jatinhos", como ficou
conhecido o episódio, gerou processos, e os políticos foram condenados a ressarcir
os gastos.
Não se sabe se pagaram. Mas os maus exemplos continuaram.
fonte: Espaço Vital
post: Marcelo Ferla
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