Diário da Gorda ( Pitty Rock) - 23/09/2012

Faz um tempo que não escrevo sobre a Gorda.

Confesso que andei um pouco desanimado para escrever a respeito, tudo decorrente de outras coisas, mas vamos lá.

Fazendo uma retrospectiva, para que não se percam, na madrugada de sexta para sábado, a Gorda não estava muito bem.

De todos estes dias em que ela está aqui comigo, foi na sexta e no sábado, principalmente na madrugada em que mais me preocupei com ela.

Inicialmente por ela quase não ter comido pela manhã de sexta, não comeu praticamente nada, lembrando que ela está fazendo uma dieta específica e já não tem uma porção muito farta de comida, tudo para perder peso, situação que auxiliará ela no seu caminhar.

No período do meio dia, horário da segunda refeição, a situação melhorou um pouco e a Gorda, aparentemente demonstrando uma recuperação leve, comeu toda sua refeição e ficou um pouquinho mais animada.

A segunda coisa que me preocupava era a de que ela não demonstrava querer levantar da cama e sendo assim, ficou o dia todo deitada, com um semblante muito triste, muito abatida, realmente estava preocupado.

A noite, no horário da última refeição, ela voltou a não comer e continuava por demais desanimada. A noite foi longa, praticamente não dormi, monitorando a condição dela.

Mas felizmente, hoje, domingo, tudo melhorou. A Gorda acordou animada, fez suas necessidades como de praxe, fez todas refeições, caminhou mais do que deveria, para variar e estava bem animadona. Felizmente a melhora foi visível.

Não me recordo se já falei sobre isso, mas é muito difícil não saber quando a Gorda vai partir, eis que não temos o tempo exato em que ela desenvolveu o tumor na coluna. O veterinário, como já é sabido, disse que ela terá no máximo um ano de vida, mas a contar de quando? E mais, como fica a situação dela se ela vem mostrando melhoras constantemente. è algo cruel, lhes afirmo.

São por estes e outros motivos que o cansaço, principalmente mental, é grande, a preocupação, a dúvida de deixar ela por algum tempo só para exercer outra atividade, acaba me colocando sempre em dúvida, uma dúvida maldita, pois não sei por quanto tempo ainda ficarei com ela. Somando tudo isto e as coisas da vida, quase tudo acaba se tornado uma decisão muito difícil a cada momento.

Hoje pela manhã, deixei ela um tempo maior no pátio de casa que é bem grande mesmo, ela adora pegar sol e olhar o movimento da rua, mesmo que seja pouco.Entrei para casa e pensei comigo que não sei por quanto tempo ela poderá ver ainda a paisagem e o movimento da rua. Tudo isso é muito difícil, torna as coisas difíceis, não é fácil mesmo, angústia é terrível.

Mas como prometi, e vou cumprir, vou até o final, com ela, mesmo que não possa sair de casa, tenha que ficar com ela, não me importo. Preciso pensar que qualquer momento, como o da rua de hoje, pode ser um dos últimos momentos e não posso, nem quero, ficar com minha consciência pesada a semelhança de alguém que não se importou com tudo que está acontecendo.

Nesse momento ela dorme aqui do meu lado, sem saber o amanhã, na verdade nem eu e nem ela sabemos de nosso amanhã, estamos vivendo, de certa forma situações semelhantes, lutando a cada dia, a cada momento, com dificuldade, mas com fé em Deus.

Continua...

Marcelo Ferla