MITOS E VERDADES
CIENTÍFICAS SOBRE A CAFEÍNA.
by
Flavio Passos
Diariamente bilhões de
pessoas contam com a cafeína para um impulso para suas atividades.
É dito por
pesquisadores que a cafeína é o principal propulsor do desenvolvimento material
do mundo ocidental.
De fato, este estimulante
natural é um dos ingredientes mais utilizados no mundo (1).
Por muito tempo o café e a
cafeína foram demonizados como alimentos danosos, mas recentemente estudos
recolocaram o café como um alimento benéfico e inofensivo quando ingerido com
moderação.
Hoje é seguro considerar
seu copo diário de café ou chá como uma maneira agradável de promover boa
saúde.
Desde que, é claro, sua individualidade esteja de acordo com isto.
Nada
é universal, coisas diferentes funcionam para pessoas diferentes.
Café não é
para todo mundo… mas faz a diferença na vida de MUITA gente.
Este artigo examina as
pesquisas mais recentes sobre a cafeína e seus efeitos na saúde, abordando
alguns dos principais mitos construídos ao redor da bebida.
O QUE É CAFEÍNA?
A cafeína é um estimulante
natural comumente encontrado em chás, café e chocolate (aqui associada à
teobromina).
Funciona estimulando o cérebro e o sistema nervoso central,
ajudando a nos manter alertas e prevenindo o cansaço.
Alguns historiadores
afirmam que o primeiro chá foi oficialmente preparado na data de 2737 A.C (1).
Relata-se que o café foi descoberto muitos anos depois, quando um pastor etíope
notou a energia extra que comer um certo grão selvagem proporcionava às suas
cabras.
Refrigerantes cafeinados
entraram no mercado no fim de 1800 e as bebidas energéticas apareceram logo em
seguida.
Atualmente 80% da população mundial consome algum produto cafeinado
todos os dias e este número chega à 90% quando aplicado à adultos na América do
Norte (1).
A cafeína é um estimulante
natural consumido mundialmente.
A maior parte das pessoas a consome através do
café, chá, refrigerantes, bebidas energéticas e chocolates.
COMO FUNCIONA?
Ao ser consumida, a
cafeína é rapidamente absorvida pelo intestino e vai para a corrente sanguínea,
pela qual é transportada até o fígado.
Lá ela é quebrada em compostos menores
que afetam as funções de vários órgãos.
O principal efeito da cafeína acontece
no cérebro, bloqueando os efeitos da adenosina, um neurotransmissor que relaxa
o cérebro e nos faz sentir cansados (2).
Normalmente os níveis de
adenosina vão crescendo ao longo do dia, aumentando a sensação de cansaço e a
vontade de ir dormir.
Isto é bom, pois lhe conduz ao repouso, importante pilar
da Saúde.
Portanto, tomar café de noite (para muitos, a partir de 16hs) pode prejudicar
a qualidade de seu repouso.
A cafeína ajuda a nos
manter despertos ao se conectar aos receptores de adenosina no cérebro, sem
ativá-los.
Isto bloqueia o efeito da adenosina, diminuindo o cansaço (3).
Também aumenta os níveis
sanguíneos de adrenalina e a atividade dos neurotransmissores dopamina e
norepinefrina no cérebro (3)
Esta combinação estimula
ainda mais o cérebro e promove um estado desperto, de alerta e foco.
Por afetar
o cérebro, a cafeína é frequentemente referida como uma droga psicoativa.
O efeito costuma aparecer
rapidamente, por exemplo, a quantidade de cafeína em uma xícara de café pode
levar apenas 20 min para alcançar a corrente sanguínea e por volta de uma hora
alcança sua potência máxima (1).
O QUE É UMA INGESTÃO
“MODERADA“ DE CAFEÍNA?
De acordo com o
Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) e também com a Autoridade Europeia
para a Segurança dos Alimentos (AESA)
Uma ingestão considerada moderada de
cafeína para um adulto é de 300 a 400 mg por dia.
É claro que isto é apenas uma
referência, e a sensibilidade individual é sempre a melhor medida.
Para ajudá-lo a calcular o
que isso significa em termos de porções, abaixo você confere a quantidade de
cafeína em suas fontes mais comuns.
Para cada 240 ml de
bebida:
Café expresso: 240-720 mg.
Café coado: 102-200 mg.
Erva-mate: 65-130 mg.
Bebidas energéticas:
50-160 mg .
Chás prontos : 40-120 mg .
Refrigerantes: 20-40 mg .
café descafeinado : 3-12
mg .
bebida de cacau: 2-7 mg .
achocolatado com leite :
2-7 mg .
Alguns alimentos também
contêm cafeína.
Por exemplo, 28 gramas de chocolate ao leite contém 1-15 mg,
enquanto que 28 gramas de chocolate escuro tem 5-35 mg (4).
Você também pode encontrar
a cafeína em alguns medicamentos com prescrição médica ou de venda livre como
antigripais, antialérgicos e analgésicos.
MITOS SOBRE A CAFEÍNA
MITO 1: Cafeína VICIA.
FATO: As pessoas sempre
dizem que são “viciadas” em cafeína da mesma maneira que dizem que são
“viciadas” em comprar, trabalhar ou assistir à TV.
A cafeína não vicia pelas
definições aceitas e de acordo com a maior parte das autoridades.
Quando o
consumo regular de cafeína é abruptamente interrompido, alguns indivíduos podem
sentir dor de cabeça, fadiga ou sonolência.
Estes sintomas geralmente duram
apenas um dia, e podem ser evitados se a ingestão de cafeína for diminuída
gradativamente.
MITO 2 : A cafeína aumenta
o risco de doença cardíaca.
FATO: Estudos em ampla
escala mostraram que o consumo de cafeína não aumenta o risco de doença
cardiovascular e não aumenta os níveis de colesterol nem causa batimento
cardíaco irregular.
Um aumento ligeiro e temporário na pressão sanguínea foi
observado com o consumo de cafeína entre indivíduos que são sensíveis à cafeína.
No entanto, o aumento é similar àquele resultante de atividade normal, tal como
subir escadas.
Ainda assim, pessoas hipertensas devem consultar seu médico a
respeito da ingestão de cafeína.
MITO 3: A cafeína causa
câncer.
FATO: Evidências
científicas substanciais demonstram que a cafeína não aumenta o risco de
câncer.
Dois estudos com grandes números de pessoas na Noruega e no Havaí e uma
revisão de treze estudos envolvendo mais de 20.000 indivíduos não verificou
nenhuma relação entre o consumo regular de café ou de chá e o risco de câncer.
MITO 4: A cafeína é um
fator de risco para a osteoporose.
FATO: Alguns estudos
sugerem que a ingestão de cafeína pode aumentar a perda de cálcio pela urina.
No entanto, foi verificado que qualquer perda é mínima, e a ingestão de cafeína
em níveis normais não parece afetar o equilíbrio de cálcio ou a densidade
óssea.
Estudos mais recentes confirmaram que a ingestão de cafeína não é um
fator de risco para a osteoporose, particularmente em mulheres que consomem
cálcio de maneira adequada.
MITO 5: A cafeína afeta
adversamente a saúde das crianças.
FATO: As crianças
geralmente têm a mesma capacidade de processar a cafeína que os adultos.
Estudos mostraram que alimentos e bebidas contendo cafeína, quando tomados
moderadamente, não têm nenhum efeito detectável sobre a hiperatividade ou a
capacidade de concentração nas crianças.
No entanto, em crianças sensíveis,
altas doses de cafeína podem temporariamente causar efeitos tais como
excitabilidade, irritabilidade ou ansiedade.
MITO 6: Não há efeitos
positivos da cafeína.
FATO: A cafeína é bem
conhecida por aumentar os níveis de atenção e concentração.
Uma xícara de café
ou de chá é sempre recomendada para combater a sonolência, especialmente para
aqueles que dirigem longas distâncias, e muitas pessoas recorrem a uma xícara
para retornar ao trabalho depois do almoço.
Estudos mostraram que a cafeína
também pode melhorar a memória e o raciocínio lógico.
Entretanto, os estudos
sobre a Cafeína vão bem além, revelando uma grande variedade de benefícios
importantes.
BENEFÍCIOS DA CAFEÍNA
A Cafeína Pode Melhorar o
Humor e a Função Cerebral.
Conforme detalhado, a
cafeína tem a capacidade de bloquear no cérebro a molécula de sinalização
adenosina.
Isto provoca um aumento de
outras moléculas de sinalização, como a dopamina e norepinefrina (5, 6).
Pensa-se que esta mudança
de mensagens no cérebro melhora o estado de humor e as funções cerebrais.
Uma revisão relata que
após a ingestão de 37.5-450 mg de cafeína pelos participantes, ocorreram
melhoras no estado de alerta, memória de curto prazo e tempo de reação (1).
Além disso, um estudo
recente conectou beber duas a três xícaras de café com cafeína por dia a um
risco 45% menor de suicídio (7).
Outro estudo relatou um
risco 13% menor de depressão nos consumidores de cafeína (8).
Quando se trata de humor,
mais cafeína não é necessariamente melhor.
Na verdade, um estudo verificou que
uma segunda xícara de café não produziu benefícios adicionais, a não ser que
tenha sido consumida, pelo menos, 8 horas após a primeira (9).
Beber entre três e cinco
xícaras de café por dia pode também reduzir o risco de doenças do cérebro, como
Alzheimer e Parkinson em 28-60% (10, 11, 12, 13).
Resumindo: A cafeína pode
melhorar o humor, reduzir a probabilidade de depressão, estimular o
funcionamento do cérebro e proteger contra a doença de Alzheimer e de
Parkinson.
A Cafeína pode Acelerar o
Metabolismo e Acelerar a Perda de Peso.
Devido a sua capacidade de
estimular o sistema nervoso central, a cafeína pode acelerar o metabolismo em
até 11% e a queima de gordura em até 13% (14, 15, 16)
Em termos práticos:
consumir 300 mg de cafeína por dia pode fazer com que você queime 79 calorias
extras por dia (17).
Esta quantidade pode
parecer pequena, mas é aproximadamente o valor do excesso de calorias
responsáveis pelo ganho de peso médio anual de 1 kg em americanos (18).
Resumindo: A cafeína pode
acelerar o metabolismo e promover a perda de gordura.
A Cafeína Pode Melhorar o
Desempenho do Exercício.
Quando se trata de
exercício, a cafeína pode aumentar a utilização de gordura como combustível.
Isso é benéfico pois pode
ajudar a glicose armazenada nos músculos durar mais, atrasando o tempo que leva
para os músculos alcançarem a exaustão (20, 21).
A cafeína também pode
melhorar as contrações musculares e aumentar a tolerância à fadiga (1).
Pesquisadores observaram
que doses de 5 mg / kg de peso corporal melhoraram o desempenho de resistência
em até 5%, quando consumidas uma hora antes do exercício (22).
Pesquisa mais recentes
relataram que doses tão baixas quanto 3 mg / kg de peso corporal podem ser
suficiente para colher os benefícios (23).
Adicionalmente, estudos
relatam benefícios semelhantes nos esportes de equipe, exercícios de alta
intensidade e exercícios de resistência (23, 24).
Finalmente, a cafeína
também pode ser capaz de reduzir o esforço percebido durante o exercício em até
5,6%, o que pode trazer a sensação de maior facilidade para o treino (25).
Resumindo: O consumo de
pequenas quantidades de cafeína cerca de uma hora antes do treino pode melhorar
o desempenho nos exercícios.
Proteção Contra Doenças
Cardíacas e Diabetes Tipo 2.
Apesar do que escutamos
falar, a cafeína não aumenta o risco de doença cardíaca (26, 27, 28).
De fato, evidências
recentes mostram um risco 16-18% menor de doenças cardíacas em homens e
mulheres que bebem de uma a quatro xícaras de café por dia (29).
Outros estudos mostram que
o consumo de 2-4 xícaras de café ou de chá verde por dia está associado a um
risco 14-20% menor de derrames (30, 31).
Uma coisa a ter em mente é
que a cafeína pode aumentar ligeiramente a pressão sanguínea em algumas
pessoas.
No entanto, este efeito é geralmente pequeno (3-4 mm Hg) e tende a
desaparecer para a maioria dos indivíduos quando o consumo de café se torna
regular (32, 33, 34, 35).
Pode também proteger
contra a diabetes.
Uma revisão recente observa que aqueles que bebem mais café
tem um risco 29% / 30% menor de desenvolver diabetes tipo 2 (36).
Os autores observaram que
o risco cai por volta de 12-14% para cada 200 mg de cafeína consumidos (36).
Curiosamente, o consumo de
café descafeinado também foi associada a um risco 21% inferior de diabetes.
Isso indica que outros compostos benéficos presentes no café também podem
proteger contra a diabetes Tipo 2 (36).
Resumindo: bebidas
cafeinadas como café e chá podem reduzir o risco de doenças cardíacas e
diabetes tipo 2, embora isso dependa de cada indivíduo.
Outros Benefícios Para a
Saúde
O consumo de cafeína está
ligado a vários outros benefícios para a saúde:
- Protege o fígado: O café pode reduzir o
risco de danos no fígado (cirrose) em até 84%. Ela pode retardar a progressão
da doença, melhorar a resposta ao tratamento e diminuir o risco de morte
prematura (37, 38).
- Promove a longevidade: Beber café pode
diminuir o risco de morte prematura em até 30%, especialmente para as mulheres
e diabéticos (39, 40).
- Diminui o risco de câncer: 2-4 xícaras de
café por dia podem reduzir o risco de câncer de fígado em até 64% e o risco de
câncer colo-retal em até 38% (41, 42, 43, 44, 45).
- Protege a pele: Consumir 4 ou mais xícaras
de café por dia pode diminuir o risco de câncer de pele em 20% (46, 47).
- Reduz o risco de esclerose múltipla:
bebedores de café podem ter um risco 30% menor de desenvolver esclerose
múltipla (EM). No entanto, nem todos os estudos concordam (48, 49).
- Previne a gota: beber regularmente 4
xícaras de café por dia pode reduzir o risco de desenvolver gota em 40% nos
homens e 57% nas mulheres (50, 51).
- Promove a saúde dos intestinos: Consumir 3
xícaras de café por dia por apenas 3 semanas pode aumentar a quantidade e a
atividade das bactérias intestinais benéficas (52).
- Tenha em mente que o café também contém
outras substâncias que melhoram a saúde. Alguns dos benefícios listados acima
podem ser causados por outras substâncias que não a cafeína.
Tenha em mente que o café
também contém outras substâncias que melhoram a saúde. Alguns dos benefícios
listados acima podem ser causados por outras substâncias que não a cafeína.
Resumindo: Beber café pode
ajudar a promover a saúde do fígado, pele e aparelho digestivo. Também pode
prolongar a vida e ajudar a prevenir várias doenças.
SEGURANÇA E EFEITOS
COLATERAIS.
O consumo de cafeína é
geralmente considerado seguro.
No entanto, lembre-se que
a predisposição genética de algumas pessoas podem deixa-las mais sensíveis (1,
53).
Alguns efeitos colaterais
ligados à ingestão excessiva incluem ansiedade, agitação, tremores, batimentos
cardíacos irregulares e problemas para dormir (54).
Excesso de cafeína pode
causar também dores de cabeça, enxaquecas e pressão alta em alguns indivíduos
(55, 56), portanto mantenha-se dentro dos níveis indicados de moderação.
Além disso, a cafeína pode
facilmente atravessar a placenta, o que pode aumentar o risco de aborto e o
nascimento abaixo do peso.
Mulheres grávidas devem
limitar seu consumo (55, 57, 58).
Finalmente, vale ressaltar
que a cafeína pode interagir com alguns medicamentos.
Pessoas utilizando o
relaxante muscular Zanaflex ou o antidepressivo Luvox devem evitar cafeína, já
que estes medicamentos podem aumentar os seus efeitos (59).
Resumindo: A cafeína pode
ter efeitos colaterais negativos em algumas pessoas, incluindo ansiedade,
inquietação e problemas para dormir.
Dosagens Recomendadas
Tanto o Departamento de
Agricultura dos EUA (USDA) quanto a Autoridade Europeia para a Segurança dos
Alimentos (AESA) considera uma ingestão diária de 400 mg de cafeína como
seguro.
Isso equivale a 2-4
xícaras de café por dia (60, 61).
É importante notar que
overdoses fatais foram relatadas com doses únicas de 500 mg de cafeína,
portanto mantenha-se dentro da salutar moderação.
Portanto, recomenda-se
limitar a quantidade de cafeína que você consome de uma só vez à 200 mg (60,
62, 63), e entre 300 mg a 400 mg como limites máximos.
Finalmente, de acordo com
a Universidade Americana de Obstetras e Ginecologistas, mulheres grávidas devem
limitar sua ingestão diária a 200 mg (64).
Resumindo: A ingestão de
cafeína de 200 mg por dose, e de até 400 mg por dia, é geralmente considerada
segura.
No entanto, mulheres
grávidas devem limitar sua ingestão diária a 200 mg ou menos.
Mensagem Final
Após décadas de pesquisa,
a comunidade científica não documentou nenhuma associação consistente entre o
consumo moderado de cafeína e qualquer risco à saúde.
Usando bom senso e
moderação, uma pessoa comum pode continuar a apreciar chá, café e bebidas
contendo cafeína.
A cafeína não é tão
prejudicial como se acreditava.
Na verdade, evidências
indicam exatamente o oposto.
Portanto, vale repetir: é
seguro considerar seu copo diário de café ou chá como uma maneira agradável de
promover boa saúde.
Desde que, é claro, sua
individualidade esteja de acordo com isto. Nada é universal, coisas diferentes
funcionam para pessoas diferentes.
Algo importante para
considerar e compreender: muitos efeitos nocivos relacionados ao café estão
diretamente ligados à qualidade do mesmo – seja na concentração de resíduos de
pesticidas (café não-orgânico) seja na torra excessiva para disfarçar a baixa
qualidade do café, que gera carbonização de seus ingredientes, criando
substâncias agressivas e até cancerígenas (acrilamida).
Quer provar um café especial (Arabica Special Grade), produzido dentro de um critério que gera quantidades insignificantes de micotoxinas e ocratoxina (comuns aos cafés de produção industrial) e finalizado por torra média, que produz níveis mínimos de acrilamida e permite ao café a expressão máxima de suas qualidades?
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