Perdidos na masmorra entre
obter capital e se diluir em si mesmo.
O desejo de fazer o que gosta e lucrar
com isso tem sido labiríntico e confuso.
Estamos imersos e presos no próprio
sistema que nos coloca em uma redoma de vidro.
A palavra secular é:
Estabilidade Financeira.
Fiz um curso ao qual não me agradava o ambiente
exatamente por esse motivo, no direito a única palavra é essa, com ressalva à
obsessão gradativa por concursos públicos.
''Está feita na vida se passar'', a
questão, se alguém me esqueceu de avisar, é exatamente essa?
Vou ter o que
comprar, mas vou ter como me satisfazer com isso?
É uma pergunta que cada vez
menos as pessoas fazem.
O dinheiro nos move na atualidade, e é fato que a falta
e a necessidade traz uma condição até infeliz, limitada e por vezes,
humilhante.
Ninguém quer passar por isso, necessitar da ajuda de outrem que
pode se transformar em um tormento, levada à uma implícita condição que pode
gerar servidão e troca de favores.
Não criar sua própria independência, é
também dor, algo que fere nosso orgulho, liberdade, e até prazer.
Conciliar o
prazer com o dinheiro é uma questão metodológica que tem sido até muito
discutida, e pouco utilizada.
A falta de recursos, de direção, mobilização não
conduz a caminhos, só a limbos.
A impressão que tenho é que estamos na era de
segurar tochas, o caminho mais ''iluminado'' e seguido por vários parece ser o
mais correto, mais exato, seguro, e aparentemente concreto.
Até que um cargo altamente
renomado, e uma breve tosse para enfatizar o que digo, rentável, se traduz na
sua prevista vontade de ter todos os pontos acima, segurança, independência
financeira, status e a história de sempre.
E aí?
Você volta pra casa no seu
incrível carro novo com câmbio automático e direção hidráulica, um descanso na
banheira com incenso e ambiente aromatizado, e então surge uma agonia e uma
inquietação, ou melhor dizendo, insatisfação.
Oras, que raios precisa mais além
do que conseguiu conquistar com o dinheiro?
Não intento discutir no tópico a
filosofia da satisfação porque é fato que o instinto é inconstante, e a questão
se duela por vários retratos, moldes e ângulos em um extenso corredor de várias
portas dubitáveis.
Não vou tão a fundo, não é o propósito e a intenção com um
tema sem multifaces, a questão nesse sentido é só uma:
Quando o profissional e
o pessoal podem sentar na mesma mesa do jantar?
Um pouco de coentro, curry,
páprica, chimichurri e a mistura dos temperos na comida pode ser fatalmente
desagradável.
Há quem largue cargos
altos e muito bem pagos para viver uma vida mais calma com o salário mínimo.
Poucos casos, mas a questão é que existem, e independente da probabilidade, há
quem jogue tudo pro alto e de um empresário de multinacional vende discos na
avenida santa cruz com a 10 em um sebo alternativo.
Acho que deu pra entender o
meu ponto, talvez esse post seja um apelo.
O que é mais importante?
Como
podemos realizar o mais lúdico sonho em realidade que financie o pão do dia
diário?
Estamos caminhando nesse modo de vida para sermos independentes ou
autodestrutivos?
Que as perguntas deixem um senso ou contrassenso de indagação,
e permitem a quebra, fusão, ou até mesmo a bancarrota de uma questão tão atual
e sensível ao seu próprio idealismo, influenciado pelo meio, e as lacunas de um
subjetivo vazio pessoal, pela ingratidão do próprio processo mecânico e furtivo
de uma situação imposta, provendo a matéria e sufocando os anseios.
Encarcerando o proletário a comer pelas bordas, e deixar a calda de fora.
Na
metáfora para finalizar pode ser apenas a sua essência se esvaindo pelo ar.
post: Marcelo Ferla
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