Os efeitos da violência psicológica são obstáculos muito duros; para uma mulher que escuta o tempo inteiro que não tem valor, que é xingada, que tem sua aparência física debochada e suas capacidades intelectuais menosprezadas, pode ser muito difícil compreender que a situação da violência não é parte da vida e não deve ser aceita.
Muitas vítimas acabam acreditando que devem suportar as agressões, pois – como o seu agressor lhes diz – nenhuma outra pessoa atribuirá a elas qualquer valor.
“Estou te fazendo um favor”, diz quem violenta. E as feridas criadas por esse tipo de violência são difíceis de cicatrizar.
No entanto, em uma cultura que desvaloriza o conhecimento sobre a mente e os sentimentos humanos, é muito mais comum que se critique as vítimas que possuem a autoestima destruída do que tentar compreender as consequências terríveis dos abusos.
Desde a falta de suporte da família, até a falta de recursos financeiros, muitos elementos se juntam e criam um verdadeiro muro de isolamento.
Como a vítima poderia fugir da situação de violência se os familiares “não se metem” na situação?
Ou se ela não conta com suporte psicológico e nem tem meios imediatos para viver uma vida independente?
Em incontáveis casos, permanecer na relação sofrendo violência é a única alternativa para que aquela mulher continue comendo, vestindo e morando sob um teto – ainda que tudo isso seja controlado com crueldade.
Muitos abusadores usam os filhos como brecha para se aproximarem da vítima e muitas vezes essa única oportunidade acaba com a morte da mulher e até mesmo das crianças.
Na cidade do Crato (CE), por exemplo, a própria delegada já praticou abusos verbais contra as mulheres que procuravam ajuda.
De fato, mesmo as vítimas que procuram ajuda acabam sem informações, sem ajuda e sem qualquer segurança de que serão protegidas, sem contar com o medo de despertar a ira do agressor.
Por trás de cada mulher que “perdoa” o homem que a violenta e insiste no relacionamento, há toda uma sociedade ensinando que mulheres devem tolerar o comportamento agressivo dos homens e que se elas se dedicarem, esses mesmos homens podem mudar.
Há negligência, falta de informações e falta de suporte real por parte de amigos e familiares. Por trás de cada vítima que continua com seu agressor, há uma mente destroçada e falta de autonomia.
Não adianta apontar o dedo na cara da vítima, mas continuar a se calar diante do machismo no dia-a-dia; afinal, é ele que está por trás de todo esse quadro de violência contra mulheres.
Olá Marcelo, gostei muito da postagem, aliás à pouco tempo vivenciava essa situação com minha mãe e lutei para convencer a procurar a justiça. Concordo com o que disse, a justiça realmente demora, minha medida protetiva não saiu e já fiz o pedido à 7 meses, mas o mais difícil é se desligar do agressor e entender que você é muito mais do que aquela pessoa diz! A agredida querendo ou não é olhada como culpada ou merecedora da agressão, afinal ela "permitiu",quando a agredida tem filhos e é dependente financeiramente a situação é ainda pior. Mas o que eu tenho para dizer com essa experiência é que não deixem de denunciar e ir até o fim, afinal o agressor em momento algum terá pena de você!
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