O calvário das viúvas da
ocupação.
Após
a liberação dos territórios ocupados pelos alemães dos países europeus,
milhares de mulheres que tinham relacionamentos com soldados alemães foram
expostas a execuções humilhantes e brutais nas mãos de seus próprios
concidadãos. Era a "Épuration Légale" ("purga legal"), a
onda de julgamentos oficiais que se seguiu à liberação da França e da queda do
Regime de Vichy. Estes julgamentos foram realizados em grande parte entre 1944
e 1949, com ações legais que perduraram por décadas depois.
Ao
contrário dos Julgamentos de Nuremberg, a "Épuration Légale" foi
conduzida como um assunto interno francês. Aproximadamente 300.000 casos foram
investigados, alcançando os mais altos níveis do governo colaboracionista de
Vichy. Mais da metade foram encerrados sem acusação. De 1944 a 1951, os tribunais
oficiais na França condenaram 6.763 pessoas à morte por traição e outros
crimes. Apenas 791 execuções foram efetivamente realizadas. No entanto, 49.723
pessoas foram condenadas a "degradação nacional", que consistia na
perda total de direitos civis.
A
campanha para identificar e massacrar os colaboracionistas do regime alemão
puniu cerca de 30.000 mulheres com humilhação pública, por suspeita de que
tiveram ligações ou porque eram prostitutas e se relacionaram com os alemães.
Algumas vezes, a coisa toda não passava de briga de vizinhas -uma denunciando a
outra como acerto de contas pessoais- ou então uma denúncia vazia de
participantes realmente ativos, que dessa forma tentavam salvar sua pele
desviando a atenção de sua cooperação com as autoridades da ocupação.
O
caso é que muitas coitadas que tiveram algum tipo de relacionamento com os
soldados e oficiais alemães não tinham culpa, o que elas iriam fazer? Elas eram
reféns de um estado ocupado. Mas a ira e a necessidade de encontrar bruxas para
caçar não permitia o razoamento, se houvesse um indício qualquer, a coitada
tinha sua cabeça raspada e era exposta em público como desgraça da nação.
Muitas vezes só raspar a cabeça não bastava, eram despidas, abusadas,
desenhavam a suástica nos seus rostos, ou queimavam a marca com ferro em brasa
na testa.
Estas
mulheres foram reconhecidas como "nacionalmente indignas" e sofreram,
além da degradante humilhação em público, penas de seis meses a um ano de
prisão, seguida da perda total de direitos civis por mais um ano, quando ainda
eram violentadas e insultadas nas ruas. Muitas não suportaram a vergonha
daquela situação e sucumbiram cometendo suicídio.
Nisso
tudo há ainda um aspecto que permaneceu vergonhosamente nas sombras por
décadas: as crianças nascidas de soldados alemães. De acordo com várias
estimativas, nasceram ao menos 200 mil dos chamados "filhos da
ocupação", mas estes sofreram menos que as mães, quando o governo
limitou-se a proibir nomes alemães e o estudo da língua alemã. Entretanto não
foram poucos os casos de "filhos da ocupação" que sofreram algum tipo
de ataque e segregação.
A
perseguição não se limitou a França, quase todos os países do bloco europeu de
aliados fizeram o mesmo. Na Noruega, cinco mil moças que deram à luz filhos de
alemães, foram condenadas a um ano e meio de trabalho forçado. Quase todas as
crianças foram declararas pelo governo como deficientes mentais e enviadas para
uma casa para retardados, onde foram mantidas até os anos 60.
Infelizmente
não é tudo, a União Norueguesa para as Crianças da Guerra depois declarou que a
"desova nazista", como chamavam estas crianças, foi usada
indiscriminadamente para testar medicamentos não aprovados. Somente em 2005, o
parlamento norueguês publicou um pedido formal de desculpas a essas vítimas
inocentes e aprovou a compensação para as experiências no valor de 3 milhões de
euros. Este valor pode aumentar se a vítima fornecer provas documentais de que
tenha sofrido algum tipo de discriminação racial diante do ódio, medo e
desconfiança por causa de sua origem.
p.s - muitas pessoas que se defrontam com os acontecimentos da II Grande Guerra, cometem o erro, comum ao assunto guerra, de achar que as grandes atrocidades só eram exercidas pelos "bandidos" do confronto. Atento para vocês que estas imagens, TODAS ELAS, são de FRANCESES E NORUEGUESES e não de Alemães.
Jamais defenderia o que a Alemanha fez na II Grande Guerra, mas saibam que as atrocidades não foram efetuadas somente por eles, aos interessados, os países aliados, cometeram atos em campo de batalha e após este, tão atroces quanto os alemães durante a guerra, eis o exemplo de um deles.
Marcelo Ferla
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